14/01/2020
Fonte: COC/Fiocruz
Com temáticas que vão de insetos à vida em aldeias yanomamis, de divulgação científica a arquitetura, passando por helmintos, doença de Chagas e malária, uma variedade de arquivos de personalidades da saúde pública brasileira está agora disponível para consulta online na Base Arch, a base de dados do acervo arquivistico da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Os novos itens disponíveis estão organizados em quatro fundos: José Reis, Dyrce Lacombe, Maria Cristina Fernandes de Mello e Estácio Monteiro, e quatro coleções: Aristides Limaverde, José de Carvalho Filho, Teixeira de Freitas e 4ª Conferência Nacional de Saúde.
Ao consultar a Base Arch, o usuário terá acesso à descrição arquivística dos fundos e coleções, que traz informações a respeito das dimensões, suporte, área de conteúdo e estrutura dos documentos, além de orientações sobre suas condições de acesso e uso.
Para a chefe do Serviço de Arquivo Histórico, Aline Lacerda, a variedade de arquivos pessoais disponibilizados aporta um conjunto relevante de fontes para o estudo da história da saúde pública brasileira. “Estes novos fundos e coleções são formados por itens de variados tipos, incluindo fotografias, desenhos, filmes, cartas e relatórios. A riqueza dos documentos sugere usos para quaisquer atividades, não somente as de pesquisa acadêmica”, destacou.
De acordo com Aline Lacerda, a disponibilização da consulta aos arquivos por meio da Base Arch amplia o alcance dos mais variados públicos aos documentos. “Todos se beneficiam pelo oferecimento de arquivos organizados e contextualizados, desde pesquisadores até aqueles que navegam em busca de informações para finalidades diversas”, disse.
A Casa de Oswaldo Cruz tem sob sua guarda o mais expressivo acervo do país sobre os processos políticos, sociais e culturais da saúde. São depoimentos orais, fotografias, filmes e outros documentos que remontam ao fim do século 19, integrando o arquivo permanente da Fiocruz, fundos institucionais e os arquivos pessoais de cientistas e sanitaristas.
Sobre os novos fundos e coleções
Dyrce Lacombe
Formada em história natural, Dyrce Lacombe fez o curso de Entomologia Geral no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) com Rudolf Barth. Trabalhou com anatomia e histologia de insetos, dedicando-se ao estudo de barbeiros. Em 1960, passou a se interessar pela pesquisa com crustáceos, em especial pelas cracas, iniciando uma coleção histológica e sistemática. Em 1969, colaborou com a California Academy of Sciencies (EUA).
Com mais de 5 mil itens, o fundo Dyrce Lacombe reúne fotografias, desenhos, cartas, artigos científicos, diplomas, certificados, entre outros documentos referentes à vida pessoal e à trajetória profissional da pesquisadora nas áreas de anatomia e histologia de insetos e cracas. [Acesse]
José de Carvalho Filho
Autor da foto da cerimônia de reintegração dos dez cientistas do Instituto Oswaldo Cruz cassados pela ditadura militar, José de Carvalho Filho ingressou na instituição como servente da Seção de Fotografia em 1950. Em 1964, foi enquadrado como fotógrafo, função que desempenhava desde 1955, após ter sido declarado servidor público. Participou do Projeto Rondon I, no qual produziu registros fotográficos inéditos das aldeias dos índios yanomamis no Alto Catrimani, em Roraima. Também respondeu pela Unidade de Audiovisual da Ensp.
A coleção possui 81 documetos fotográficos e 14 metros de documentação textual. Os documentos revelam a trajetória profissional e aspectos da vida pessoal do fotógrafo. [Acesse]
José Reis
Médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, José Reis fez o Curso de Aplicação de Manguinhos, sendo reconhecido com a Medalha de Ouro Oswaldo Cruz. Foi para São Paulo em 1929, onde atuou como bacteriologista no recém-criado Instituto Biológico. A partir de seu trabalho sobre doenças aviárias, foi convidado para pesquisar na Fundação Rockefeller, nos Estados Unidos, em 1935, onde permaneceu por um ano.
José Reis foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1948. Foi ainda criador da revista Ciência e Cultura, em 1949, e atuou no Grupo Folha de 1947 a 2002, ano de sua morte. Em reconhecimento à importância de seu trabalho, o CNPq criou, em 1978, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, concedido a pessoas e instituições que contribuem significativamente para a divulgação científica no Brasil.
O fundo possui documentos textuais e iconográficos referentes à vida pessoal e à trajetória profissional de Reis enquanto pesquisador do Instituto Biológico, redator e editor do jornal Folha de São Paulo e da revista Ciência e Cultura, onde escreveu sobre temas relacionados à divulgação científica, bem como professor, gestor e membro de instituições e associações culturais e científicas. [Acesse].
Aristides Limaverde
Sanitarista do Departamento Administrativo do Serviço Público, o médico Aristides Limaverde foi membro do Grupo Executivo da Indústria Químico-Farmacêutica e da Associação Brasileira de Imprensa. Em 1964, foi condecorado como comendador da Ordem Nacional do Mérito Médico. Participou, no mesmo ano, como delegado brasileiro da junta executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância. Também atuou como diretor do Departamento de Saúde Pública do Amazonas, do Serviço Nacional de Peste e do Serviço de Saúde dos Portos do Estado da Guanabara.
A coleção é composta por 116 itens, entre fotografias e fotogramas referentes às campanhas de combate a endemias rurais, como doença de Chagas e malária. [Acesse]
Teixeira de Freitas
De estagiário a pesquisador e chefe no Instituto Oswaldo Cruz, o médico João Fernades Teixeira de Freitas foi discípulo de Lauro Travassos e um de seus principais colaboradores na pesquisa sobre a fauna helmintológica. Atuou como curador da Coleção Helmintológica do IOC, sendo o primeiro responsável pela manutenção e ampliação do acervo. Exerceu ainda atividade docente da área helmintológica no IOC e de parasitologia na Faculdade de Medicina, Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, Instituto Hahnemaniano, além de cursos de Saúde Pública.
A coleção conta com 27 itens fotográficos referentes ao Instituto Oswaldo Cruz e aos pesquisadores Lauro Pereira Travassos e João Ferreira Teixeira de Freitas. [Acesse]
Estácio Monteiro
Graduado pela Faculdade Fluminense de Medicina, atual Universidade Federal Fluminense, Estácio Monteiro iniciou sua trajetória profissional em 1937 no Instituto Oswaldo Cruz, onde atuou como estagiário na Seção de Vírus, sob a orientação de José Guilherme Lacôrte. Também passou pelo Hospital Evandro Chagas. Mesmo depois de aposentado, permaneceu em atividade, ao longo da década de 1970, como membro da Comissão Nacional de Controle da Meningite, coordenando o Projeto Prioritário de Produção de Vacina contra o Herpes, e membro da missão técnica relacionada à vacina contra o sarampo, quando visitou o Instituto Mérieux, em Lyon, na França.
O fundo reúne mais de mil itens, entre fotografias, negativos flexíveis e mapas referentes à vida pessoal de Monteiro e ao período em que atuou como pesquisador e gestor no Instituto Oswaldo Cruz e na Fiocruz. [Acesse]
4ª Conferência Nacional de Saúde
Com a participação de 300 profissionais brasileiros e estrangeiros ligados às áreas da medicina, enfermagem, farmácia e engenharia sanitária, o evento foi realizado de 30 de agosto a 4 de setembro de 1967 na Fundação Ensino Especializado de Saúde Pública, atual Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). A coleção possui fotografias e cópias-contato referentes à conferência, que debateu a formação de recursos humanos de que o Brasil precisava para o desenvolvimento de suas atividades de saúde. [Acesse]
Maria Cristina Fernandes de Mello
Arquiteta com doutorado pela Scuela de Specializzacione da Universidade de Roma, Maria Cristina Fernandes de Mello coordenou as obras de restauração dos edifícios do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos e foi a primeira chefe do Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz, em 1989. Em 1993, recebeu menção honrosa na 31ª Premiação Anual do IAB/RJ na categoria Valorização, Conservação, Restauração do Acervo Arquitetônico, Histórico ou Paisagístico, além de ser destaque na Bienal Internacional de Arquitetura do mesmo ano.
O fundo possui imagens referentes às obras de restauração dos prédios históricos da Fiocruz, especificamente os do campus Manguinhos, e imagens referentes a sua tese de doutorado. São 546 itens, entre fotografias, dispositivos e plantas arquitetônicas. [Acesse]