05/10/2017
Por: Claudio Oliveira (Portal Fiocruz)
Dando início as atividades da 8ª Conferência Luso-Brasileira de Acesso Aberto, a Fundação Oswaldo Cruz recebeu na última quarta-feira (4/10) o biólogo molecular e professor da Universidade de Leiden (Holanda), Barend Mons. O professor foi coordenador do Grupo de Especialistas de Alto Nível que elaborou o estudo nomeado European Open Science Cloud (EOSC) e, atualmente, é uma das pessoas responsáveis em promover o GO Fair, iniciativa que propõe a implementação inclusiva, aberta e prática das recomendações do Grupo de Peritos de Alto Nível do EOSC.
Mons explicou como foi iniciado o trabalho realizado pela EOSC e chamou atenção para dois pontos fundamentais para a promoção da ciência aberta. O primeiro diz respeito a criação de uma estrutura global que possibilite a troca de informações em uma internet aberta. Posteriormente, o professor cobrou uma mudança de mentalidade na comunidade científica, ainda reticente em compartilhar informações em acesso aberto. “Quando iniciamos o trabalho, observamos que era preciso ter uma ferramenta simples que permitisse a união de todos os interessados. Além disso, precisamos pensar fora da caixa no que se refere a criação, arquivamento e compartilhamento de dados”.
Segundo Mons, dados, artigos e estudos estão mais protegidos no Go Fair do que em instituições. “Cada instituição tem informações diferentes que são arquivadas em diferentes ferramentas. Os dados e protocolos, em geral, não são acessíveis. No Go Fair, esses dados são acompanhados pelos autores, que podem definir as regras para a utilização dos dados”.
Sete pecados
Durante sua experiência em promover o Go Fair, Barend Mons observou alguns fatores que prejudicam a ampliação da iniciativa. Esses entraves foram chamados por ele como os “sete pecados” contra o avanço da ciência aberta:
• Dificultar o trabalho de jovens cientistas;
• Ignorar as complexidades locais existentes;
• Desrespeito entre cientistas de difentes disciplinas;
• Publicação de dados sem artigos complementares;
• Má utilização de metatags e palavras chaves no cadastro da informação;
• Não investir em pesquisa e infra-estrutura;
• Criar dados como cientista com financiamento público sem um plano de administração de dados.
No encerramento, Mons lembrou que dados abertos não são gratuitos e que, no caso específico da saúde pública, existem dados que pertecem aos indivíduos. “Para o armazenamento de dados, precisamos criar o ambiente onde os dados serão armazenados e essa estrutura é caríssima. Além disso, é preciso que o pesquisador pense em um orçamento específico para a divulgação de dados antes de realizar a pesquisa. Minha recomendação é de que pessoas sejam contratadas para este serviço, deixando os pesquisadores com mais tempo para seus estudos”, concluiu.
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