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Projeto Memória Viva inicia produção de painel em homenagem a vítimas da Covid-19


11/04/2024

David Barbosa (CCS)

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Um manifesto contra o esquecimento. Assim a pesquisadora Marcia Lenzi, da Presidência, definiu a primeira oficina do projeto Memória Viva, que homenageará vítimas da Covid-19 em painéis instalados no muro principal do Campus Maré e no conjunto de favelas da Maré. Iniciados na última segunda-feira (8/4), os encontros são abertos a todas os trabalhadores, bolsistas, estagiários e alunos da Fiocruz que queiram eternizar amigos, colegas e familiares
 

São oito turmas com até 12 participantes para a confecção dos painéis (Foto: Peter Ilicciev/CCS)

A iniciativa prevê a confecção de dois painéis de 150m², com cerca de 6.500 azulejos cada. As peças serão produzidas pela comunidade Fiocruz e por moradores da Maré. Nesta semana, tiveram início as turmas do Campus Maré, que participam de encontros semanais na sala 1.007 do Prédio-Sede, às segundas ou quartas-feiras, em dois horários: pela manhã e no intervalo do almoço. No dia 22, começam as oficinas no Campus Manguinhos, na Estação Asfoc-SN, também às segundas ou quartas, em dois horários. As inscrições para todas as turmas ainda podem ser feitas pelo formulário on-line

inscrito na Turma B, Gabriel Simões, da Coordenação de Cooperação Social, chegou ao primeiro encontro com a intenção de fazer uma homenagem geral a todas as vítimas da Covid-19. Saiu reflexivo após produzir seu primeiro azulejo. “Quando a gente senta para fazer o desenho e vê os trabalhos que estão sendo feitos, passa um filme na cabeça. Entendemos como é diferenciado pensar Covid de modo geral e Covid no território de favelas”, conta. “No azulejo, fiz uma associação com o nome da Maré. Veio como a repetição de uma onda: ‘amar é... A Maré...’. É um trabalho de amor. Vou passar a semana ‘digerindo’.” 

Para produzir os azulejos, são utilizados hidrocores, pincéis e tintas especiais, que não mancham as roupas. Os participantes podem desenhar, escrever mensagens, registrar os nomes de pessoas queridas ou o que mais desejarem. Mais tarde, as peças são levadas para a “queima” em um forno de cerâmica, o que garante a estabilidade das cores e desenhos. 

Rememorar as perdas não é fácil. Alguns se emocionam em silêncio. Outros contam histórias sobre seus homenageados. Os elogios e abraços generosos ajudam a criar uma atmosfera de receptividade e empatia. “As oficinas têm sido emocionantes. São espaços de potencial criação de vínculos”, destaca a coordenadora da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, Gabriela Azevedo, responsável pela iniciativa. “Vemos as pessoas deixarem no azulejo uma arte-homenagem que também ficará como resistência às tentativas de apagamento das lutas conjuntas, do esforço da ciência e da necessidade de sempre pensarmos e agirmos em conjunto com a população em prol da equidade em saúde.” 

A coordenadora da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, Gabriela Azevedo, e o servidor Gabriel Simões, da Cooperação Social, confeccionando os azulejos para o painel (Foto: Peter Ilicciev/CCS)

Durante a oficina, os participantes também assistem a uma apresentação sobre o ateliê Azulejaria, parceiro da Fiocruz e da Redes da Maré no projeto, que tem o apoio da Fiotec. “A parceria com a Fiocruz foi fundamental para o combate à doença e a promoção do cuidado na Maré”, ressalta a diretora da Azulejaria, Laura Taves. “Este projeto vem coroar esse esforço e manter a ideia da importância da saúde e da ciência no território. É muito importante olhar para esse espaço com carinho, com cuidado, não só pelo ponto de vista da violência, mas da força de vida e de produção cultural que ele tem”.

 

 A diretora da Azulejaria, Laura Taves, fez uma apresentação sobre o trabalho do ateliê (Foto: Peter Ilicciev/CCS)

Desde 2003, o ateliê produz painéis em diferentes pontos do Rio de Janeiro, como forma de promover o acesso à cidade e incentivar a construção coletiva da arte. Os novos painéis se somarão a outro já instalado na favela Nova Holanda, na Maré, visando reforçar a ligação da Fiocruz com o território e o trabalho conjunto no enfrentamento à pandemia. 

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