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Cedipa: coordenadora destaca ações desenvolvidas na Fiocruz


17/06/2024

Leonardo Azevedo (CCS/Fiocruz)

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A Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa) completou em 2024 o seu primeiro ano de criação, marcado por uma série de eventos, reuniões e debates, com a participação da comunidade Fiocruz e instituições externas. A coordenadora Hilda Gomes, em entrevista para página da Comunicação Interna no Portal, faz um balanço das atividades e dos desafios no enfrentamento ao racismo, capacitismo, machismo, misoginia, xenofobia, LGBTIfobia e diferentes violências de gênero e violações que comprometam o direito à vida.

A Cedipa foi criada com o objetivo de implementar ações que assegurem a efetivação das políticas institucionais da Fundação para equidade, diversidade, inclusão e políticas afirmativas, reconhecendo a pluralidade da instituição como um valor.


Hilda Gomes durante evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Foto: Peter Ilicciev (CCS)

CCS: Como tem sido a atuação e a relação da Cedipa com os comitês e unidades da Fiocruz?

Hilda: A relação com os Comitês e unidades está pautada numa dimensão horizontal e transversal, com escuta e diálogos ativos. Essa atuação se concretiza por um movimento de construção coletiva para o fortalecimento das reflexões, debates e ações efetivas que reconheçam e ampliem a diversidade na instituição. Quando falamos em ampliar a diversidade, estamos nos fundamentando nas evidências dos relatórios divulgados pela Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, que registram a ausência de pessoas negras, pessoas trans e pessoas com deficiência nos cargos de alta gestão da instituição, por exemplo.

Essa pauta é muito importante para a Cedipa e já vinha sendo desenvolvida pelos comitês. A criação da Cedipa reforça o compromisso institucional da Fiocruz para implementar ações que assegurem mais equidade.

Desde a nossa criação, temos sido frequentemente acionadas por unidades e escritórios para apoiar em questões de enfrentamento a desigualdades e de formação para práticas mais equânimes. Todas as ações que vem sendo realizadas pela Cedipa, como participação em reuniões e realização de eventos, tem o objetivo de potencializar a visibilidade sobre esses temas e gerar resultados significativos na instituição.

CCS: Quais as temáticas que mais avançaram dentro do escopo de atuação da Cedipa neste um ano de Coordenação? E quais foram os principais avanços de cada área?

Hilda: Diariamente, chegam muitas demandas de diferentes setores da Fiocruz, com expectativas de resolução e de mudanças na cultura institucional no que diz respeito ao enfrentamento a desigualdades. E temos buscado contribuir pela Cedipa, assim como planejar ações que possam ser mais efetivas para a instituição amplamente. Ao mesmo tempo, estamos nos estruturando, construindo nossa equipe para atender a complexidade dos nossos desafios na Fiocruz.

Um exemplo importante de avanço e que está na constituição da nossa equipe foi a contratação pela Cedipa da Bárbara Aires, uma pessoa travesti, e de Leonardo Oliveira, uma pessoa com deficiência, cega.  A presença dela e dele na Fiocruz gera estranhamentos no cotidiano de trabalho, e é, ao mesmo tempo, um ato educativo e político, visibilizando a diversidade de corporeidades num ambiente laboral. Além disso, a experiência dela e dele no enfrentamento à transfobia e ao capacitismo constroem na Cedipa conhecimentos necessários para a gestão de pessoas e de novas rotinas de trabalho.

Esperamos, com isso, seguir avançando numa agenda na Fiocruz pela empregabilidade da pessoa trans, da pessoa com deficiência, de pessoas negras, fomentando a representatividade com equidade como ações rotineiras que garantam o exercício dos direitos humanos e a cidadania.

CCS: Como você avalia a percepção da comunidade Fiocruz em relação ao trabalho da Cedipa? Como tem sido o diálogo e a recepção das pessoas?

Hilda: Em geral, positiva, curiosa, assertiva e com expectativa pela novidade. Os diálogos têm sido diversos, interessantes e muito desafiadores, principalmente diante do pouco tempo de vida da Cedipa, ainda se estruturando.

Houve, em alguns momentos, uma dúvida se a Cedipa e os comitês eram a mesma coisa. E, neste primeiro ano, fizemos movimentos para explicar a complementaridade das instâncias, na construção de uma Fiocruz mais equânime e que valoriza a sua diversidade, reforçando as nossas políticas institucionais nessas pautas.

Temos também realizado visitas às unidades e escritórios para estabelecer conexões e pactuação de metas para o enfrentamento a desigualdades. Não podemos esquecer de que os VII e IX Congressos Internos já apontam metas e diretrizes que se articulam aos objetivos da Cedipa, além de termos nossas políticas pela acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência, assim como pela equidade étnico-racial e de gênero. Estamos no momento ideal para monitorar esses desdobramentos, avaliar pontos positivos e analisar o que ainda não conseguiu ser colocado em prática.

A participação nas mesas de abertura do ano letivo em aulas inaugurais também é um momento importante de congraçamento e apresentação da Cedipa, que se coloca à disposição para a construção de planos de ação.

CCS: Avançar nos campos da acessibilidade, inclusão, diversidade, gênero e políticas afirmativas ainda é um grande desafio. Quais os principais entraves atualmente na Fiocruz?

Hilda: Estamos analisando várias perspectivas para implementação de mudanças na Fiocruz e, certamente, um desafio é mobilizar as pessoas para novas práticas. As mudanças passam primeiro pelo aspecto atitudinal, ou seja, de se construir uma conscientização entre as pessoas que fazem a Fiocruz sobre a importância de rever atitudes excludentes, discriminatórias, violentas e desrespeitosas. Essa é a mudança mais difícil, pois implica na mudança de mentalidades e cultura organizacional. Seguimos confiantes no trabalho que estamos desenvolvendo, no processo em construção e que, como sempre destacamos, se tratam de elaborações coletivas.

CCS: O que a comunidade Fiocruz pode esperar da Cedipa? Quais as principais ações e iniciativas planejadas para os próximos meses?

Hilda: Certamente, pode esperar uma instância comprometida com a construção de uma instituição pela equidade e valorização da diversidade, que busque concretizar a garantia de espaços mais acolhedores e inclusivos para as pessoas, sejam elas trabalhadoras, discentes, usuárias dos nossos serviços. Para isso, a Cedipa tem conciliado em seu planejamento ações voltadas para estruturação e sustentabilidade em si da Coordenação, assim como de escuta à comunidade Fiocruz para definição da nossa agenda de trabalho. E, nesse sentido, nos estruturamos na Cedipa a partir de eixos estratégicos, que são: enfrentamento às desigualdades de gênero; enfrentamento às desigualdades étnico-raciais; enfrentamento ao capacitismo; e agenda institucional.

Seguiremos realizando ações de formação e articulação e, neste momento, também temos priorizado iniciativas de normatização na Fiocruz, formulando diretrizes para orientar práticas alinhadas com a equidade e a diversidade, em diferentes áreas da instituição. 

CCS: A atuação da Cedipa é apenas para o público interno? Como é a relação com o público externo?

Hilda: As dimensões da atuação da Cedipa são: administrativa, articuladora, normativa e formadora. E todas, de algum modo, envolvem relações com os públicos interno e externo.

Já fizemos formação conceitual nos campos de gênero e relações étnico-raciais para instituições como o Into [Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia], Petrobrás e um centro municipal de saúde do Rio de Janeiro, assim como realizamos palestras e oficinas em instituições parcerias, como o Instituto Benjamin Constant e a AFAC [Associação Fluminense de Amparo aos Cegos], na contribuição de debate sobre capacitismo.

Estamos elaborando ações educativas internas que, em breve, serão divulgadas.

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