18/10/2019
Por: Mayra Malavé Malavé (IFF/Fiocruz)
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz) lançou, no dia 26 de setembro, no 1º Congresso de Condições Crônicas Pediátricas do IFF e da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), o livro Desospitalização de Crianças com Condições Crônicas Complexas: Perspectivas e Desafios, da editora Eldorado, que reflete sobre o modelo multidisciplinar de assistência prestada no planejamento da alta hospitalar efetiva nesses pacientes.
O livro é o resultado do conhecimento e expertise de uma equipe multidisciplinar do IFF/Fiocruz. Nele, o leitor encontrará os elementos necessários para refletir sobre o cuidado de crianças e adolescentes internados com dificuldades de voltar para casa, seja por dependência tecnológica, por complicações próprias das suas condições crônicas ou por falta de recursos para obter os cuidados e a assistência domiciliar que precisam para a desospitalização, além da atenção à doença.
Participaram da produção coletiva deste livro profissionais da Pediatria do IFF/Fiocruz, destacando-se na organização e autoria as gestoras da Unidade de Pacientes Internos (UPI), a assistente social Mariana Setúbal e a pediatra Lívia Menezes; junto ao gestor do Programa de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (Padi) Almiro Cruz e do coordenador do Complexo dos Institutos Nacionais de Saúde da Fiocruz, Carlos Maciel.
"A obra aborda as ações estratégicas que implementamos para coordenar o cuidado das crianças internadas no Instituto, articulando ao mesmo tempo as políticas públicas, o treinamento aos cuidadores, o manejo das tecnologias, a preparação da residência e a interface com as redes de reabilitação que contemplam a relação entre gestão e atenção à saúde, necessárias para conseguir a desospitalização desses pacientes", comenta Mariana Setúbal sobre o objetivo do livro.
"Vivemos um período de transição demográfica e epidemiológica nas últimas décadas que vêm modificando o perfil das internações pediátricas, fazendo com que crianças com prematuridade extrema ou portadoras de malformações congênitas, síndromes genéticas, que antes não sobreviveriam, hoje sobrevivam; contudo, essa sobrevida tem um custo clínico, social, familiar, que pois em muitos casos se associam à dependência de um ou mais dispositivos tecnológicos que não são facilmente acessados pela família pela via das políticas públicas. Nestes casos, a desospitalização não pode ser efetivada, mesmo com condições clínicas de estabilidade para alta. Parte dessas necessidades (equipamentos, insumos, entre outros) precisam ser judicializados pela família e enquanto há essa espera nos morosos processos judiciais, estes pacientes se tornam 'moradores de hospital'. O grupo de profissionais da área pediátrica, com o apoio imprescindível do Projeto "De volta pra casa" do NAPEC, atuou de forma interdisciplinar e conseguiu ressignificar esse cenário, fazendo com que essas crianças possam ir para suas casas, diminuindo o tempo médio de permanência hospitalar, melhorando o acesso e principalmente garantindo que o direito a convivência familiar e comunitária previsto pelo ECA e pela Constituição Federal seja efetivado", acrescenta Mariana Setúbal.
As gestoras da UPI do IFF/Fiocruz e coautoras do livro, Mariana Setúbal e Lívia Menezes (Imagem: IFF/Fiocruz)
O planejamento da desospitalização deve deixar de ser considerado um ato administrativo para se tornar um processo multidisciplinar que começa no momento da internação. Garantir o uso adequado dos recursos do estado do bem-estar social e assistência à saúde implica que os órgãos e profissionais envolvidos considerem novas fórmulas de ação.
O livro não tem fins lucrativos, portanto, não é comercializado e está disponível gratuitamente em uma versão digital no e-books da Kindle / Amazon para que outros serviços das redes de atenção à saúde e a população usuária interessada possam se beneficiar da experiência de cuidado prestado a crianças cronicamente adoecidas internadas no IFF/Fiocruz.
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