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InfoGripe: cresce influenza A e VSR no Centro-Sul na chegada do inverno


20/06/2024

João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias)

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Divulgado nesta quinta-feira (20/6), o Boletim InfoGripe da Fiocruz indica um novo aumento nas internações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente por influenza A (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR) no Centro-Sul brasileiro. Em alguns estados dessas regiões que apresentavam queda ou interrupção no crescimento de SRAG, os casos já estão novamente em ascensão. Nas demais regiões do país, o cenário é de estabilidade. Com o início do inverno no hemisfério Sul (20/06 até 22/09) - quando a transmissão de vírus respiratórios se intensifica - os  pesquisadores destacam a importância da vacinação nesse período, tanto da Covid quanto da influenza. Em nível nacional, há sinal de estabilidade nas internações de SRAG nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Referente à Semana Epidemiológica (SE) 24, de 9 a 15 de junho, o estudo tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 17 de junho.

Pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes observa que a retomada do aumento das internações associadas ao vírus influenza A em alguns estados pode estar associado ao período do ano, em que as questões climáticas e ambientais favorecem a transmissão de vírus respiratórios. “Já estávamos esperando o processo de reversão, infelizmente vemos uma retomada desse aumento sem ter de fato havido a reversão. Ou seja, o vírus influenza A estava apresentando desaceleração e voltou a crescer”, destaca Gomes.

Em relação ao VSR, a análise ainda aponta que mesmo com a manutenção do quadro de reversão no número de novos registros da doença nas crianças pequenas, parte do país ainda apresenta crescimento associado a esse vírus no Centro-Sul, especialmente na região Sul do país, além de estados da região Norte. O InfoGripe ressalta que, em função da situação atual do Rio Grande do Sul, os dados das semanas recentes devem ser analisados com cautela em razão de eventuais impactos na capacidade de atendimento e registro eletrônicos de novos casos de SRAG no estado.

Com esse panorama, o pesquisador também faz um alerta para a Covid-19. Apesar do cenário ser de estabilidade em valores relativamente baixos em comparação com o histórico, há alguns poucos estados que tiveram uma leve oscilação recente de casos de Covid. O estado do Ceará  tem registrado um leve aumento do número de internações por Covid-19 em idosos nas últimas semanas. “Não se trata ainda de um aumento sustentado claro,  há um leve indício do  crescimento, mas como já se passaram vários meses desde o último ciclo da Covid, estamos entrando em um período do ano em que o clima pode ser um ingrediente favorável para a transmissão do vírus’, afirma Gomes.

Diante desse quadro, a pesquisadora do Infogripe/Procc/Fiocruz Tatiana Portella reforça a importância da vacinação e do uso de boas máscaras (PFF2, N95, KN95) caso haja sintomas e em visitas a unidades de saúde. “Principalmente dentro dos grupos prioritários, como crianças, idosos e pessoas com comorbidades, a vacinação é fundamental. São recomendações simples, mas que são muito importantes para controlar a disseminação desses vírus e proteger a saúde de toda a população”, completa Portella.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (22,6%), influenza B (0,6%), vírus sincicial respiratório (51,0%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (5,2%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (46,0%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (22,6%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (22,9%).

Estados e capitais

 

A atualização aponta que 11 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo. Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são exemplos de estados com aumento de SRAG por influenza A, especialmente entre adolescentes, adultos e idosos.

Em contraste com outros estados do país, Acre, Amazonas e Amapá ainda mostram crescimento de internações em crianças por VSR. Entre as capitais, 11 mostram indícios de aumento de SRAG: Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).

Resultados positivos para vírus respiratórios e óbitos em 2024

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 78.835 casos de SRAG, sendo 38.361 (48.7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 28.662 (36.4%) negativos, e ao menos 7.398 (9.4%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (22,6%), influenza B (0,6%), vírus sincicial respiratório (51,0%) e SARS-CoV-2/Covid-19 (5,2%).

Em relação aos óbitos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 4.954 óbitos, sendo 2.756 (55.6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.751 (35.3%) negativos, e ao menos 150 (3.0%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (25,5%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (9,0%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (60,5%). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de influenza A (46,0%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (22,6%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (22,9%).

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