31/05/2017
Fonte: Ensp/Fiocruz
A revista Cadernos de Saúde Pública (vol.33, nº4), disponível on-line, destaca a crise no financiamento da pesquisa e pós-graduação no Brasil. Os pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Egberto Gaspar de Moura e Kenneth Rochel de Camargo Junior assinam o editorial, onde informam que, de 2007 a 2014, o Rio de Janeiro e quase todos os estados brasileiros experimentaram um ciclo raro de financiamento contínuo à pesquisa e pós-graduação. Foi um período em que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e as fundações estaduais de amparo às pesquisas (FAPs) tinham recursos generosos aplicados no restabelecimento da infraestrutura de pesquisa e na criação e consolidação de cursos de pós-graduação.
Em 2015, uma crise econômica, seguida por uma crise política sem precedentes que resultou no impeachment da Presidente Dilma Rousseff, interrompeu de forma drástica esse ciclo virtuoso, explicam eles. “O que aconteceu foi o corte de financiamento de auxílios de pesquisa e bolsas em praticamente todas as agências federais e estaduais de fomento à pesquisa. No Estado do Rio de Janeiro, essa crise foi mais dramática, visto que o estado vinha tendo um desenvolvimento invejável em seu parque científico e tecnológico.” CNPq e Capes continuam a ser agências fundamentais para o pagamento de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, mas seus recursos para auxílios à pesquisa são de magnitude inferior aos que a Faperj vinha oferecendo de 2007 a 2014. Segundo eles, as consequências desse processo são o alijamento de estudantes de baixa renda do ensino superior, a desmotivação de novos talentos para a pesquisa, a evasão de cérebros para outros estados e, principalmente, para fora do país. Equivale a matar a proverbial galinha dos ovos de ouro. Eles alertam que a área de saúde coletiva, por exemplo, por sua própria natureza, só subsiste com o financiamento público, e esta é uma área que tem historicamente prestado serviços relevantes à população brasileira.
Um dos artigos da publicação, Desafios para a coleta de sangue e análise bioquímica em um grande estudo multicêntrico realizado em escolas com adolescentes: lições do ERICA no Brasil, apresenta um estudo pioneiro que tem como objetivo avaliar a prevalência de fatores de risco cardiovascular, incluindo componentes da síndrome metabólica, entre adolescentes brasileiros. O objetivo é descrever os aspectos metodológicos relacionados com a coleta de sangue, assim como informar os resultados da preparação, transporte, armazenamento e exames no Estudo de Riscos de Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). A logística adotada no ERICA foi bastante exitosa e sua descrição, tal como as dificuldades experimentadas no Brasil, podem informar e facilitar o planejamento de futuros estudos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Confira os artigos do volume 33, número 4, da revista Cadernos de Saúde Pública de abril de 2017.
No Portal Fiocruz
Mais Notícias
Mais em outros sítios da Fiocruz
Mais na web