30/05/2017
Fonte: IOC/Fiocruz
Alguns dos maiores especialistas nacionais e internacionais em hanseníase estarão reunidos no Rio de Janeiro, nos dias 30 e 31 de maio, para discutir estratégias para detectar e interromper a transmissão global da doença. Promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Fundação Novartis, o evento vai avaliar a situação atual e discutir estratégias inovadoras nas áreas de diagnóstico e prevenção, que podem contribuir para o sucesso no enfrentamento do agravo. Uma das enfermidades mais antigas conhecidas pela humanidade, a hanseníase é classificada como doença negligenciada e permanece como um importante problema de Saúde Pública no século 21. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados cerca de 212 mil novos casos em 2015. O Brasil é o segundo país do mundo com o maior registro de casos, com cerca de 30 mil a cada ano, ficando atrás apenas da Índia.
“A última diretriz da OMS, publicada no ano passado, tem o título Aceleração rumo a um mundo sem hanseníase e traz metas claras como o fim dos casos em crianças diagnosticados com deformidades até 2020. Nesse encontro, teremos a presença de pesquisadores, gestores e representantes da sociedade civil para discutir as estratégias e as ferramentas disponíveis e em desenvolvimento para avançar no combate à doença”, afirma o pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e um dos organizadores do simpósio Estratégias para Detectar e Interromper a Transmissão Global da Hanseníase.
Entre os palestrantes internacionais, estarão presentes Stewart Cole, pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausane, na Suíça, que realizou o primeiro sequenciamento genético do Mycobacterium leprae, e Steve Reed, presidente do Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas, nos Estados Unidos, que está à frente do projeto para desenvolvimento de uma vacina contra a hanseníase. A programação contará ainda com a participação de Carmelita Filha, coordenadora-geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, que vai apresentar a situação do combate ao agravo no Brasil. Além de Milton Ozório Moraes, participarão do evento os pesquisadores brasileiros Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, e Patrícia Sammarco Rosa, pesquisadora do Instituto Lauro de Souza Lima, em São Paulo.
Conheça os palestrantes internacionais:
Stewart Cole
Pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausane (Suíça)
Um dos maiores especialistas em genética de micobactérias, Stewart Cole liderou as equipes responsáveis pelo primeiro sequenciamento genético do Mycobacterium leprae, causador da hanseníase, e do Mycobacterium tuberculosis, agente da tuberculose. Em 2015, o pesquisador coordenou o estudo que decodificou o DNA do Mycobacterium lepromatosis, comprovando a hipótese de que esta variedade de microrganismo constitui uma segunda espécie capaz de provocar a hanseníase. Em 2013, ele também participou da pesquisa que decifrou o genoma de bacilos M. leprae isolados a partir de esqueletos da Idade Média, mostrando que as bactérias daquela época diferem pouco das atuais. Entre outras aplicações, o sequenciamento genético do M. leprae contribuiu para o desenvolvimento de um teste para diagnóstico da hanseníase, uma questão importante para o controle da doença. No evento, o pesquisador vai abordar o tema ‘Detecção molecular do M. leprae’.
Steve Reed
Presidente do Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas (EUA)
Microbiologista e imunologista, Steve Reed é fundador do Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas (IDRI, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos com foco no desenvolvimento de testes diagnósticos, vacinas e terapias para doenças infecciosas. O pesquisador liderou o desenvolvimento da primeira vacina específica contra tuberculose a alcançar a fase de testes clínicos e de uma vacina contra a leishmaniose visceral, que obteve sucesso na primeira fase de testes clínicos. Em relação à hanseníase, o IDRI lidera o projeto de desenvolvimento de uma vacina para a doença, que obteve sucesso nos testes pré-clínicos, e de um teste rápido para diagnóstico, que busca identificar a infecção antes do aparecimento de sintomas e já foi licenciado no Brasil. No evento, o cientista vai abordar o tema ‘Desenvolvimento de uma vacina contra a hanseníase’.
Jan Hendrik Richardus
Professor do Centro Médico da Universidade Erasmus (Holanda)
O epidemiologista Jan Hendrik Richardus atua no estudo das consequências das doenças infecciosas para a saúde pública e na avaliação da relação custo-eficácia das estratégias de controle. Em conjunto com organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o grupo liderado por Richardus tem contribuído para a avaliação das estratégias existentes e para o desenvolvimento de novos programas de controle desses agravos. Na área da hanseníase, o pesquisador investiga, entre outros temas, o impacto da vacinação com BCG e da administração de medicamentos de forma preventiva para os contatos dos pacientes na interrupção da transmissão da doença. No evento, o epidemiologista vai abordar o tema Quimioprofilaxia preventiva pós-exposição.
Ann Aerts
Diretora da Fundação Novartis (Suíça)
Especialista em saúde púbica e medicina tropical, a médica Ann Aerts é diretora da Fundação Novartis, organização filantrópica ligada à farmacêutica Novartis, que atua na busca de soluções inovadoras para problemas de saúde pública em países de baixa e média renda, tendo a eliminação da hanseníase como um de seus objetivos. Com experiência na atuação em serviços de saúde de Angola, Moçambique, Burundi, Ruanda, República Democrática do Congo, Timor-Leste, Sudão e Costa do Marfim, Ann foi apontada pela revista PharmaVOICE como uma das cem pessoas mais inspiradoras na indústria das ciências da vida em 2014. No evento, ela vai abordar o tema ‘Em direção à transmissão zero da hanseníase’.
Patrick Lammie
Pesquisador da Força-Tarefa para Saúde Global (EUA)
Pesquisador sênior dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Patrick Lammie é pesquisador principal do Centro de Apoio às Doenças Tropicais Negligenciadas da Força Tarefa para a Saúde Global, uma das cinco maiores organizações sem fins lucrativos dos Estados Unidos. Doutor em imunologia, o pesquisador atua no Grupo de Trabalho de Monitoramento e Avaliação de Doenças Tropicais Negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Especialista em filariose linfática, Lammie realiza pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de novas ferramentas e estratégias para monitorar esta e outras doenças tropicais negligenciadas. No evento, o pesquisador vai abordar o tema ‘O que é necessário para eliminar uma doença’.
Confira a programação do simpósio Estratégias para Detectar e Interromper a Transmissão Global da Hanseníase:
(A programação do dia 31 é fechada)
TERÇA-FEIRA: 30/5
Local: Auditório do Museu da Vida, campus da Fiocruz, Manguinhos, Rio de Janeiro
9h – Introdução
Fareed Mirza, chefe de Pesquisa da Fundação Novartis
9h05 – Abertura
Pierre Landolt, integrante do conselho de diretores da Novartis;
Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz;
Ann Aerts, diretora da Fundação Novartis;
Giancarlo Fenini, consul-geral da Suíça.
Sessão 1: Estratégias globais em direção à transmissão zero da hanseníase
Moderador: Fareed Mirza, chefe de Pesquisa da Fundação Novartis
9h35 – Inovações no controle de doenças infecciosas
Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz
9h55 – Em direção à transmissão zero da hanseníase
Ann Aerts, diretora da Fundação Novartis
10h15 – Controle da hanseníase no Brasil
Carmelita Filha, coordenadora-geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde
10h35 – O que é necessário para eliminar uma doença
Patrick Lammie, pesquisador da Força-Tarefa para Saúde Global
10h55 – Coffee Break
11h20 – Painel de discussão
12h20 – Almoço
Sessão 2: Detecção precoce e interrupção da transmissão da hanseníase
Moderador: Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz
13h30 – Introdução
Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz
13h40 – Desenvolvimento de uma vacina contra a hanseníase
Steve Reed, presidente do Instituto de Pesquisa em Doenças Infecciosas
14h – Detecção molecular do M. leprae
Stewart Cole, pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausane
14h20 – Avançando no diagnóstico clínico da hanseníase
Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz
14h40 – Quimioprofilaxia preventiva pós-exposição
Jan Hendrik Richardus, professor do Centro Médico da Universidade Erasmus
15h – Vigilância global da resistência a medicamentos para hanseníase
Patrícia Sammarco Rosa, pesquisadora do Instituto Lauro de Souza Lima
15h20 – Coffee Break
15h45 – Painel de discussão
16h45 – Encerramento
Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz
Ann Aerts, diretora da Fundação Novartis
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