25/02/2019
Por: Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)
“O lugar da mulher é na ciência!”. Esta frase deu o tom da roda de conversa realizada na Fiocruz Brasília na tarde da última segunda-feira, 11 de fevereiro, para celebrar o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência.
A diretora Fabiana Damásio apresentou dados que mostram que apenas 28% dos pesquisadores no mundo são mulheres e que há uma baixa participação e reconhecimento em premiações como o Nobel, por exemplo, em que apenas 3% são indicadas nas áreas científicas. A liderança masculina nas empresas e instituições de saúde e diferentes áreas foi destacada por Damásio, que lembrou que na Fiocruz o movimento tem sido diferente, já que Nísia Trindade foi a primeira mulher a ocupar a presidência e na unidade de Brasília a maior parte dos setores são liderados por mulheres. “A Fiocruz Brasília seguirá com a agenda de fortalecimento da mulher na ciência e nos espaços sociais”, afirmou a diretora.
As participantes contaram suas trajetórias na ciência e falaram sobre as barreiras enfrentadas no dia a dia por serem mulheres. A ligação da carreira acadêmica com as relações familiares, racismo, maternidade, preconceito e questão de classe foram pontos lembrados na conversa.
Para a vice-diretora Denise Oliveira, a mulher desafia culturalmente a sociedade por estar na ciência, um espaço historicamente lembrado por figuras masculinas. Relata que durante sua trajetória profissional, vivenciou o juízo crítico do não-lugar. O “não-lugar” é um conceito proposto por Marc Augé para definir espaço de passagem que não dá identidade e significado, que não cria qualquer tipo de relação. Oliveira destacou que a ciência é feita todos os dias e em diversos espaços.
A culpa por priorizar os objetivos profissionais e não a família, padrão muitas vezes exigidos pela sociedade, também foi destacada pelas participantes. “Força de vontade e perseverança colocam a gente onde quisermos”, destacou Gisele Silva, da Escola Fiocruz de Governo, formada no Mestrado em Políticas Públicas em Saúde, da Fiocruz Brasília.
Já a pesquisadora e coordenadora de Programas e Projetos da Fiocruz Brasília, Daniela Pereira, afirmou que estar na ciência é uma atitude de reafirmação. “Cada dia é um dia de desafios. Enfrentamos obstáculos todos os dias ao tentar mudar a nossa sociedade.”
A aproximação entre a ciência e a sociedade foi um dos assuntos tocados no evento. A colaboradora Regina Padrão destacou que é preciso fazer divulgação em outros formatos para além dos artigos científicos, para que as pessoas reconheçam a ciência no dia a dia delas. A roda de conversa contou com a presença da assessora da Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Éryka Danyelle.
Durante o evento foi apresentado também o minidocumentário “Fator F”, produzido com o apoio do Instituto Serrapilheira, que traz o panorama dos obstáculos enfrentados pelas mulheres que combinam a carreira científica e a maternidade.
No Rio de Janeiro, a Fiocruz realizou um evento com a participação de diversas pesquisadoras premiadas e referências em suas áreas de atuação, entre elas a presidente Nísia Trindade. A comemoração da data marca o compromisso da Fiocruz com a promoção da equidade de gênero na ciência, em consonância com as diretrizes institucionais e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos na Agenda 2030.
Assista abaixo o vídeo do evento realizado no Museu da Vida.
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