Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Revista Trabalho, Educação e Saúde critica ‘MP do Nível Médio’


07/02/2017

Por: Paulo Guanaes (EPSJV/Fiocruz)

Compartilhar:

Na primeira edição de 2017, no editorial Um novo cenário de atraso e destruição na formação de nível médio no Brasil, assinado pelas três editoras científicas, a revista Trabalho, Educação e Saúde, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), se posiciona de maneira categórica contra a denominada MP do Nível Médio. Na opinião das três professoras-pesquisadoras da Escola – Carla Martins, Angélica Fonseca e Marcela Pronko – a Medida Provisória 746 é um retrocesso na configuração das políticas públicas de educação e saúde no Brasil e, em consequência, do campo da formação em saúde, tema central da linha editorial da revista.

Trabalho, Educação e Saúde traz ainda os resultados de uma pesquisa cujo campo constituiu-se de dois territórios da cidade – Manguinhos e Complexo do Alemão. A pesquisa, realizada pelo Grupo de Pesquisa Desinstitucionalização, Políticas Públicas e Cuidado, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, abordou a relação entre território e adoecimento em saúde mental no contexto da Estratégia Saúde da Família do município do Rio de Janeiro no período de 2009 a 2013, caracterizado por uma expansão acelerada de cobertura e implantação de um novo modelo de gestão. Os resultados apontaram que as formas de adoecimento advêm da exposição constante ao cotidiano violento de profissionais e pacientes nos territórios estudados, reforçando a importância do reconhecimento pelos profissionais de saúde das relações entre eles e as vulnerabilidades de grupos e comunidades.

Isabelle Araujo e Ângelo Oliveira, autores do artigo Agronegócio e agrotóxicos: impactos à saúde dos trabalhadores agrícolas no nordeste brasileiro, discorrem sobre a questão dos agrotóxicos e a saúde, correlacionando-os aos casos de intoxicação humana. Ao discutirem o fortalecimento do agronegócio no país, os autores compreendem sua construção como um modelo histórico de modernização em expansão em todo o território brasileiro e crescente no Nordeste. Araujo e Oliveira observam que nos últimos anos o agronegócio se fortaleceu e o número de casos de intoxicação por agrotóxicos cresceu, com destaque para a região Nordeste, que apresenta as maiores taxas de letalidade de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, afetando majoritariamente os trabalhadores agrícolas.

Marcado desde o início de sua implantação como um programa polêmico, o Mais Médicos revelou-se um importante passo no esforço para se alcançar a tão sonhada universalidade do SUS. É o que se depreende do artigo Ampliação das equipes de saúde da família e o Programa Mais Médicos nos municípios brasileiros, de autoria de Gabriella Miranda e colaboradores, que trouxe os resultados de uma análise da evolução das equipes de saúde da família do Brasil, entre 2012 e 2015, assinalando que no último ano do período mais de 70% dos municípios tinham aderido ao Programa Mais Médicos, o que correspondia a uma expansão da universalização que, convertida em números, atingia mais de 20 milhões de habitantes de municípios de menor porte populacional.

Em A educação profissional técnica de nível médio em saúde na rede federal de educação, os autores Anderson e Lilian Boanafina e Mônica Wermelinger analisam o atual cenário da formação de recursos humanos na área da saúde promovida por instituições federais no Brasil. O estudo aponta um aparente descolamento entre as políticas de expansão da rede federal de educação profissional na área da saúde e as demandas do Ministério da Saúde para suprir a carência de profissionais de nível médio em saúde.

Com um texto ao mesmo tempo crítico e primoroso, em resenha sobre o livro A medicina financeira, de autoria de Luiz Vianna Sobrinho, Luis David Castiel faz uma análise demolidora da indústria farmacêutica e suas duvidosas "estratégias" de marketing de medicamentos, nos quais o autor reconhece benefícios, mas também vê nessas ações o objetivo de fazer a população aumentar o consumo de remédios, não importando que efeitos colaterais poderão advir dessa prática tolerada por autoridades em geral, em todo o mundo.

O leitor terá ainda à sua disposição, em acesso livre, um ensaio que apresenta a Enquete operária, de Marx, que no ano de 1880 investigou as condições de vida da classe trabalhadora francesa, e mais 10 artigos sobre temas como saúde mental, política de desprecarização do trabalho em saúde, produção do conhecimento sobre educação permanente com base em teses e dissertações, representação em conselhos tutelares e direito humano à alimentação.

Leia na íntegra a revista Trabalho, Educação e Saúde vol. 15 nº1.

Voltar ao topoVoltar