12/11/2024
Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)
A cerimônia de abertura no Hotel De Ville, em Salvador, teve a presença de representantes da OMS e do Ministério da Saúde (Foto:Dalila Brito - Comunicação/Fiocruz Bahia).
A esquistossomose é uma das doenças parasitárias que afeta 12 países nas Américas, com prevalência na América Latina e países do Caribe, e continua um desafio para a saúde pública. No Brasil, há 95 municípios que são endêmicos, ou seja, onde há focos. Eles se distribuem pelas regiões Nordeste e Norte, e mesmo no Sul e Sudeste. Para o seu combate, é vital reduzir as desigualdades sociais, estar unidos para cuidar e conectados para avançar. Estes três pontos, importantes para o seu combate, foram pontuados na mesa de abertura do XVII Simpósio Internacional sobre Esquistossomose. O encontro, que começou final da tarde desse domingo (10/11), é organizado pela Fiocruz Bahia, a Rede Fio-Schisto e o Programa de Pesquisa Translacional, da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas. A programação vai até esta quarta-feira (13/11).
O tema desta edição é Perspectivas para eliminação da esquistossomose. Parte dos especialistas que falaram na cerimônia de abertura lembrou que a esquistossomose é uma doença socialmente determinada. Por isto, é necessário intensificar esforços para enfrentá-la, melhorar as condições de vida da população e de saneamento nos países afetados.
Apresentações dos grupos Swing do Peló e de capoeira também fizeram parte da programação (Foto:Dalila Brito - Comunicação/Fiocruz Bahia)
Ricardo Riccio, presidente do simpósio, informou que o evento reúne pesquisadores de vários países, profissionais de saúde que trabalharam diretamente com a esquistossomose, agentes de saúde, técnicos de enfermagem e laboratórios, enfermeiros, farmacêuticos, sanitaristas e médicos. Isto reflete a colaboração do Ministério da Saúde com a Secretaria do Estado da Bahia e a Secretária de Saúde do município de Salvador. Entre as novidades da programação científica, ele destacou a mesa redonda dedicada à participação popular no combate às doenças negligenciadas. “O combate à esquistossomose exige, realmente, uma abordagem multifacetada e colaborativa”, concluiu.
Ricardo Briccio, da Fiocruz Bahia, fez a primeira fala da noite (Foto: Elisandra Galvão - VPPCB/Fiocruz)
A mesa de abertura foi composta pela diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), Alda Maria da Cruz; pelo representante da Organização Mundial de Saúde, Amanou Garba; pela diretora da Fiocruz Bahia, Marilda de Souza Gonçalves; por Ricardo Riccio, da Fiocruz Bahia; pelo vice-presidente do simpósio e pesquisador da Fiocruz Bahia, Leonardo Paiva Farias; pela coordenadora adjunta do Programa de Pesquisadora Translacional em Esquistossomose, Roberta Caldeira; pelo coordenador-geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação da SVSA, Ciro Martins Gomes; além de representantes da Sociedade Brasileira de Parasitologia, do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia, do município de Salvador e da Secretaria do Estado da Bahia.
A eliminação da esquistossomose no eixo Sul-Sul
A conferência principal, Perspectivas sobre a eliminação da Esquistossomose, foi ministrada por Alda Maria da Cruz. Ela lembrou que a abordagem do tema é para além da área médica. “A esquistossomose está no roteiro das doenças listadas pela OMS e o Brasil tem, praticamente, todas em alta prevalência. Mas, estamos comprometidos com essa agenda para eliminar a esquistossomose e outras doenças como problema de saúde pública”, disse. Alda também explicou que a esquistossomose afeta, principalmente, populações em vulnerabilidade social, então se fala mais em populações negligenciadas do que em doenças negligenciadas.
"Negligenciadas são as pessoas, não as doenças", avaliou Alda Maria da Cruz, do MS. (Foto: Elisandra Galvão - VPPCB/Fiocruz)
Atualmente, são 200 milhões de pessoas afetadas no mundo e 700 milhões em risco de se tornar doentes. É um problema que atinge principalmente as regiões subtropicais da África, Ásia, Caribe e América do Sul. Isto é, a doença está centrada no eixo Sul-Sul global, onde não há acesso a várias tecnologias de saúde fundamentais para o controle e eliminação. Para Alda, negligenciadas são as pessoas, não as doenças, porque não são ofertadas condições sanitárias básicas, acesso à água potável, além de haver um baixo nível de educação e de acesso aos serviços de saúde.
Como ainda não há a erradicação da esquistossomose, no momento, o conceito trabalhado é o de eliminação sob dois primas. “O primeiro é a eliminação da transmissão, ou seja, a redução para zero de incidência da infecção com o mínimo de risco de reintrodução. É o caso da filariose e da malária causada pelo Plasmodium falciparum. O segundo é a eliminação como problema de saúde pública”, ressaltou Alda. Uma das medidas do Ministério da Saúde nesse sentido é o programa Brasil Saudável. Seu objetivo é ter uma atuação sobre a fome, a pobreza, as iniquidades, a expansão dos direitos humanos e a proteção social. Além de trabalhar a comunicação entre trabalhadores, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.
Homenagens
Manoel Augusto Pirajá da Silva, Zilton de Araújo Andrade, Rodrigo Corrêa-Oliveira e Eridan de Medeiros Coutinho foram os quatro pesquisadores que receberam homenagens e tiveram suas trajetórias rememoradas. O primeiro pela sua atuação no campo das doenças tropicais e a descoberta do Schistosoma mansoni – também conhecida como esquistossomíase mansônica – e os demais por seus estudos sobre a esquistossomose. As placas que os homenageiam serão destinadas a seus familiares e a instituições onde trabalharam, caso de Manoel da Silva.
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