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Projeto usa tecnologia social para reduzir desigualdades em saúde na América Latina


12/06/2024

Aline Ricly e Luiz Pistone (Fórum Itaboraí/ Fiocruz em Petrópolis)

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O Fórum Itaboraí (Fiocruz em Petrópolis) sediou, entre os dias 3 e 7 de junho, a primeira etapa do Projeto Multicêntrico, uma iniciativa que objetiva a aplicação da tecnologia social para reduzir desigualdades sociais como determinante das iniquidades em saúde em territórios vulneráveis da América Latina. Representantes de cinco países participaram do treinamento, sendo Argentina, El Salvador, México e Paraguai, de forma presencial, e Colômbia, on-line.

Esta primeira etapa do Projeto Multicêntrico incluiu a fase de apresentação teórica sobre conceitos como Determinação Social da Saúde, desigualdades sociais e iniquidades em Saúde, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 e Atenção primária em Saúde e intersetorialidade. Também foram apresentados os conceitos e ferramentas de Tecnologia social, como Diagnóstico Rápido Participativo e Cartografia Participativa.

A segunda fase do treinamento englobou a visita prática, com aplicação das ferramentas no Alto Independência, um dos territórios vulneráveis de Petrópolis. Participaram das ações, integrantes da equipe do Fórum Itaboraí, dos Institutos de Saúde Pública e pesquisa da América Latina, da Estratégia de Saúde da Família e do Centro de Referência da Assistência Social do município.

A última fase desta primeira etapa contou com a avaliação e debate das visitas realizadas, além da apresentação dos territórios nos países onde devem ser implementadas as metodologias de Tecnologia Social: Argentina, El Salvador, México e Paraguai. O próximo passo do Projeto Multicêntrico será a visita de integrantes da equipe do Fórum Itaboraí a estes territórios com a finalidade de avaliar o desenvolvimento dos projetos, analisar eventuais dificuldades e desafios e propor, se necessário, ajustes aos procedimentos implementados.

Na visão do diretor do Fórum Itaborai, Felix Rosenberg, a implementação do projeto constitui uma marca histórica para o caminho iniciado com a parceria da Prefeitura de Petrópolis na procura de soluções práticas e concretas para diminuir as grandes desigualdades sociais que caracterizam as adversas condições de saúde de populações social e economicamente fragilizadas. “A iniciativa, que contou com decisivo apoio internacional, superou, na sua primeira etapa, todas as nossas expectativas considerando o extraordinário apoio das instituições e comunidades locais, incluindo a Equipe de Saúde da Familia, CRAS e escolas locais e o entusiasmo e dedicação demonstrados pelos participantes do projeto”.

Representante da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) do Paraguai, Patrícia Lima disse que pôde perceber que a partir do contato com a comunidade e o uso das ferramentas de Tecnologia Social, os moradores reconhecem quais são seus direitos e que devem reivindicá-los e tê-los porque merecem. “Ao realizar e ter a experiência, percebi que não é apenas um diagnóstico que fazemos, mas sim que validamos o conhecimento da comunidade, suas necessidades, participamos do processo em que ela reconhece suas potencialidades e ajudamos a validar esses processos negativos que talvez estejam ocorrendo”, destaca.

Para ela, o DRP e a Cartografia Participativa se mostraram como instrumentos importantes. “Nos destacamos comparando-nos com o Paraguai, [implantar essas metodologias] seria acender uma faísca na comunidade com a qual vamos trabalhar sobre o que está acontecendo, o que podemos fazer a respeito, o que podemos fazer para melhorar a partir do nosso lugar. Espero que possamos replicar pelo menos 10% do que aprendemos aqui no Paraguai”, ressaltou Patrícia.

Projeto Multicêntrico

O Projeto Multicêntrico surgiu a partir de um consenso estabelecido em seminários e reuniões internacionais de Institutos Nacionais de Saúde Pública sobre a necessidade de ação efetiva para reduzir desigualdades sociais e iniquidades em saúde. A ideia foi consolidada durante o Seminário Internacional da Associação Internacional de Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI), realizado em agosto de 2023, em Petrópolis. Na ocasião, estiveram presentes diretores e representantes dos Institutos Nacionais de Saúde de vários países latino-americanos, além de outras organizações internacionais.

Acompanhando as políticas de promoção de saúde da Fiocruz e inspirado na Conferência Mundial sobre Determinantes de Saúde de 2011 e nas declarações da IANPHI, o projeto tomou forma com base na experiência do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, da Fiocruz, que desenvolveu ferramentas de Tecnologia Social para diagnosticar e intervir em territórios com alta fragilidade social em Petrópolis.

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