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Carnaval 2024: InfoGripe alerta para aumento de Covid-19 no Norte e cuidado para grupos de risco


08/02/2024

João Pedro Sabadini (Agência Fiocruz de Notícias)

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Divulgado nesta quinta-feira (8/2), o Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra a manutenção do aumento no número de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 em vários estados da região Norte - especialmente no Amazonas e no Tocantins -, além do Mato Grosso, no Centro-Oeste. Às vésperas do Carnaval, os cuidados nesses estados devem ser redobrados, principalmente pela população que faz parte dos grupos de risco. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 5, de 28 de janeiro a 3 de fevereiro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 5 de fevereiro.

A região Norte se destaca na atenção à Covid-19 no país. Amazonas, Pará e Tocantins seguem com um sinal claro de aumento de SRAG por Covid-19, além do Mato Grosso, no Centro-Oeste. Apesar de haver sinal de possível desaceleração do crescimento entre os idosos no Pará, isso não se aplica às crianças e aos jovens adultos, faixas nas quais segue o aumento. Acre e Rondônia também apresentam sinais de crescimento nos casos de SRAG, mas é leve e ainda compatível com oscilação. No agregado nacional, mantém-se o sinal de queda (nas últimas seis semanas) e estabilidade (últimas três semanas).

Pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes chama a atenção para os cuidados no período do Carnaval nesses estados. “A recomendação, especialmente para quem é grupo de risco - pessoas de idade avançada, pessoas que têm alguma imunossupressão - infelizmente, é não brincar o Carnaval esse ano. Fica em casa, curte os desfiles pela TV, escuta pelo rádio, para não correr o risco de acabar se expondo e eventualmente desenvolver um caso grave. Porque o Carnaval, sabemos, é muita gente, é muita aglomeração e isso que é o bacana do Carnaval. Mas isso, infelizmente, traz um risco de infecção muito grande. Mesmo que seja em ambientes abertos, locais abertos, bem arejados, porque é muita gente, então o risco acaba sendo muito significativo. Então a recomendação é que, infelizmente, esse ano, deixe para lá. Mas é aquela coisa: Carnaval tem todo ano, vida a gente tem uma só”.

Gomes também faz recomendações ao restante do país e a todas as faixas etárias. “Está com sintomas de resfriado ou gripe? Repouso, fica em casa. Por quê? Para não expor o restante da população. Pelo mesmo motivo que falamos que o ideal para grupo de risco é que se preserve nesses locais que estão com uma situação mais preocupante em relação à Covid, o mesmo vale para quem está com sintomas de infecção, porque pode estar com Covid. O vírus continua presente, ele tá aí. Então se a gente tá com sintoma de infecção respiratória, a gente pode sim estar com Covid ou pode até estar com uma gripe, pode estar com vírus influenza. Então vamos preservar o restante da população”.

Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e na população a partir de 65 anos de idade. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas são o VSR e o rinovírus. Já a mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19.

Estados e capitais

 

Nesta atualização, sete estados apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.

Nos estados do Norte com sinal de crescimento de SRAG e no Mato Grosso, o aumento se concentra nas faixas etárias da população adulta, com sinal de associação com a Covid-19. No Acre e em Rondônia, o cenário ainda é compatível com oscilação.

Em Goiás, as análises por faixa etária e resultados laboratoriais ainda não permitem uma identificação clara de um vírus em particular, embora se observe ligeiro aumento de casos positivos para Covid-19 entre os idosos.

Entre as capitais, oito apresentam sinal de aumento: Belém (PA), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC).

Em Belém, Cuiabá, Manaus e Palmas, o crescimento pode ser atribuído à Covid-19. Já em João Pessoa, Maceió, Porto Velho e Rio Branco, no entanto, a análise por faixa etária sugere tratar-se apenas de oscilação. Em Belém e Manaus, há sinal de possível desaceleração ou interrupção do crescimento.

Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de: influenza A (7%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório - VSR (9,4%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (67%).

Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (4%), influenza B (0%), VSR (0%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (90,7%).

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 5.639 casos de SRAG, sendo 2.067 (36,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 2.353 (41,7%) negativos, e ao menos 875 (15,5%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, 6,2% são influenza A, 0,4% influenza B, 11% vírus sincicial respiratório (VSR) e 66,1% Sars-CoV-2 (Covid-19).

Referente aos casos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 384 óbitos, sendo 221 (57,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 132 (34,4%) negativos, e ao menos 17 (4,4%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, 5% são influenza A, 0,5% influenza B, 1,8% VSR e 88,2% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 4% Influenza A, 0% Influenza B, 0% VRS e 90,7% Sars-CoV-2 (Covid-19).

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