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Fiocruz Amazônia apresenta áreas de atuação a embaixadores do Sudeste Asiático 


19/07/2024

Júlio Pedrosa (Fiocruz Amazônia)

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O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) recebeu a visita de sete dos dez embaixadores de países do Sudeste Asiático que integram a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A finalidade da visita foi conhecer a instituição com vistas à prospecção de futura cooperação com a Fiocruz, mais especificamente no tema de doenças tropicais, além de intercâmbios de pesquisadores, tendo em vista as similaridades existentes entre o Brasil e esses países. A comitiva, formada por embaixadores da Tailândia, Filipinas, Malásia, Timor Leste, Myanmar, Indonésia e Vietnã, junto com representante da Embaixada do Camboja, contou com a participação do gerente de Coordenação-Geral de Cooperação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Antonio Junqueira, e a coordenadora responsável no Itamaraty pelas relações entre o Brasil e a Asean, Patrícia Camargo.

A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, observou que a similaridade existente entre o Sudeste Asiático e o Brasil é tanta que se torna injustificável não se haver uma atuação conjunta maior capaz de mitigar o impacto na saúde da população desses países (Foto: Fiocruz Amazônia)

 

O grupo foi recebido pela diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, acompanhada pelos pesquisadores da instituição. A Asean é uma associação criada em 1967 e representa também Brunei, Laos e Timor Leste (em processo de ingresso). A viagem da comitiva ao Amazonas teve como objetivo explorar o potencial de cooperação em áreas prioritárias, como defesa e agricultura, iniciando discussões no que tange à saúde pública. Stefanie Lopes apresentou a estrutura da Fiocruz Amazônia, no tocante à pesquisa e ao ensino, bem como suas capacidades instaladas e atuação na região.

Os visitantes tiveram oportunidade de conhecer a estrutura laboratorial do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da unidade, responsável pelo sequenciamento genômico de patógenos, e tomar conhecimento de iniciativas de pesquisa, como a das Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia), e a validação do novo medicamento para a malária vívax, a Tafenoquina, administrada em dose única, estudo coordenado pelo Laboratório Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB). 

“Muito importante essa solicitação de visita da Asean para que os países conheçam o que a Fiocruz Amazônia faz em termos de saúde pública e para que a Associação possa refletir acerca das interfaces da Saúde Pública entre os países, os tipos de cooperações que podem ser estabelecidas em acordos bilaterais”, ressaltou Stefanie, observando que a similaridade existente entre o Sudeste Asiático e o Brasil é tanta que se torna injustificável não se haver uma atuação conjunta maior capaz de mitigar o impacto na saúde da população desses países. Além de doenças, como malária e dengue, os países da Asean e a Amazônia têm peculiaridades climáticas e de distribuição de população. “A presença dos embaixadores mostra uma aproximação e, também, um desvio de olhar para o tema da saúde, que é caro para nós da Fiocruz”, afirmou a diretora.

O médico infectologista Marcus Lacerda, especialista da Fiocruz Amazônia e chefe do Laboratório IPCCB, destacou a semelhança epidemiológica existente entre os países do Sudeste Asiático e o Brasil, no que se refere a malária e dengue. Ele destacou que os países do Sudeste Asiático são grandes geradores de conhecimento acerca da dengue. “Convivemos com a dengue na América Latina há menos tempo do que os países do Sudeste Asiático. A doença, porém, se tornou um grave problema de saúde para o Brasil, que teve a maior epidemia de dengue este ano, impactando o sistema de saúde brasileiro”, observou.

Lacerda lembrou que, no caso da malária, tanto no Sudeste Asiático quanto na América Latina, a doença do tipo vivax é predominante, porém negligenciada, o que tem aproximado estudos multicêntricos para o desenvolvimento de novas drogas entre a América Latina e o Sudeste Asiático. “Entretanto, estes são normalmente estudos coordenados por instituições de países do Hemisfério Norte ou Austrália”, afirmou o especialista, destacando a importância de uma aproximação mais direta entre as nações do Sudeste Asiático e o Brasil para novas colaborações.

Para a assessora do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) Lúcia Marques, presente à visita, a viagem da comitiva à Fiocruz Amazônia teve uma importância fundamental no processo de construção de novas cooperações entre os países do Sudeste Asiático e o Brasil, tendo a Fundação como referencial. “A Asean é um bloco de crescente importância no cenário internacional e essa reunião é reflexo de uma orientação da política externa brasileira que está voltando seu interesse para os países da Asean”, afirmou Lúcia, ressaltando o papel da Fiocruz nas pesquisas para desenvolvimento de fármacos e vacinas, e em especial da Fiocruz Amazônia nos estudos das arboviroses e malária.

O pesquisador da Fiocruz Amazônia Sérgio Luz, coordenador do Nucleo PReV Amazônia, considera que a visita se revestiu de grande importância pela capacidade e potencialidade, principalmente, de colaborações internacionais com países que se encontram numa faixa climática tropical e subtropical similar à do Brasil e com perfis epidemiológicos análogos. “Os problemas decorrentes dessas doenças são quase que semelhantes e as soluções também vão caminhar para esse mesmo lado. Para nós, a aproximação com os países do Sudeste Asiático é uma esperança, pois são as últimas fronteiras das colaborações que existem. O Brasil dispõe de grandes acordos com o grupo dos Brics, mas não tem nenhuma afinidade com os perfis epidemiológicos desses países. Isso traz também uma aproximação muito importante no contexto de saúde global”, afirmou o pesquisador.

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