Cogepe inaugura espaço para gestores

A Cogepe, por meio da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST), lançou na sexta-feira (24/5) uma proposta de trabalho que objetiva acolher os gestores e debater temas relacionados aos desafios da gestão na Fiocruz. “Há muito tempo falávamos de construir esse lugar. Estamos inaugurando na hora certa, com mais maturidade da equipe envolvida e do trabalho a ser realizado. O gestor tem um dia a dia atribulado e acaba não tendo um espaço para ser ouvido. Construiremos este espaço de acordo com as necessidades apresentadas pelos gestores a médio e longo prazo”, disse Luciana Cavanellas, psicóloga e Assessora de Relações Institucionais da CST

O lançamento desse novo espaço aconteceu na sala de treinamento da CST e reuniu cerca de 30 gestores de diferentes unidades da Fiocruz do Rio de Janeiro e das regionais. “Esse espaço é importante. A saúde do trabalhador se dedica mais ao trabalhador comum, o gestor é visto como o patrão, mas ele também é trabalhador. A gestão é uma atividade solitária. Este espaço é para acolhê-lo enquanto trabalhador e ajudar a pensar a gestão. Os problemas são semelhantes e as soluções, parecidas. Queremos construir um lugar de confiança com encontros regulares e presenciais”, explicou Marisa Augusta Oliveira, coordenadora de Saúde do Trabalhador da Fiocruz.

Trabalho em transformação

“Desligar do trabalho ficou mais difícil”, afirmou o psicólogo Lucas de Oliveira, do Núcleo de Psicologia e Serviço Social (Nupss). Ele se refere às transformações no mundo do trabalho, ocorridas, especialmente, pelo avanço de ferramentas de tecnologia da informação. Mas não é só o desenvolvimento tecnológico que impacta o trabalho hoje em dia. Lucas elenca como fatores adicionais a globalização do mercado e a flexibilização da legislação trabalhista, que fragiliza os contratos. Tais mudanças afetam diretamente a saúde mental.

Lucas apresentou alguns números da Organização Mundial de Saúde (OMS): cerca de 15% dos trabalhadores ocupados são acometidos por transtornos mentais no mundo. No Brasil, esse tipo de enfermidade ocupa a terceira posição em pedidos de afastamento superiores a 15 dias e de aposentadoria por incapacidade permanente. Dos agravos à saúde mental, a depressão se destaca como a principal causa de incapacidade laboral. “O trabalho nunca é neutro em relação à saúde e pode favorecer tanto a doença e o sofrimento quanto a saúde e o prazer. A saúde é a produção de sentido no trabalho”, explicou Lucas.

Para Marta Montenegro, psicóloga do Nupss, não existem respostas prontas no mundo corporativo, e um dos caminhos é o pensar junto com os recursos disponíveis. “Acreditar na potência do coletivo como forma de ampliar as possibilidades de respostas”, destacou Marta ao pontuar que a proposta da CST parte de uma perspectiva de olhar para o trabalho a partir do entendimento que a própria instituição mudou durante o avançar dos anos e esta mudança influencia o trabalho. Marta pontuou algumas especificidades institucionais que afetam a rotina na Fiocruz, como, por exemplo, os diferentes vínculos empregatícios, a expansão acelerada dos campi e a diversidade de processos produtivos.

Para enfrentar tais mudanças, explicou Marta, o Nupss realiza uma série de ações. Além do acolhimento psicológico, o Nupss atua na formação continuada em Saúde Mental e Trabalho, nos exames periódicos e na avaliação funcional em saúde. “Não temos o caminho pronto, mas temos diretrizes”, falou. Uma das ações realizadas recentemente para os gestores foi a Mentoria Coletiva sobre Conflito e Cuidado: Desafios da Gestão do Trabalho, promovida em parceria com a Escola Corporativa Fiocruz e concluída em outubro de 2023. A ação integra o Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG) da Fiocruz.

O “Diálogos com Gestores” pretende também ser um espaço de trocas entre gestores e suporte coletivo, articulando gestão, saúde e trabalho. Os encontros acontecerão mensalmente, sempre na última sexta-feira do mês. Para participar, o gestor deve liderar uma equipe de, pelo menos, cinco pessoas. A equipe da CST ressalta que este é um espaço de suporte e confiança, portanto, ocorrerá prioritariamente de forma presencial e convoca aos gestores e gestoras a priorizarem esta agenda, como forma de autocuidado.