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Saúde mental de pessoas negras e periféricas é tema de evento neste sábado (9/9)


08/09/2023

Luiza Toschi (Cooperação Social da Fiocruz) e Nathalia Mendonça (Cooperação Social da Fiocruz)

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A Promoção da Saúde e a Saúde Mental da População Negra e Periférica são foco deste mês do projeto Tecendo Diálogos. Amanhã, das 8h às 17h, acontece, na Tenda da Saúde, o II Seminário de Saúde Mental: Cultura, Educação Popular e Promoção da Saúde. O encontro mobiliza coletivos de educação e saúde articulados em favelas e periferias populares, representantes de pré-vestibulares populares e comunitários, movimentos sociais, estudantes universitários e profissionais do SUS.

O seminário faz parte da reativação do GT de Saúde Mental e Integral do projeto e nossa expectativa é articular política e criticamente o tema de forma popular. Esperamos que ele se desdobre em outras ações ou formulações”, disse Talita Gomes, responsável pelo GT. As 200 vagas disponíveis se esgotaram em dois dias, o que ela atribui ao formato de mais rodas de conversas do que mesas de seminário. “O formato mais participativo é uma forma de alargar o debate sobre saúde mental com as juventudes presentes. Vamos além do tabu”, completa.

Com frequência anual, o seminário é um espaço de construção de propostas sobre os seguintes temas: a Promoção da Saúde da População Negra; a apologia do cuidado; acessibilidade e mobilidade urbana; ações culturais no âmbito da saúde; o direito à educação; e a articulação de grupos populacionais em situação de vulnerabilidade no contexto do SUS.

Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior é coordenado por um Comitê Gestor com representantes do Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ), o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), o Museu da Maré, a Rede de Empreendimentos Sociais para o Desenvolvimento Socialmente Justo, Democrático e Sustentável (RedeCCAP), o Conselho Comunitário de Manguinhos, a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e o Museu da Vida Fiocruz. Além do Comitê Gestor, o projeto conta com a parceira do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), reúne 41 bolsistas residentes de favelas e periferias e, majoritariamente, egressos de pré-vestibulares populares, comunitários e sociais. 

O projeto articula mensalmente os encontros temáticos do Fórum de Prés-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro e as Rodas de Conversa do Fórum Favela Universidade. Neste mês, os encontros serão substituídos pela programação do Seminário.

Em agosto, Tecendo Diálogos divulgou resultados dos três anos de pesquisa sobre educação popular

O projeto realizou um seminário (17/8) de apresentação dos resultados obtidos em seus três anos de atuação. O evento reuniu diversas representações e articuladores que integram a rede construída pelo projeto, no Auditório do Museu da Vida Fiocruz, campus de Manguinhos, Rio de Janeiro. 

Abrindo as falas da mesa de abertura do evento, o professor, Deputado estadual e Membro titular da Comissão de Educação da ALERJ, Flavio Serafini, destacou a luta coletiva das representações, “é muito importante que quem tá organizado em um projeto de emancipação, que é esse projeto de educação popular, tenha essa compreensão de que a luta é contra as diferentes formas de violência. A luta é contra a exploração, a luta contra os fascismos, se dá nas diferentes dimensões. É importante a gente juntar forças, as forças anticapitalistas, as forças do movimento negro, do movimento feminista, do movimento LGBTQIA+, do movimento antimanicomial, do movimento da educação popular para continuar não só resistindo, mas continuar vencendo e derrotando os diferentes fascismos”. 

A Deputada estadual e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, Dani Monteiro, comenta sobre o espaço de discussão promovido pelas articulações do Fórum do Tecendo Diálogos “quando a gente fala de educação popular, de educação cidadã nos territórios, a gente tá falando exatamente da construção de soberania territorial. A própria experiência desse Fórum traz não só núcleos de educação popular, de pré-vestibulares, mas traz em si diversas ações no território”. Dani também comentou sobre o processo de pesquisa e levantamento realizados nos três anos de projeto: “Só se produz política pública a partir da produção de dados”.

A Deputada também indicou o projeto de lei nº 1990/2020, assinado por ela, que prevê o uso dos espaços públicos da rede estadual para os pré-vestibulares, onde fica instituído o Programa Estadual de Incentivo aos cursos sociais, populares e comunitários. “É a gente entender o equipamento de educação como um espaço transformador, um espaço garantidor de direitos, e não só apenas um depósito de jovens vulnerabilizados”, destacou Dani Monteiro.

As mesas de debate se dividiram em blocos temáticos entre os grupos de trabalho que integram o projeto. Dentre os resultados obtidos que foram apontados pelo projeto destacaram-se: 

Um mapeamento de pré-vestibulares populares localizados em territórios socioambientalmente vulnerabilizados da região metropolitana do Rio de Janeiro também foi lançado durante o evento. A pesquisa foi realizada com apoio do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). O mapeamento, produzido através da tecnologia de georreferenciamento, que apresenta as informações e dados sobre os 130 pré-vestibulares populares está hospedado plataforma Vicon Saga e pode ser acessado por todos que queiram buscar essas informações. A matéria completa sobre a cartografia pode ser acessada aqui

Além disso, o projeto realizou a apresentação sobre o levantamento bibliográfico de trabalhos acadêmicos concluídos sobre os territórios de Maré e Manguinhos, favelas do Rio de Janeiro. As categorias analisadas pelo grupo de trabalho incluem monografias (graduação ou especialização), dissertações, teses, artigos e livros, todos utilizados para a construção de uma base aberta para estudos e compreensão do recorte territorial realizado pelo projeto.  

Está previsto, ainda para o mês setembro, o lançamento de dois catálogos bibliográficos, frutos do trabalho do GT de levantamento bibliográfico, com os dados e resultados obtidos. As pessoas interessadas nas duas publicações poderão acessar a produção de forma livre e gratuita.  O objetivo desses produtos facilitadores é contribuir com uma rede de dados sobre os territórios do recorte que seja direcionada aos estudantes, pesquisadores e população favelada.

A premissa para a realização da devolutiva sobre os resultados obtidos, se dá a partir da defesa de uma ciência de código aberto, pautada no fácil acesso de bases de dados e na defesa ao conhecimento e ocupação de espaços de produção científica. Com objetivo de fortalecer o diálogo, produção de conhecimento e ação política na promoção da saúde e educação superior, o projeto também busca realizar suas pesquisas a partir das narrativas e disputas da juventude de territórios de favelas e periferias.

Mulheres na Ciência e Racismo Ambiental foram temas dos últimos encontros do Fórum Favela Universidade (FFU) e Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ)

O 32º Encontro do FFU de agosto (26/8) com o tema “Mulheres na Ciência”, foi realizado na Biblioteca Parque Manguinhos e debateu sobre os desafios das mulheres na Universidade. O encontro contou com a participação de Hilda Gomes, docente dos Programas de Pós-graduação Lato Sensu da Fiocruz e coordenadora adjunta da Especialização em Direitos Humanos, Relações étnico-raciais e Saúde (DIHS/Ensp); e Edla Herculano, farmacêutica e doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas, atual coordenadora executiva do Programa Fiocruz Mulheres e Meninas na Ciência. O público presente reuniu representantes das instituições parceiras, participantes do Fórum e moradores de periferias do estado do Rio.

Já o 4º Encontro Temático FPVP-RJ (02/9), ocorrido no Projeto Nica, um dos pré-vestibulares participantes do Fórum, realizou uma roda de conversa sobre Racismo Ambiental e os impactos junto à população moradora do Jacarezinho. A mediação foi da bióloga Thaynara Fernandes, moradora da região, co-fundadora e coordenadora da Nós Re.ciclo.

Tecendo Diálogos

Com o objetivo de valorizar a educação superior e reforçar o campo da promoção da saúde a partir de ações coordenadas entre os pré-vestibulares populares ou comunitários, as universidades públicas, a Fiocruz e os movimentos sociais organizados, o projeto aposta na juventude organizada para fortalecer o diálogo e a produção de conhecimento e ação política, no âmbito da promoção da saúde, da educação superior, da ciência cidadã e da participação social. Seus grupos de trabalho são: Mapeamento dos Pré-vestibulares Populares do Rio de Janeiro; Jornada Científica Favelades Universitáries; Levantamento Bibliográfico Maré/Manguinhos; Lutas e Letras; Trajetórias; e o GT de Saúde Mental e Integral. 

O mapeamento de pré-vestibulares populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é uma das ações desenvolvidas pelo Tecendo Diálogos, em parceria com o Fórum Favela Universidade (FFU) e o Fórum de Pré-vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ).

Acompanhe as ações do projeto pelas redes sociais do Fórum Favela Universidade e do Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro.

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