Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Novo episódio do podcast Radar Saúde Favela debate presenças indígenas no Rio Madeira


22/02/2024

Nathalia Mendonça (Cooperação Social da Presidência)

Compartilhar:

Em seu sétimo episódio, o podcast Radar Saúde Favela entrevista Márcia Mura, mulher indígena, do povo Mura, localizado na região do Rio Madeira em Porto Velho, Rondônia. Márcia é educadora, historiadora e coordenadora do Coletivo Mura, que atua com famílias Mura em contextos urbanos e em contextos ribeirinho-extrativistas no Rio Madeira. 

A entrevista aborda as condições de vida vulneráveis dos indígenas em contexto urbano, o movimento de retomada das identidades, as lutas políticas e o diálogo da escola pública com os saberes e história indígena. O episódio é apresentado por Aline Leite que introduz a conversa conduzida por Fábio Araújo, coordenador do Radar Saúde Favela, projeto da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. 

“Quem são os povos indígenas que fazem parte de Rondônia, de Porto Velho, do Rio Madeira e são apagados pela cartografia social?”, o questionamento introduz o relato de Márcia Mura que traz ao público uma outra cartografia, diferente da oficial, onde as presenças indígenas são reconstruídas a partir de um trabalho de recuperação da memória indígena no Rio Madeira.  

Historicamente, a população indígena sofre um apagamento através dos censos que realizam contagem da população nacional. Para enfrentar os processos de invisibilização e apagamento da cultura, o Movimento Indígena realizou uma mobilização que convocou povos nativos do país para a autodeclaração no censo, reforçando a presença e protagonismo desses povos em diversas localidades.  

“A gente fez uma campanha muito grande para que as pessoas pudessem se autodeclarar no IBGE e nós conseguimos dar visibilidade para muitas famílias indígenas que se encontram na cidade. Nós esperamos que, a partir desses novos dados do IBGE, possamos gerar políticas públicas voltadas para indígenas que se encontram na cidade, mas que também se encontram em outros contextos, como ribeirinho e extrativistas”, pontuou Márcia Mura.  

No âmbito das diversas formas de hostilidade vivenciadas por povos indígenas em áreas urbanas, ao ser questionada sobre o que era a cidade, a convidada do episódio relata que “a cidade é um lugar de exclusões, um lugar de muitas disputas, um lugar de indiferença. É um lugar que adoece as pessoas. Eu mesma não consigo mais viver na cidade. A cidade é esse lugar em que as pessoas vivem para trabalhar, quando conseguem um trabalho, muitos vivem em condições de sub-trabalhos e em função de um consumismo. Tudo tem que ser comprado e o espaço da cidade gera relações de individualismo. Cada um por si. A cidade é um espaço que é muito difícil de viver”, declarou. 

A historiadora também destaca a necessidade de mudança desse cenário e reconhecimento das cidades como pluriculturais, do reconhecimento das diversas línguas indígenas e dos diversos fazeres indígenas que se encontram nos territórios, sejam eles urbanos ou não. “A cidade também é um lugar onde estão os órgãos burocráticos, em que a gente precisa estar presente para lutar por nossos direitos, como Ministério Público Federal, Estadual e estâncias [sic] administrativas. A cidade também é um lugar indígena e a nossa presença precisa ser reconhecida. A cidade precisa criar espaços dignos para esses povos indígenas”, afirmou.  

Para ouvir o novo episódio, acesse aqui.  

Sobre o projeto  

O Radar Saúde Favela é um projeto da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz voltado a vigilância popular em saúde nas favelas e periferias dos centros urbanos. O site Radar Saúde Favela, lançado em fevereiro de 2023, reúne as narrativas sobre saúde de moradores, lideranças populares e movimentos sociais. Artigos de opinião, podcast, vídeos e a própria edição da revista (desde agosto de 2020) são alguns dos formatos publicados pelo projeto. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a saúde em seus territórios a qualquer momento para o e-mail: radarsaudefavela@fiocruz.br

Voltar ao topoVoltar