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A nova edição da História, Ciências, Saúde - Manguinhos traz novidades em seu formato de publicação. Em seu volume 30 [1], a revista científica da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) estreia um sistema de publicação contínua, que “consiste na publicação eletrônica dos artigos da revista, isolados ou em pequenos grupos, à medida que forem aprovados e processados internamente (revisão linguística, normalização, diagramação etc.), em vez de publicar todos os artigos de cada número de uma só vez”, como explica Marcos Cueto em sua Carta do Editor [2]. A primeira leva de textos já está disponível no portal SciELO [1].
Na prática, a revista deixa de ter as quatro edições anuais e passa a ter uma única edição anual, atualizada constantemente com novos conteúdos. De acordo com o editor científico da HCS-Manguinhos, a mudança faz parte das boas práticas de ciência aberta utilizadas por muitos periódicos da coleção SciELO, permitindo mais agilidade na divulgação das pesquisas e maior visibilidade ao periódico. “Oxalá essa modernização editorial e a feliz notícia da posse de Nísia Trindade Lima como ministra da Saúde representem o começo de um ano promissor para a comunidade científica e a saúde pública brasileira”, afirma Cueto.
Artigos
Seis artigos fazem parte da primeira atualização do volume 30 da HCS-Manguinhos. Doutorando do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS) da COC, Bruno Corrêa de Sá e Benevides assina “Mal-estar social... uma agitação demoníaca’: o anarquismo segundo a criminologia do médico francês Alexandre Lacassagne” [3]. Pesquisadora da Universidade Nacional Autónoma do México, Claudia Agostoni analisa a cooperação social e as ofertas terapêuticas [4] na luta contra a tuberculose na Cidade do México, na década de 1940. “Clasificando mujeres: diagnósticos psiquiátricos y subjetividad femenina en el Manicomio Provincial de Málaga, España, 1909-1950" [5] é o título do artigo da professora da Universidade de Málaga Celia García-Díaz.
O Concurso Criança Saudável na Colômbia e a busca da “criança ideal” da América Latina [6] nos anos 1930 são os temas do texto do pesquisador da Universidade Le Havre Iván Darío Olaya Peláez. Professor da Universidade Católica do Peru, José Ignacio Mogrovejo Palomo analisa a trajetória do médico e político Luis Carranza Ayarza e o desenvolvimento de imaginários ambientais no Peru [7] do final do século 19. "As receitas médicas de Hannah Woolley: prática cotidiana e autoridade feminina na Inglaterra do século 17" [8] é o título do artigo da professora da Faculdade Sesi-São Paulo Marina Juliana de Oliveira Soares.
Revisão Historiográfica
"Trópico e fronteira na obra de Sérgio Buarque de Holanda" [9] é o título da revisão historiográfica produzida pelo diplomata da Embaixada do Brasil no México Luiz Feldman. Em sua análise, Feldman debate as mudanças no entendimento sobre o espaço brasileiro, operadas por Sérgio Buarque de Holanda entre a publicação de Raízes do Brasil, em meados dos anos 1930, e O extremo Oeste, dos anos 1960. De acordo com Feldman, após conceber o país a partir da noção de trópico, "o historiador desenvolve uma visão deliberadamente oposta àquela, na qual o país é concebido pela noção de fronteira".
Fontes
Um manuscrito inédito, que trata dos métodos para utilizar na recolha e remessa de sementes, tubérculos e bulbos das colônias da África e do Brasil para o Complexo de História Natural da Ajuda, em Portugal, é o destaque da seção Fontes [10], assinada pelo professor aposentado do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná Magnus Roberto de Mello Pereira. Datada de 18 de outubro de 1802, a instrução é assinada por Antônio José de Carvalho Chaves, que era secretário de governo de Moçambique e chegara à colônia naquele exato ano.
Testemunhos Covid-19
Pesquisador da Universidade Tecnológica de Nanyang (Singapura), Jianan Huang analisa a descoberta de medicamentos para combater a Covid-19 influenciados pela medicina tradicional chinesa, na seção Testemunhos Covid-19 [11] da HCS-Manguinhos. De acordo com o autor, apesar da resistência que enfrenta, por variados motivos, a medicina chinesa serviu de fonte de inspiração para o desenvolvimento de novos tratamentos em três níveis diferentes, utilizando-se as ervas da medicina tradicional, as fórmulas médicas e os textos médicos chineses.
Resenhas
Quatro textos compõem a primeira leva de resenhas do número 30 da revista. O livro Corpos inscritos: vacina e biopoder: Londres e Rio de Janeiro, 1840-1904, da historiadora Myriam Bahia Lopes, é o tema de Denise Sant'Anna (PUC-SP). Pesquisador da Universidade de Leeds (Inglaterra), Felipe Martínez-Fernández resenha The religion of life: eugenics, race, and Catholicism in Chile, de Sarah Walsh.
O livro Hipnosis e impostura en Buenos Aires: de médicos, sonámbulas y charlatanes a fines del siglo 19, de Mauro Vallejo, é o alvo da resenha de José Ignacio Allevi, pesquisador da Universidade Nacional do Litoral (Santa Fé, Argentina) e professor da Universidade Nacional de Rosário. Por fim, Santiago Guzmani (University College London) analisa a obra de Mauricio Nieto, Exploration, religion and Empire in the sixteenthcentury Ibero-Atlantic world: a new perspective on the history of modern science.