26/07/2024
Ísis Breves (CFMA)
Em um contexto de fortalecimento da agricultura familiar, agricultura urbana e agroecológica, o Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA) reuniu os participantes do Projeto ARÁ para celebrar o encerramento do projeto com um seminário de avaliação. Na ocasião foram apresentadas perspectivas e desafios da execução do projeto, além das principais entregas realizadas. A iniciativa faz parte do projeto Desenvolvimento sustentável e promoção da saúde em populações vulnerabilizadas de agricultura familiar e de povos e comunidades tradicionais rurais e urbanas no contexto da Covid-19, coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) e realizada de forma integrada com a FMA, o Fórum Itaboraí/Fiocruz Petrópolis e o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS - Paraty/Angra/Ubatuba), em parceria com diversas organizações e comunidades. Em 25 de julho comemora-se o Dia Mundial da Agricultura Familiar.
O coletivo se reuniu mensalmente para, de forma deliberativa, pensar a gestão compartilhada do projeto, o uso dos recursos públicos e a definição de ações prioritárias (Foto: CFMA)
Ao longo do projeto foram desenvolvidas formações teóricas e prática e apoio direto às unidades produtivas e coletivos territoriais envolvendo parcerias estratégicas que contaram com representantes da Rede Carioca de Agricultura Urbana(Rede CAU), AS-PTA, Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa (Capina), Embrapa Agrobiologia, Fundação Angélica Goulart (FAG), Associação de Moradores de Vargem Grande (Amavag), Associação de Agricultores de Vargem Grande (Agrovargem), Associação dos Agricultores da Feira Agroecológica de Campo Grande, Processadores de Alimentos, Artesãos e Amigos (Aafa), Associação Cultural Quilombo do Camorim (Acuca) e Associação de Agricultores Orgânicos da Pedra Branca (Agroprata). O objetivo foi fortalecer as práticas de agricultura da cidade, conectando dimensões da produção agroecológica, com a promoção de bancos comunitários de sementes e tecnologias sociais, aperfeiçoamento da gestão, das boas práticas de manipulação e armazenagem e o fortalecimento da viabilidade econômica e da gestão democrática das iniciativas econômicas buscando a sustentabilidade e ampliando as articulações em rede e o acesso a políticas públicas.
Esse apoio se deu por meio da distribuição de ferramentas e mudas, a instalação de tecnologias sociais para tratamento de água e esgoto, composteiras, apoio a espaços de comercialização em feiras orgânicas e agroecológicas, organização de grupos territorializados de certificação orgânica participativa de produção vegetal e processamento de alimentos e adequações sociotécnicas em associações de agricultura na perspectiva de fortalecer a produção e a guarda coletiva de sementes. Houve destaque ainda para as adequações sociotécnicas na Amavag, Casarão Agroecológico e Agroprata com o fortalecimento dos guardiões e guardiãs e casas familiares de sementes e a instalação da Casa Mãe de Sementes no Horto Escola da Fiocruz Mata Atlântica.
Na abertura do evento, o coordenador do Projeto ARÁ/FMA, Robson Patrocínio, fez uma breve retrospectiva das ações e atividades promovidas nesses três anos de projeto. Ele disse que "o grande diferencial nesse processo foi a construção coletiva desde a concepção do projeto, a criação do coletivo de gestão, formado por técnicos do projeto e representantes das vertentes. O coletivo se reuniu mensalmente para, de forma deliberativa, pensar a gestão compartilhada do projeto, o uso dos recursos públicos e a definição de ações prioritárias. Os encontros promoveram a construção de laços de solidariedade e entendimento sobre as realidades de cada uma das vertentes. A participação da juventude dos territórios que estabelecem conexões importantes das ações do Ará com a FMA identificando gargalos, demandas e potenciais e produziu articulações entre as vertentes".
"O ARÁ CFMA se propôs a pensar suas formas de fazer, dialogar e executar em contato constante com os territórios, suas realidades e necessidades concretas. Esse processo foi materializado a partir da formação de um coletivo de gestão", acrescentou Diogo Maneschy. Um destaque pontuado pelo coletivo foi a participação dos agricultores do território da Floresta da Pedra Branca no Sistema Participativo de Garantia (SPG) da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU), o qual foi criado em 2013, para inicialmente garantir a certificação participativa da produção da região. Porém, com a parceria do Projeto ARÁ com a Rede CAU, AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e a Associação de Agricultores Biológicos do Estado Rio Janeiro (Abio) o processo de certificação foi mais efetivo e potente devido à territorialização dos grupos do SPG/Abio dos territórios da Floresta da Pedra Branca.
Em Vargem Grande, a organização comunitária e o diálogo com o coletivo de gestão viabilizaram o processo de construção da Cozinha Comunitária da Amavag. A cozinha busca promover a geração de renda a partir do aproveitamento do excedente de produção da agricultura do território. A cozinha leva o nome da mulher agricultora Zilda Telles, que teve um papel fundamental no acolhimento de mulheres da região. Para concluir, a vertente Colônia, por meio do coletivo de Quintais Produtivos da Colônia, trouxe como diferencial a certificação dos quintais, o SPG/Abio, e o tratamento da água por meio da implementação de tecnologias sociais que tratam a água de forma não convencional. O Projeto ARÁ potencializou a agricultura familiar da Zona Oeste do Rio, que conecta com outras experiências de agroecologia a partir da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (Aarj) e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), apoiando uma infinidade de possibilidades que dialogam com a soberania e segurança alimentar e nutricional, promoção da saúde, agroecologia, economia solidária e agricultura urbana, desenvolvimento de tecnologias sociais para tratamento da água e de resíduos sólidos.