23/03/2024
Agência Fiocruz de Notícias
A Presidência da Fiocruz lamenta profundamente o falecimento em Teresópolis, neste sábado (23/3), da bibliotecária Ilma Maria Horsth Noronha, que foi diretora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz). Mineira de nascimento e carioca de paixão, Ilma esteve à frente de projetos de disseminação da informação em C&T em saúde e de implantação de bibliotecas infantis em hospitais. Participou da construção do Sistema Integrado de Informação da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano e da Biblioteca Virtual em Aleitamento Materno. Ilma foi eleita diretora do Icict por dois mandatos consecutivos, cargo que ocupou de 2000 a 2008.
Em 2020, Ilma recebeu uma homenagem do Icict
Em 4 de março deste ano ela foi homenageada pelo Icict com a inauguração de um painel com uma ilustração sua que ocupa a entrada do Pavilhão de Ensino Ilma Noronha, no Campus Maré da Fiocruz. A cerimônia homenageou uma mulher que simbolizou luta, coragem, determinação, lealdade, convicção e esteve à frente de seu tempo como bibliotecária, militante política, sindicalista e incansável lutadora por um mundo melhor, mais inclusivo e mais democrático.
Antes de se graduar em biblioteconomia e documentação, em 1980, Ilma cursou a faculdade de letras. Fez pós-graduação em informação e informática em saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e ingressou na Fundação em 1975. Foi chefe da biblioteca do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN) e do Sindicato dos Bibliotecários do Estado do Rio de Janeiro. Ela foi uma das responsáveis pela criação do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde do Icict e teve papel fundamental nas políticas de acesso aberto à informação científica na Fiocruz.
Ilustração feita para o painel que homenageia Ilma Noronha no Campus Maré da Fiocruz (Arte: Venício Ribeiro/Icict)
Em 2018 Ilma recebeu a 30ª Medalha Chico Mendes de Resistência, ao lado de seu marido, concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais. A honraria homenageia "pessoas, movimentos sociais e entidades que se destacam nas lutas de resistência popular contra a repressão e todas as formas de violência institucionalizada, na defesa dos Direitos Humanos e dos povos". Ela e o marido, Romulo Noronha, militaram na Ação Libertadora Nacional (ALN), se engajaram na luta contra a ditadura militar (1964-1985) e se tornaram presos políticos.
Em março de 2022 foi lançado o documentário Um punhado de bravos, de Sergio Ross, que relata os anos de militância de Ilma e do marido Romulo durante a ditadura militar. Com depoimentos de ambos, o documentário traz a história do casal de militantes da ALN.
Ilma Noronha tinha 73 anos. Ela deixa viúvo, Romulo Noronha, dois filhos e dois netos. O velório será nesta segunda-feira (25/3), às 9h, na capela 7 do Crematório Memorial do Carmo (Rua Monsenhor Gomes 287, no Caju). A cremação será às 12h.