23/08/2024
Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)
“O conhecimento produzido na academia deve apoiar o conhecimento construído nas favelas e periferias, em uma perspectiva coletiva e de transformação. Esse é o nosso campo, defender uma perspectiva de sociedade construída com a coletividade”, afirmou Leonídio Santos, coordenador geral da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, em seu discurso de recebimento do conjunto de medalhas de mérito Pedro Ernesto, no último sábado (10). A homenagem é considerada a maior honraria concedida pelo município do Rio de Janeiro às pessoas e instituições que contribuem de forma significativa para o bem-estar da sociedade brasileira ou internacional.
* Foto: Rodrigo Dutra (Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento)
A solenidade ocorreu no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), juntamente à entrega de moções a educadoras e educadores de pré-vestibulares populares e comunitários que integram o Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Estado do Rio de Janeiro, apoiado pela Fiocruz. Para recebimento das medalhas, a indicação do nome de Leonídio Santos foi aprovada pela deliberação do Plenário da Câmara dos Vereadores.
* Foto: Rodrigo Dutra (Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento)
Em seu discurso, Leonídio Santos enfatizou a importância de ações cidadãs orientadas por uma perspectiva de sociedade construída em coletividade, junto às organizações populares. “Na Fiocruz, no lugar que eu ocupo, que é a Coordenação de Cooperação Social, temos o entendimento de adotar metodologias de construção compartilhada de conhecimento e pesquisa-ação para reforçar os movimentos sociais na sua autonomia na perspectiva de transformação social”, explicou.
“Conseguimos encontrar um campo de atuação que permite construir isso. Entendemos a saúde no seu conceito ampliado, não é só ausência de doença. A Organização Mundial da Saúde vem orientando há várias décadas, mas no Brasil é difícil trabalhar essa dimensão”, comentou.
O homenageado também ressaltou a importância de o Estado pensar e lidar com as questões de saúde da população de forma intersetorial e interseccional, com uma abordagem que inclua as condições de vida e de trabalho. “Especificamente na Cooperação Social, o campo em que buscamos trabalhar na saúde é a Promoção da Saúde - que se soma à Assistência na recuperação da saúde de quem está adoecido e à Prevenção -, mas falamos a partir de outro campo que dialoga com a determinação social da saúde. Nós identificamos, a partir desse olhar, que a desigualdade social é matriz da grande parte das iniquidades sociais na saúde. Não adianta atuarmos nas caixinhas se não olharmos para essa perspectiva da desigualdade social”, argumentou Leonídio.
* Foto: Rodrigo Dutra (Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento)
Nascido em uma aldeia portuguesa, Leonídio Santos relembrou suas raízes familiares. Em sua fala, afirmou a importância dos valores de solidariedade e respeito à diversidade aprendidos em casa como força que o impulsionou ao trabalho cidadão. “É uma honra enorme estar recebendo essa medalha. Fruto, como já foi dito, de um processo que eu reconheço meu lugar, meu lugar de classe, filho de uma camponesa e um mecânico”.
Concluindo seu discurso, ressaltou mais uma vez a perspectiva do trabalho conjunto para transformação social. “Entendo que agora estando nesse lugar, recebendo a medalha, eu vou continuar somando para a grande tarefa que é esse processo de transformar a sociedade”, afirmou ele.
* Foto: Rodrigo Dutra (Projeto Tecendo Diálogos e Produzindo Conhecimento)
SOBRE A COOPERAÇÃO SOCIAL
A Coordenação de Cooperação Social (CCSP) atua a partir do arcabouço teórico e conceitual da promoção da saúde, da Estratégia Fiocruz para Agenda 2030, do Programa Institucional de Territórios Saudáveis e Sustentáveis, das teses e diretrizes do IX Congresso Interno e em alinhamento com os temas prioritários da atual gestão do Ministério da Saúde e da Presidência da Fiocruz.
A CCSP adota metodologias participativas e territorializadas no campo da pesquisa e da educação com finalidade de reforçar e ampliar as capacidades das populações vulnerabilizadas de análise, mobilização, proposição e controle social de políticas públicas e de defesa do SUS. Para alcançar esse objetivo, articula-se em redes com Unidades Técnico-Científicas da Fiocruz – denominadas plataformas colaborativas - e estimula a construção de redes sociotécnicas com organizações de base sociocomunitária e movimentos sociais.