23/10/2024
Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias)
O Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e o Centro Nacional de Bioinformação da China (conhecido como CNCB, na sigla em inglês) assinaram nesta terça-feira (22/10) um memorando de entendimento (MdE) para colaboração nas áreas de Bioinformática e Big Data em Ciências Biológicas. O documento prevê não só parcerias em pesquisa e educação, mas também visando o enfrentamento de desafios nacionais, regionais e globais.
O diretor do CDTS, Carlos Morel (ao centro, de capacete) e o diretor do CNCB, Yun-Gui Yang (à direita) na visita da delegação chinesa ao novo prédio do Centro (Foto: Pedro Linger)
A assinatura formal do documento ocorreu durante a conferência comemorativa de 50 anos de relações Brasil-China, na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro, com o diretor do CNCB, Yun-Gui Yang, e o diretor do CDTS, Carlos Morel, que representou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Marco Krieger. A assinatura foi seguida nesta quarta-feira (23/10) por uma visita ao Campus Manguinhos da Fiocruz da delegação do CNCB, que conheceu as obras do novo prédio do CDTS, o Castelo Mourisco e teve uma reunião de trabalho no Centro de Relações Internacionais em Saúde.
“O professor Yang é o diretor de um dos grandes centros de computação na China e que está inaugurando um centro ainda maior a cem quilômetros de Beijing, que visitei no ano passado”, contou Carlos Morel. “A ideia é usar a infraestrutura deles na área de bioinformática e biociências, em particular no treinamento de jovens, e numa parceria em diversas áreas de bioinformática, particularmente no campo de sequenciamento de genoma de patógenos”, acrescentou.
Intercâmbio de talentos
O CNCB é considerado uma importante infraestrutura de biodados, com instalações de última geração e um hub global nos serviços de big data bioinformática, inovação e empreendedorismo. O acordo abre caminho para o intercâmbio de pesquisadores e estudantes, explorar oportunidades de colaboração em pesquisa e participações em conferências.
“Viemos com o propósito de criar uma colaboração real em projetos relacionados às ciências da vida e medicinal, além do intercâmbio de talentos, como de jovens cientistas e estudantes”, explicou o diretor Yang. “É nosso objetivo que a nova geração dos dois lados conheça uma a outra ao trabalhar, estudar, trocando de lugares. Acredito que será benéfico para os dois lados”.
Quatro campos específicos despertam especial interesse em colaboração: a caracterização de mecanismos de resistência antiviral; fusão de dados clínicos-epidemiológicos-imunológicos-ômicos; terapia genética baseada em nanoestruturas e biologia sintética; e abordagens de aprendizado de máquina para aproveitar dados multiômicos em larga escala, além de outros campos relacionados a estes que possam surgir. Morel destaca duas grandes áreas em que o CDTS tem trabalhado muito: os antivirais; no projeto liderado por Thiago Moreno; e uma série de diagnóstico moderno, liderado por David William Provence em parceria com Salvatore Giovanni De Simone.
“Eles desenvolveram uma tecnologia de diagnóstico bastante moderna, publicada agora há pouco no Vaccines, uma nova abordagem de diagnóstico de Chagas e está na mira também a parte de Covid-19, sífilis, oropouche”, contou Morel. “São duas grandes linhas que dependem fundamentalmente da parte de sequenciamento de genomas de patógenos. Então, o apoio de um grande centro na China, que tem essa tecnologia e dados, compartilhados com a gente, que pode ser uma coisa boa”, acrescentou o diretor do CDTS.
Com duração prevista de cinco anos, o documento prevê a criação de um grupo de trabalho. "A ideia é que o futuro prédio do CDTS possa abrigar os pesquisadores visitantes em seus laboratórios de biossegurança e possa funcionar também como um hub de inovação da Fiocruz", disse o vice-coordenador-geral de Planejamento Estratégico e Gestão do CDTS, Marco Tulio Castro.
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