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Fiocruz Minas aprimora técnica no diagnóstico de esquistossomose

Foto de pesquisadora trabalhando

23/08/2016

Por: Keila Maia (Fiocruz Minas)

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Um dos mais recentes métodos utilizados para o diagnóstico da esquistossomose, o POC-CCA, poderá fornecer resultados mais precisos, graças à introdução de um novo procedimento. Trata-se da liofilização da urina, que consiste em eliminar a parte líquida da urina do paciente, tornando mais evidente a presença de outras substâncias, como os parasitos causadores da doença. A técnica, testada por pesquisadores da Fiocruz Minas e descrita em um artigo publicado recentemente na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases, elimina as possibilidades de resultados falso-negativos, um dos obstáculos enfrentados pelo Programa de Controle da Esquistossomose.

“O falso-negativo ocorre principalmente em regiões onde se predomina uma baixa carga parasitária, isto é, onde a maior parte dos indivíduos apresenta reduzida quantidade do parasito. Nessas localidades, o POC-CCA aponta resultados duvidosos, fazendo com que o paciente infectado deixe de receber o tratamento ou ainda que indivíduos negativos sejam medicados desnecessariamente”, explica Rafaella Fortini Grenfell, do Laboratório de Esquistossomose da Fiocruz Minas.

O POC-CCA,método rápido, fácil e barato, é similar a um exame de farmácia para gravidez. Pinga-se uma gota de urina sob o material de teste e, se aparecer um traço vermelho, significa que há presença do parasito. Com a técnica proposta pelos pesquisadores da Fiocruz Minas, substitui-se a urina simples pela concentrada por meio de um aparelho chamado liofilizador.

O estudo que apontou a eficácia do procedimento foi realizado na comunidade de Estreito de Miralta, zona rural de Montes Claros, norte de Minas, região endêmica e com baixa carga parasitária. Os pesquisadores analisaram 84 amostras, encontrando 49% de resultados duvidosos. Por meio do POC tradicional, apenas 2% de prevalência foi encontrado. Após o procedimento de concentração da urina, o índice subiu para 32%, indo ao encontro de resultados de outros métodos feitos com amostras de fezes.

“Antes da liofilização, eram apenas dois infectados; depois dela, esse número passou para 27. Ou seja, seriam 25 pessoas que não receberiam o tratamento para esquistossomose e, dessa forma, a região nunca deixaria de ser endêmica”, avalia a pesquisadora.

Com a liofilização, foi possível esclarecer outra dúvida. Algumas vezes, ao pingar a urina no POC tradicional, surgia apenas um leve sombreado de traço, deixando o diagnóstico impreciso. Depois da utilização da urina concentrada, essas amostras foram consideradas negativas.

A técnica também se mostrou eficiente no sentido de assegurar que a infecção apontada no POC se trata realmente de esquistossomose. Testada em relação a outros quatro helmintos, só houve reação cruzada para apenas um deles.

“No POC tradicional, às vezes, um resultado positivo pode indicar uma infecção por outro parasito. Com a concentração da urina, reduzimos essas possibilidades”, diz Rafaella.

Durante a pesquisa realizada em Estreito de Miralta, o resultado do exame após a introdução da nova etapa levava cerca de oito horas. Agora, são necessários apenas 50 minutos para liberação do resultado, uma vez que a etapa de concentração da urina foi aperfeiçoada pelo grupo.

A doença
A esquistossomose mansoni é uma doença parasitária, causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, cujas formas adultas habitam as veias do fígado e intestino no ser humano. Pessoas contaminadas possibilitam que outros indivíduos adquiram a doença ao liberar ovos do parasita em suas fezes e urina, quando depositadas em rios, córregos e outros ambientes de água doce ou quando chegam até esses locais pelas enxurradas.

Na água, as larvas – denominadas miracídios – são liberadas e só continuam seus ciclos de vida se alojarem-se em caramujos do gênero Biomphalaria, que têm concha achatada nas laterais e cor marrom acinzentada.

Trata-se de uma doença inicialmente assintomática, que pode evoluir para formas clínicas extremamente graves e levar o paciente à morte.

Leia o artigo na íntegra (versão em inglês).

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