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Fiocruz tem participação de destaque na Cúpula Mundial da Saúde, em Berlim


20/10/2023

Agência Fiocruz de Notícias

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A cooperação internacional no enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas, a preparação para pandemias, a erradicação de doenças e o acesso universal à assistência médica foram alguns dos temas abordados na Cúpula Mundial da Saúde 2023, que dos dias 15 a 17 deste mês reuniu cerca de 3,5 mil representantes da área, de todo o mundo, em Berlim, em um evento no qual a Fiocruz teve participação ativa. Em painéis, workshops e reuniões bilaterais, a Fundação compartilhou não só a experiência de ações bem-sucedidas no Brasil, como as dificuldades encontradas e propostas para resolvê-las.

Na abertura do evento, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, em participação por vídeo, destacou as negociações para um acordo global sobre pandemias (Foto: WHS 2023)

Com o tema Um ano definidor para a ação em saúde global, a Cúpula reuniu autoridades, lideranças globais e representantes da iniciativa privada e da sociedade civil. Na cerimônia de abertura (15/10), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, comentou os aprendizados com a Covid-19 e ressaltou que as negociações para um acordo global sobre pandemias devem andar mais rapidamente, para que o texto fique pronto até a Assembleia-Geral de 2024: “Somos mais fortes juntos, e por isso o multilateralismo é tão importante”, disse. 

Reduzir a dependência da região

Nesse contexto, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, participou no domingo (15/10) do encontro em que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apresentou a sua Iniciativa de Eliminação, que tem como objetivo erradicar até 2030, nas Américas, mais de 30 enfermidades transmissíveis - como malária, câncer no colo do útero e doença de Chagas. Segundo o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, é preciso garantir que os países da região tenham acesso a ferramentas e inovações em saúde, além dos fundos rotativos da organização. “Garantir o acesso a uma ampla gama de vacinas, diagnósticos, medicamentos e tecnologias emergentes será um fator importante para deter as doenças transmissíveis”, explicou.

O presidente da Fiocruz, Mario Moreira (à direita), participou do encontro em que foi apresentada a proposta da Opas de erradicar mais de 30 enfermidades transmissíveis até 2030 (Foto: WHS 2023)

Na reunião, que contou com a presença de representantes dos ministérios da Saúde do Brasil e da Argentina, Moreira ressaltou a importância de conectar a Iniciativa de Eliminação da Opas à indústria local voltada para a produção de insumos de saúde, reduzindo, assim, a dependência da região. “A iniciativa poderia estar articulada com essa indústria para termos algum tipo de autonomia na produção”, observou. O presidente da Fiocruz também destacou o impacto positivo das ações conjuntas: “Trabalhando juntos podemos produzir muito mais resultados”.

Na mesma linha, o vice-diretor de Inovação do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Sotiris Missailidis, participou, no último dia do evento (17/10), do painel organizado pela Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), que discutiu a importância de parcerias e investimentos de forma a estabelecer uma resposta global sincronizada, rápida e equitativa a futuras ameaças virais. Missailidis destacou que, além da produção, é necessário expandir “as capacidades de pesquisa dos países em desenvolvimento. Do contrário, sempre dependeremos de uma transferência de tecnologia que pode ou não acontecer e dos preços praticados pelas grandes farmacêuticas. Então, a fabricação é importante, mas deve haver uma forte preocupação com o componente P&D”, disse.

O vice-diretor de Inovação do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Sotiris Missailidis, destacou que é necessário expandir as capacidades de pesquisa dos países em desenvolvimento para evitar dependência tecnológica (Foto: Cepi)

Educação em Saúde Única e destaque ao Cidacs

No workshop Combatendo os desafios para a Saúde Única Sustentável, enfrentando juntos questões sanitárias, ambientais e sociais, organizado pela The Lancet One Health Commission e pelo One Sustainable Health Forum, na terça-feira (17/10), a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz, Maria de Lourdes Oliveira, foi muito aplaudida ao comentar que o desmatamento na Amazônia havia caído 48% de janeiro a agosto deste ano, com ações do novo governo. Maria de Lourdes destacou que a ciência recuperou seu protagonismo no país.

A vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Maria de Lourdes Oliveira, citou a queda expressiva no desmatamento na Amazônia e discorreu sobre os cursos de Saúde Única (Foto: reprodução da internet)

“Não podemos falar em desenvolvimento social, ambiental ou econômico sem ter a ciência como base. Isso requer uma abordagem multidisciplinar”. Ela contou que a Fiocruz lançou cursos de Saúde Única em nível de pós-graduação, além de ter um Programa de Pesquisa Translacional, “com todas as equipes trabalhando juntas para obter um diagnóstico real e formar propostas holísticas de solução. O atual cenário requer uma preparação robusta e uma resposta imediata”, acrescentou.

Mesmo em sessões em que integrantes da Fundação não estavam à mesa, a Fiocruz foi citada. No painel Saúde sustentável para as pessoas e o planeta, no último dia do evento, o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia foi lembrado como exemplo de iniciativa que ajuda a combater a desinformação, levando dados de qualidade ao público. Em uma discussão sobre formas de conectar a população aos formuladores de políticas públicas para que suas necessidades sejam consideradas e atendidas, o diretor de Clima e Saúde da organização de financiamento de pesquisa Wellcome Trust, Alan Dangour, citou o trabalho do Cidacs, especialmente a Coorte de 100 Milhões de Brasileiros

Dangour acrescentou que a Wellcome vai apoiar a inclusão de variantes climáticas no estudo. “É um estudo muito interessante devido à sua escala e à sua ligação direta com o Ministério [da Saúde] e o governo, para que haja um caminho direto desde as evidências até os tomadores de decisão”, avaliou. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, acrescentou que “o Cidacs é um bom exemplo de uma instituição muito importante do governo brasileiro, a Fiocruz”.

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