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Pesquisa analisa ações de aconselhamento em DST/Aids


06/05/2014

Fonte: Informe Ensp

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Um dos importantes aspectos da quarta década de epidemia de Aids no Brasil refere-se à ampliação da testagem e à disponibilidade da Terapia Antirretroviral no Sistema Único de Saúde (SUS). Com o objetivo de analisar a prática do aconselhamento em DST/Aids em sete Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) do estado do Rio de Janeiro, a aluna de doutorado em Saúde Pública Claudia Mercedes Mora Cárdenas desenvolveu sua pesquisa a partir de três eixos: as condições estruturais dos centros, os modelos de treinamento para as práticas e as narrativas dos profissionais sobre o papel do aconselhador.

Claudia informou que, após o lançamento do teste ELISA para HIV na década de 1980, a oferta de aconselhamento e diagnóstico para a detecção do vírus foi impulsionada pelos Centros de Controle e Prevenção da Doença e pela Organização Mundial de Saúde. “As recomendações desses organismos alicerçaram a resposta programática de múltiplos países industrializados e em desenvolvimento, incluindo o Brasil.”

Atualmente, a estratégia dos CTA consiste na disponibilização do exame anti-HIV e para outras DST de forma gratuita e voluntária e prover o aconselhamento como processo comunicativo de apoio emocional e preventivo. Os CTA representam o ponto inicial de enlace entre os usuários com resultado positivo e a rede de assistência às pessoas vivendo com HIV e Aids.

A pesquisa de cunho qualitativo enfrentou dois desafios de distinta ordem. O primeiro, considerar o contexto programático da ampliação da testagem anti-HIV no país e suas implicações para os CTA. Segundo, operar o estudo sob o olhar dialético da relação estrutura-agente informado pela teoria da ação do sociólogo Pierre Bourdieu. Os procedimentos de coleta de dados incluíram a análise documental, a entrevista-semiestruturada e a observação participante.

Quanto aos aspectos estruturais que constrangem a prática do aconselhamento, a pesquisa identifica que a organização e funcionamento dos CTA delimitam o tipo das ações realizadas pelos agentes para além do aconselhamento individual pré e pós teste, como por exemplo, o CTA itinerante e as ações intersetoriais.

No que tange aos aspectos agenciais, explica Claudia, os agentes constroem seu próprio marco de ação em virtude da trajetória profissional e da interpretação das práticas, as quais moldam a interação junto aos usuários. “Existem variações na abordagem dos aconselhadores de acordo com as demandas dos usuários e as representações sobre o gênero, a sexualidade e a geração, entre outros.”

A aluna ainda assinala que a ampliação do escopo da prática, para além da mudança de atitudes e práticas individuais, deve se apoiar no conceito de vulnerabilidade, o que fortalecerá os processos de formação dos aconselhadores e de organização dos serviços. “Recomenda-se a revisão do modelo organizativo e as estratégias dos CTA visando garantir o cuidado da saúde sexual e promover os direitos sexuais e reprodutivos.”

Saiba mais no Informe Ensp.

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