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Rede PMA realiza 2ª Reunião Geral de Equidade com Diversidade


24/05/2024

Comunicação VPPCB / ENSP

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A equipe do Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde (PMA), ligado à Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), promoveu a 2ª Reunião Geral da Rede Equidade com Diversidade, entre os dias 9 e 11 de abril, no Rio de Janeiro. A iniciativa fomenta pesquisas coordenadas por servidores da Fiocruz para potencializar a produção de conhecimento científico, o desenvolvimento de tecnologias sociais e a criação de soluções inovadoras.

A pesquisadora da ENSP e coordenadora do PMA, Isabela Santos, explica que os três dias de evento foram destinados à apresentação dos 30 projetos apoiados pelo edital de 2023 e à promoção de debates sobre os temas dos estudos. Ela conta que o PMA busca ampliar e aperfeiçoar questões de saúde coletiva a partir do fomento de pesquisas e da troca de saberes entre profissionais de saúde, gestores, pesquisadores e usuários do sistema de saúde.

"Pra gente é fundamental que sejam olhadas todas as matrizes de opressão, que atrapalham que o SUS seja universal, que seja de fato integral e com todas as diferenças de problemas que levam os acessos em ambientes de saúde. Isso faz a gente ter um olhar e uma diversidade de gênero, raça, povos, cultura e locais de moradia. Quando olharem a imagem das pessoas que estão nesses projetos vão perceber que é uma ação científica que tem pessoas muito diferentes do que estão acostumados em eventos tradicionais", afirmou.

Segundo a coordenadora, o PMA fomenta pesquisas aplicadas de intervenção, para isso, incentiva projetos de implementação dos resultados encontrados nos estudos. Isabela ressalta que a atuação em rede parte do pressuposto de que é imprescindível fazer a translação do conhecimento para potencializar o uso dos resultados por quem interessa.Ela explica que a pesquisa é pensada em conjunto com as pessoas que serão impactadas pelos resultados, a partir da pergunta científica inicial que guia o projeto.


Os projetos se desenvolvem nas áreas de Epidemiologia, Ciências Humanas e Saúde, Gestão de Saúde, e Planejamento e Políticas Públicas de Saúde. Entre as pesquisas apresentadas, quatro são desenvolvidas por pesquisadoras da ENSP: o projeto sobre pessoas com deficiência em territórios vulnerabilizados, de Laís Silveira Costa; o estudo sobre o fortalecimento do monitoramento e avaliação como estratégia de aprimoramento de ações na Atenção Primária, coordenado por Marly Marques Cruz; a pesquisa sobre as vulnerabilizações e desigualdades em relação a mulheres negras e espaços de exclusão em perspectiva interseccional, de Roberta Gondim de Oliveira; e o projeto sobre as boas práticas Profissionais de Saúde integral e da população LGBTQIAPN+, de Fátima Cecchetto, que está lotada no IOC, mas também atua na ENSP.

"Então, a gente busca fazer esse trabalho de desconstruir esse distanciamento, de modo que a gente possa produzir ciência com a população, que é quem vive, convive no dia a dia com todas as situações e é para onde essas políticas que vão ser construídas vão ser destinadas. Nada mais coerente do que ouvir diretamente a demanda pelas políticas e construir essas políticas em parceria com essas pessoas. Aqui, nessa reunião do PMA, agente faz isso e tendo oportunidade de conviver com um processo diferenciado, que é um processo que ela já parte", garantiu Gabriel Lima Simões, coordenador da Cooperação Social e do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência.

Os dias de evento também resultaram na determinação de decisões pactuadas importantes para a Rede PMA. Entre elas, o esforço de cada grupo de pesquisa e também da gestão no sentido de incorporar ainda mais avanços no quesito diversidade. Outra decisão em consenso, foi identificar, a partir do letramento racial, como as formas de manutenção de privilégios se mantêm na sua produção. Assim, as pesquisas podem usar tal conhecimento para combater as iniquidades no SUS e na saúde.

"Acho que a produção do conhecimento é feita da possibilidade de diálogo entre os distintos saberes. E um momento em que você tem um encontro como esse, uma reunião em que você pode reunir pesquisadores, é que fazem parte de uma instituição que está alocada em várias regiões do nosso país. A gente consegue efetivamente estabelecer um diálogo, que traz, nesse sentido, uma perspectiva de visões distintas, de perspectivas culturais distintas, de pessoas distintas. Então é falar de rede, é falar do encontro e dos desencontros. Estabelecidos entre as diferenças", disse Diana Anunciação Santos, professora adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

O primeiro dia começou com um debate sobre o enfrentamento do capacitismo na ciência com Gabriel Lima Simões, analista de gestão da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz. Houve também uma palestra sobre interseccionalidade, ministrada pela professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Diana Anunciação Santos.

O debate sobre interseccionalidade é de suma importância para a prática acadêmica, pois, ao passo em que as diferentes formas de opressão se sobrepõem e se tornam mais complexas, o acesso aos serviços de assistência fica mais difícil e os resultados do sistema de saúde mais iníquos. 

No segundo dia, a coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fiocruz (Cedipa/Fiocruz), Hilda Gomes, apresentou possíveis parcerias entre as pesquisas e a Coordenação. Em seguida, Ionara Magalhães de Souza, professora da UFRB e pesquisadora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), falou sobre políticas afirmativas e estudos sobre a branquitude, que opera para manter seus privilégios e se torna uma forma de opressão sobre as populações mais vulnerabilizadas. Já no terceiro dia, a pesquisadora Luciana Lindemeyer, do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, apresentou as ações e perspectivas do comitê. Além dela, também ministrou palestra o gerente do Programa de Hanseníase da Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro, André Luiz da Silva, que foi pós-graduando da ENSP. Ele explicou o conceito do racismo biomédico, que aponta que toda a biomedicina no Brasil é fundada em uma forma de um ‘pensar’ racista. 

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