10/06/2013
Fonte: Instituto Oswaldo Cruz
Deslizamentos, enchentes, pane no sistema de transporte e, finalmente, doenças: o brasileiro conhece bem os inconvenientes trazidos pela época das chuvas. Nos grandes centros urbanos, os problemas na infraestrutura básica, aliados à aglomeração populacional e à infestação por roedores configuram terreno fértil para os surtos de leptospirose. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a zoonose tem uma média de 4 mil casos registrados todos os anos – mas como provoca, em cerca de 90% das vezes, sintomas similares aos da dengue e de outras viroses, acredita-se que o número de notificações seja inferior. Dentre os motivos, está a dificuldade de realização do diagnóstico, principalmente no início da infecção, quando o uso de antibióticos ainda pode evitar a evolução para a forma mais grave da doença.
Determinados a desenvolver uma estratégia capaz de detectá-la com rapidez e fornecer, ainda, dados epidemiológicos para nortear estudos de monitoramento dos roedores envolvidos na cadeia de transmissão, pesquisadores do Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que abriga o Serviço de Referência Nacional para Leptospirose, criaram um protocolo inovador que associa dois procedimentos: a captura imunológica e a Reação em Cadeia de Polimerase (IC-PCR). O estudo foi publicado na revista científica Diagnostic Microbiology & Infectious Disease.
Diagnóstico rápido
Na primeira etapa, chamada de captura imunológica, placas de 96 poços recebem diferentes soros hiperimunes de referência. Estes soros apresentam anticorpos policlonais, ou seja, imunoglobulinas específicas contra os sorogrupos de Leptospira com maior relevância epidemiológica para o Brasil. Sorogrupos são variações distintas dentro da espécie da bactéria, que abrangem, por sua vez, diferentes linhagens. Em seguida, cada anticorpo é fixado em um poço diferente e todos recebem, em seguida, o soro de um paciente infectado. Por afinidade, os anticorpos específicos contra o sorogrupo daquela bactéria a ‘capturam’, permitindo que o laboratorista obtenha um concentrado de Leptospiras fixado no poço correspondente da placa. “No entanto, esta reação não é visível aos olhos. Por isso, submetemos a placa à análise por PCR, a segunda etapa do protocolo. As bactérias capturadas terão um fragmento do seu DNA amplificado, fornecendo ao cientista a comprovação da infecção e a indicação do provável sorogrupo infectante”, esclarece a pesquisadora Ilana Balassiano, autora do estudo. O resultado sai em até 24 horas.
Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de sintomas, o médico pode iniciar medidas terapêuticas com o objetivo de reduzir as chances de evolução para a forma grave da doença, que acomete 10% dos infectados. Mas não é só o paciente que sai ganhando. A partir do sorogrupo da bactéria, é possível apontar qual espécie de roedor esteve envolvida naquela cadeia de transmissão e traçar estratégias específicas de controle e vigilância. “Viabiliza até uma intervenção imediata para impedir a ocorrência de um surto no local onde houve aquela infecção”, ressalta Ilana.
Leia a reportagem completa no site do IOC.
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