07/03/2025
Katia Machado (IdeiaSUS Fiocruz)
Lutar incansavelmente pelos direitos humanos de mulheres e meninas, desafiando todas as formas de violência, discriminação e exploração, como propõe a ONU Mulheres, é uma tarefa de toda a sociedade. Assim, a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz lança luz a exitosas experiências do SUS, entre as mais de 3.200 práticas registradas em seu ambiente virtual, de acolhimento de mulheres e meninas vítimas de violência.
Uma delas é o Plano Institucional no Contexto das Violências: serviço humanizado no hospital e a rede de cuidados, cujo foco foi a instalação da Sala Lilás em uma unidade hospitalar de Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro. O serviço pioneiro no município oferta atendimento humanizado e especializado a mulheres vítima de violência, bem como de crianças e adolescentes e pessoas LGBTQIA+.
A seu turno, a prática Educação em gênero no SUS e a proteção integral à mulher em situação de violência na atenção primária, implantada no município de Queimadas, cidade localizada no agreste paraibano, é uma demonstração de como enfrentar o triste cenário de violência de gênero, por meio da capacitação dos profissionais das 18 equipes das unidades de Saúde da Família. A qualificação profissional lança mão de técnicas das áreas de serviço social, psicologia e pedagogia.
De Queimadas, surge o Relato de experiência da contribuição do Cras e do GAPM no empoderamento das mulheres em situação de violência doméstica. O trabalho é fruto dos debates de reuniões com mulheres em situação de violência doméstica, pertencentes ao grupo do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), em parceria com a Gerência de Gênero e Proteção da Mulher (GAPM) do município paraibano.
Já a prática Vítimas de violência doméstica, sexual e outras violências: organização do atendimento e da notificação dos casos em Marataízes, no Espírito Santo, retrata como o município reorganizou-se quanto ao atendimento de mulheres violentadas. Marataízes vivia uma realidade de subnotificações de violência doméstica, sexual e outras formas e ausência de um fluxo de atendimento das vítimas deste agravo.
E, A participação da rede no atendimento às vítimas de violência sexual, cujo foco foi a implantação, em março de 2009, do primeiro serviço de referência ao atendimento de violência sexual no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo, é o retrato de um atendimento médico e psicossocial acolhedor e humanizado, estabelecendo relação de confiança e vínculo e garantindo uma atenção integral.
Produzido pela IdeiaSUS e a VideoSaúde Fiocruz, o documentário Sala Lilás, atendimento humanizado no combate às violências, disponível no canal da IdeiaSUS no YouTube e na Fioflix Plataforma de Filmes VideoSaúde, também se destaca nesse contexto. O filme retrata o cotidiano de um serviço do SUS, instalado no Hospital Municipal Victor de Souza Breves (HMVSB), em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro, batizado por Sala Lilás, que vem ressignificando a vida de mulheres vítimas de todas as formas de violência, por meio de um atendimento humanizado e especializado. Ele informa, ensina, inspira e, sobretudo, comove, face a histórias marcantes contadas pelas próprias mulheres atendidas na unidade.
Protagonistas de suas histórias
Práticas voltadas para a promoção da igualdade de gênero, do bem-estar de todas as mulheres e meninas e do empoderamento feminino são, também, realçadas pela IdeiaSUS, a exemplo do projeto Mulheres que Lutam por Direitos. A iniciativa da Associação de Mulheres de Itaguaí Guerreiras e Articuladoras Sociais (AMIGAS), no estado do Rio de Janeiro, busca promover a equidade em saúde entre lideranças da comunidade, contribuindo para o fortalecimento da saúde comunitária e para o avanço dos direitos humanos. O projeto facilita, por meio da capacitação de líderes comunitárias, o acesso a serviços de saúde e práticas saudáveis, atuando em defesa dos direitos das mulheres, influenciando políticas públicas e sensibilizando a sociedade sobre questões de gênero e saúde.
Outro exemplo é a Rede MÃE, iniciativa idealizada pela Cia. Encena, que atende mulheres do Coletivo Filhos nos Braços do Pai, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, oferecendo apoio integral a mulheres mães de vítimas de assassinatos e desaparecimentos forçados. Inclui apoio psicológico, oficinas de teatro, dinâmicas de autocuidado, empreendedorismo feminino e muito mais. Além de acolher e escutar essas mulheres, o projeto busca restaurar sua autoestima e proporcionar ferramentas para que retomem suas vidas e seus laços comunitários. Essas mulheres encontram tanto no coletivo quanto na rede um refúgio e uma oportunidade de reconstruir suas vidas.
Por sua vez, o Favela Dela, como foi batizado projeto desenvolvido pela Associação de Mulheres do Norte e Noroeste Fluminense (AMUNNF), em Campos dos Goytacazes (RJ), que busca promover saúde integral e autonomia de 150 mulheres das favelas Morrinho, Chatuba e Lebret. Por meio de oficinas de autocuidado, maquiagem, design de sobrancelhas e estética, o projeto capacita profissionalmente as participantes. Além de promover a autonomia financeira, a contribui para o fortalecimento da saúde mental das mulheres, a elevação da autoestima e a prevenção da violência doméstica, disseminando conhecimentos sobre saúde feminina e autocuidado, estabelecendo redes de apoio e colaborando com políticas públicas locais para garantir mais sustentabilidade.
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