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Ensaio Multicruzi e biomarcadores de cura e progressão da doença de Chagas são debatidos na Fiocruz


17/06/2024

Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)

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A Rede Fio-Chagas, ligada ao Programa de Pesquisa Translacional da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), e a iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês) promoveram a reunião Ensaio Multicruzi e biomarcadores de cura e progressão para a doença de Chagas. O encontro, realizado no dia 15 de maio, na sede da Fiocruz no Rio de Janeiro, discutiu os avanços com o imunoensaio Multicruzi e as iniciativas de cooperação internacional voltadas para os estudos sobre essa doença, que atualmente afeta de 5 a 7 milhões de pessoas no mundo. Conforme dados da Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde, desse total apenas 7% têm acesso ao diagnóstico e, menos de 1%, ao tratamento. No Brasil, são afetadas cerca de 1,2 a 4 milhões de pessoas.

Participaram da reunião pesquisadores do Brasil, Argentina, França e de outros países. A mesa de abertura foi composta pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger; pela coordenadora do Fio-Chagas e pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, Constança Britto, mediadora da mesa; e por representantes da vice-presidente da VPPCB/Fiocruz, Wim Degrave; da Fiocruz Bahia, Fred Santos; e do DNDi, Eric Chatelain e Maria Jesus Pinazo – esta com participação virtual.

Krieger abordou pontos relacionados aos testes, certificados pela Anvisa, a produção local de medicamentos e o suporte da Fundação para a doença de Chagas.

Os trabalhos da Fiocruz para atender as demandas de saúde pública, como a pesquisa e a produção de protótipos para ensaios PCR e a aplicação na produção industrial de medicamentos e vacinas, foram comentados por Wim Degrave. Ele destacou iniciativas que envolvem a ciência básica, as capacitações em desenvolvimento tecnológico, ensaios, testes e pesquisas clínicas, e as plataformas tecnológicas. “A rede Fio-Chagas é um exemplo porque busca unir diferentes áreas para encontrar soluções para problemas que temos como a doença de Chagas no Brasil. Essa rede está presente nos centros regionais de pesquisa da Fiocruz. E incentivamos cooperações internacionais, para que possamos fazer avanços reais em diferentes áreas”, informou.


Participantes do encontro no auditório da Vice-Direção de Ensino do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (fotos: Elisandra Galvão)

Já Maria Jesus Pinazo agradeceu à Fiocruz por promover a reunião. Na sua avaliação, o encontro permitiu discutir tecnicamente os resultados obtidos com o ensaio Multicruzi e avaliar a viabilidade de uma eventual transferência de tecnologia para a Fiocruz, que é importante no trabalho regional com a doença de Chagas.

Para Eric Chatelain estar novamente na Fiocruz representou um passo adiante porque permitiu apresentar o trabalho da DNDi com biomarcadores e o progresso no desenvolvimento de um teste que possa avaliar a cura parasitológica em tempo hábil. “Há resultados promissores da utilização do multiplex Multicruzi, desenvolvido em parceria com a empresa InfYnity Biomarkers (França)”, destacou. Ele lembrou que esteve a primeira vez na Fiocruz em 2008, num encontro sobre as descobertas e a triagem diagnóstica para a doenças de Chagas. “Agora estamos debatendo os biomarcadores e como definir a cura para a enfermidade”.

A falta de biomarcadores de cura parasitolóliga é um dos principais desafios para o desenvolvimento de novos medicamentos antiparasitários relacionados com os resultados do tratamento clínico. Além de poder ser usado na etapa de registro de novos medicamentos. Esse será o papel primordial do ensaio Multicruzi e é o tema de debate de Chatelain e seus colegas de pesquisa.  

Ao longo do dia foram abordados outros temas como o desenvolvimento de biomarcadores para predizer a progressão da doença de chagas crônica. O que é feito por meio de testes ecocardiográficos, imunológicos, metabólicos e genéticos. Esse assunto foi tratado por Roberto Saraiva e Eric Roma, do Instituto Nacional de Infectolologia, e Otácilio Moreira e Rubem Barreto, do IOC. A eficácia dos testes rápidos e de novas tecnologias diagnósticas que usam múltiplos epítopos foi discutida por Fred Santos, da Fiocruz Bahia, e William Pronvence, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde.

Os participantes ressaltaram ainda a evolução dos testes para a doença de Chagas, a expansão do conhecimento clínico nesse campo e a sofisticação no uso de novas tecnologias. Espera-se, portanto, que a cooperação internacional estabelecida entre a Fiocruz, DNDi e InfYnity Biomarkers permita a concretização dos esforços feitos para o controle da doença. Além disso, que, com o uso dos biomarcadores de cura terapêutica – como o Multicruzi e os voltados para predizer as complicações cardíacas e a  evolução clínica dos pacientes –, haja um profundo impacto sobre a qualidade e expectativa de vida das pessoas portadoras da doença de Chagas.

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