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Arquivo pessoal do cientista Haity Moussatché é doado à COC/Fiocruz

Foto de familiares do cientista Haity Moussatché durante a cerimônia

14/12/2015

Fonte: COC/Fiocruz

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Com uma longa trajetória de dedicação à ciência, grande parte como pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o cientista Haity Moussatché (1910-1998) teve seu arquivo pessoal doado à Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) nesta quarta-feira (9/12). O conjunto - formado por 20 caixas de documentos textuais, 14 placas e medalhas, 129 fotos avulsas, um álbum fotográfico, além de mais de 5 mil slides e uma fita VHS - é testemunho da carreira construída pelo cientista no Brasil e no exterior.

“O arquivo reúne documentos da vida profissional, como correspondências, trabalhos científicos e registros de sua atuação política”, afirmou arquivista da COC Renata Borges sobre a doação feita por Anna Helena e Mendel Moussatché, filhos do cientista. Entre os documentos recebidos estão cartas trocadas com interlocutores do Brasil e de outros países, algumas das quais escritas durante o período em que ele viveu na Venezuela, após o episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, em que pesquisadores do IOC foram cassados pela ditadura.

Para Anna Helena Moussatché, a doação do arquivo para a Fiocruz e sua abertura ao público representam uma contribuição à história da ciência no Brasil. “Haity Moussatché viveu aqui e vai renascer aqui dentro. As pessoas que se dedicam à ciência não podem deixar de saber o que aconteceu com os cassados do Rio de Janeiro”, declarou. Mendel Moussatché também comemorou a vinda do arquivo do pai para a Fiocruz. “A casa principal dele foi Manguinhos. Fico muito feliz porque isso aqui era a vida dele”, disse.

Nascido em 1910 na Turquia, Haity Moussatché imigrou para o Brasil ainda criança com os pais e, mais tarde, formou-se em medicina pela Universidade do Brasil. Em 1930, ingressou no Instituto Oswaldo Cruz como estagiário, e, em 1937, foi contratado. A partir de então foi assistente, biólogo, professor, pesquisador e chefe da Secção de Farmacodinâmica. Entre 1958 e 1964, chefiou a Secção de Fisiologia. Moussatché foi um dos criadores da Universidade de Brasília e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Cassado pela ditadura, Haity Moussatché deu continuidade à carreira na Venezuela

No começo dos anos 1970, seguiu para a Venezuela, onde atuou na Universidade Centro-Ocidental Lisandro Alvarado. Em 1985, foi convidado a retornar ao Brasil para reorganizar o Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica junto com Tito Cavalcanti. Seus últimos trabalhos versaram sobre uma glicoproteína isolada de gambá, que tem atividade protetora contra o veneno de cobras Bothrops jararaca.

“Haity Moussatché é um personagem muito importante, não apenas por seu perfil como cientista e sua projeção na sua área de atuação. Ele foi um dos cassados [de Manguinhos], um ator que participou de um momento crucial da instituição, cujo acervo até agora não tinha sido doado”, disse a chefe do Departamento de Arquivo e Documentação da COC, Aline Lacerda. “É um arquivo importantíssimo, que servirá de fonte para estudos retrospectivos da trajetória dele e do momento institucional que ele viveu”, completou.

Para o diretor da Casa de Oswaldo Cruz, Paulo Elian, com a doação, a instituição assume o compromisso de zelar por esse patrimônio e de torná-lo um bem público. “Esperamos que esse acervo sirva para a produção de conhecimento, para pesquisas sobre a história do Brasil, da ciência e da Fiocruz. Nossa responsabilidade agora é fazer com que esse conjunto possa ter uso amplo pela sociedade”, afirmou. O arquivo doado complementa o conjunto de documentos do cientista remanescentes do período em que ele atuou na Fiocruz, que já estão sob a guarda da COC.

Haity foi fundador da International Society of Toxicology e da Sociedade de Biologia do Brasil e integrou a Academia Brasileira de Ciências, a Academia de Ciências de Nova York, a Federação Mundial de Trabalhadores Científicos, a Associação Venezuelana para o Progresso da Ciência e a Associação para Criação do Parlamento Mundial.

Durante a cerimônia de doação, foi lançado o Manual de Organização de Arquivos Pessoais da Casa de Oswaldo Cruz, que traz os procedimentos adotados pela unidade para identificação, arranjo e descrição de arquivos pessoais sob sua guarda.

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