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Pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm doença mais branda


21/02/2024

Fiocruz Bahia

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Uma pesquisa comparou o perfil clínico, a carga parasitária, a positividade de reação em cadeia da polimerase (PCR) e a resposta à terapia em pacientes com leishmaniose cutânea recorrente e leishmaniose cutânea primária. Coordenado pelo pesquisador Edgar Carvalho, da Fiocruz Bahia, o trabalho foi publicado no periódico Open Forum Infectious Diseases.

Os participantes do estudo foram pacientes atendidos no posto de saúde de Corte de Pedra, distrito localizado no município de Tancredo Neves, na Bahia, área endêmica de leishmaniose cutânea. Participaram da análise 61 indivíduos, sendo 41 com leishmaniose cutânea primária e 20 com a recorrente, diagnosticados entre 2020 e 2021, e para os quais foi realizado o exame histopatológico da úlcera cutânea. A leishmaniose cutânea primária foi definida como a que ocorreu em indivíduos pela primeira vez e a recorrente como a que ocorreu em indivíduos que já tiveram a doença, foram curados e se infectaram novamente.

Os pacientes foram tratados com antimoniato de meglumina ou com Anfotericina B convencional. A cura clínica foi definida como cicatrização completa da lesão com recuperação da pele na ausência de bordas elevadas, 90 dias após início do tratamento. Já a falha foi definida pela presença de úlcera ativa ou cicatrização da lesão, mas com bordas elevadas.

A investigação concluiu que os casos recorrentes de leishmaniose cutânea apresentaram maior duração da doença, menos lesões, menor número de parasitas e maior rigidez da lesão em comparação aos pacientes com a leishmaniose cutânea primária, o que provavelmente aconteceu em decorrência da menor carga parasitária. Concluíram ainda que a detecção de DNA de Leishmania por PCR foi muito baixa nos casos recorrentes, enquanto a imunoquímica mostrou alta sensibilidade e deve ser usada para diagnóstico da leishmaniose recorrente causada por L. braziliensis.

Clinicamente, as lesões dos casos recorrentes eram mais superficiais, com bordas menos infiltradas e de menor tamanho. Os resultados indicam que os pacientes com leishmaniose cutânea recorrente têm melhor capacidade de controlar a replicação do parasita, sugerindo que eles desenvolvem uma resposta imune aos antígenos do L. braziliensis que podem inibir a replicação do parasita, resultando em uma doença mais branda e na melhor resposta à terapia.

Esses dados abrem a possibilidade de realizar mais estudos para explicitar os fatores de risco para pessoas desenvolverem leishmaniose cutânea recorrente, incluindo diferenças nas cepas de L. braziliensis, bem como as diferenças na resposta imune local e sistêmica em pacientes com leishmaniose cutânea recorrente.

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