06/08/2024
Angélica Almeida/Agenda de Saúde e Agroecologia/VPAAPS
A Fiocruz e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promoveram uma formação em agroecologia e biopoder camponês nos últimos 22 a 25 de julho. A atividade reuniu mais de 50 pessoas no Quilombo Santa Justina e Santa Izabel, localizado em Mangaratiba, na Região Sul do Estado do Rio de Janeiro.
O curso é uma ação do projeto “Agroecologia camponesa e promoção da saúde no campo e na cidade”, e abordou práticas de recuperação da saúde do solo, a produção de alimentos saudáveis e a saúde humana. Participaram camponesas e camponeses, quilombolas, assentados da reforma agrária e educadoras e educadores do campo.
Sebastião Pinheiro, professor, autor de várias obras e idealizador do curso, conduziu a formação. A programação contou com reflexões teóricas, com atividades culturais e com oficinas práticas de recuperação do solo, multiplicação de microrganismos eficazes e produção de fertilizantes de base ecológica.
“O curso tem como base metodologias de baixíssimo custo para gerar um alto rendimento das agriculturas camponesas. Isso é muito poderoso porque estimula a autonomia com independência em relação à indústria, aos adubos e a outros insumos químicos”, explica Carolina Coelho integrante do MPA e da equipe técnica do projeto.
A proposta vai além da construção de solos saudáveis, pois reúne as pessoas para a transformação social por meio de relações de cooperação e solidariedade. “Somos um conjunto em ação. O biopoder é construção de tecnologia camponesa e as estruturas devem ser feitas para servir a todo mundo", afirma Sebastião Pinheiro.
As atividades coletivas são “executadas mais rápido, com menos trabalho e com insumos que são daquele território, que nem sempre você tem disponíveis, mas tem na propriedade ao lado”, exemplifica Carolina.
Neste sentido, o solo é entendido enquanto lugar de criação e conservação da vida, dos biomas, dos territórios e das identidades, e de estabelecimento de relações sociais harmoniosas e justas. “Estar em coletivo constrói a resistência camponesa e a preservação sociocultural do território que você está cultivando”, diz Carolina.
Crédito: Coletivo de comunicação do MPA
“Agroecologia camponesa e promoção da saúde no campo e na cidade”
O projeto busca contribuir para o enfrentamento da fome, das emergências climáticas e das desigualdades sociais, explica Danúbia Gardênia da equipe da Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS). Para isso, promove ações de transição agroecológica; abastecimento alimentar popular; e cultura e comunicação em diferentes estados do Brasil.
• No eixo de transição agroecológica, fortalece o trabalho com sementes crioulas, a salvaguarda da biodiversidade, a produção de bioinsumos e o cultivo de plantas medicinais.
• No eixo de abastecimento popular, estimula os circuitos de comercialização, estratégias de geração de renda e a ampliação do acesso a alimentos saudáveis em mercados justos.
• No eixo de cultura e comunicação, promove a arte, a cultura e comunicação populares como dimensões fundamentais para a organização comunitária.
Sobre o Quilombo Santa Justina e Santa Izabel
O local é símbolo da resistência histórica dos povos negros contra a escravização. Possui uma rica biodiversidade e práticas de agricultura que atravessam gerações. Saiba mais no documentário: Quilombo, Luta e Liberdade.
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