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Relatório The Lancet foca nos sistemas alimentares sustentáveis e estratégias do Guia Alimentar para promover hábitos saudáveis


08/07/2024

Suzane Durães (Coordenação de Ambiente - VPAAPS/Fiocruz)

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O relatório The Lancet Countdown: Health and Climate Change in Latin America, da The Lancet - principal revista científica sobre Saúde Pública do mundo – foi lançado no dia 3 de julho, na Fiocruz Brasília, e apresentou projeções sobre os riscos para a saúde causados pela mudança climática na América Latina. Também foi apresentado o documento “The Lancet Countdown on Health and Climate Change: recomendações para políticas de saúde no Brasil”. 

Os estudos apontam principalmente para a necessidade do fortalecimento dos sistemas alimentares sustentáveis que incluam práticas agrícolas de baixo carbono para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e outras degradações ambientais; e a implementação de estratégias, com base no Guia Alimentar para população Brasileira, para promover hábitos alimentares saudáveis, segurança alimentar, justiça climática e equidade social. 

O relatório conta com a experiência de 114 cientistas e profissionais de saúde de 54 instituições de pesquisa e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) em todo o mundo com o intuito de fornecer sua mais abrangente avaliação. Contribuíram como revisores desta edição o coordenador de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), Guilherme Franco Netto, a pesquisadora do Instituto Gonçalo Moniz (IGM), Nelzair Araujo Vianna; a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), Sandra Hacon; e a assessora de Saúde e Ambiente da VPAAPS, Juliana Wotzasek Rulli Villardi.

Dados apresentados pela editora da The Lancet, Stella Hartinger, mostram os riscos crescentes para a saúde e bem-estar da população devido à exposição a altas temperaturas, podendo chegar a 2°C até o final do século. Com isso, estima-se a ampliação, até meados do século, de 370% das mortes anuais relacionadas ao calor, podendo levar cerca de 525 milhões de pessoas para situações de insegurança alimentar moderada a grave entre 2041 a 2060. Além disso, as altas temperaturas poderão resultar no crescimento de 37% do percentual de transmissão de dengue.

Stella também destacou que 57% das emissões agrícolas brasileiras foram derivadas da produção de carne vermelha e leite. As emissões do setor agrícola brasileiro somadas às emissões do desmatamento e das mudanças no uso da terra, corresponderm a 73% das emissões totais do país. Já as emissões de gases de efeito estufa da produção local dos produtos agrícolas do Brasil aumentaram 23%.

Ao descrever os problemas, o relatório propõe recomendações específicas para políticas de saúde que podem ser implementadas para mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas na saúde pública. As recomendações incluem: adaptação dos sistemas de saúde, planejamento e resiliência para a saúde; ações de mitigação e co-benefícios para a saúde, economia e finanças e compromisso público e político.

O evento de lançamento foi transmitido pelo YouTube e teve participação do ex-presidente da Fundação e atual coordenador da Estratégia para a Agenda 2030 da Fiocruz, Paulo Gadelha; da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio; e de pesquisadores da unidades da Fiocruz da Bahia, Brasília, Ceará, Manaus e Minas Gerais, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict).

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Também participaram a representante da Organização Pan-Americana de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Priscila Bueno; a diretora de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (MS), Agnes Soares; os pesquisadores da revista The Lancet Regional Health Americas, Taissa Vila, Yasna Palmeiro, Raquel Santiago, Tatiana Camargo, Airton Stein e Enrique Barros; a editora da Lancet Countdown Latinoamerica, Stella Hartinger; e outros convidados.

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Paulo Gadelha iniciou falando que a Fiocruz está trabalhando em sintonia com o Ministério da Saúde nesta temática e que é oportuno debater com o Lancet Countdown.

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Priscila Bueno enfatizou a questão da equidade e lembrou que muitas comunidades e pessoas se encontram atualmente em situação de vulnerabilidade e sem acesso a direitos básicos. 

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Ela também pontuou a infodemia, ou seja, uma epidemia de informações, que contribui para a desinformação. "A infodemia é uma outra crise que precisamos trazer porque ela está impactando diretamente a nossa agenda e é uma questão de informação de comunicação”, destacou Bueno.

De acordo com Juliana Wotzasek Rulli Villardi, esse é segundo ano em que a Fiocruz apoia o lançamento do relatório que também é apresentado em outros países. 

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Oficina - Após o lançamento, foi realizada uma oficina que tem por objetivo a construção conjunta de aportes com vistas à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). Além da COP, os participantes também elencaram uma série de apontamentos que abordam a temática de saúde e mudanças climáticas. Dentre os desafios estão: articulação de uma rede de colaboração, captação de recursos, priorização da agendado clima e fortalecimento da comunicação.

Foto: Suzane Durães

Ao finalizar os trabalhos da oficina, Stella Hartinger falou do resultado do evento e da importância da construção coletiva, entre a Fiocruz e a The Lancet. 

Foto: Sergio Velho Jr / Fiocruz Brasília

Assista o lançamento do relatório.

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