15/12/2016
Maíra Menezes (IOC)
Em um mundo globalizado, no qual o movimento de importação e exportação de alimentos faz parte do dia-dia, o controle dos surtos de infecção de origem alimentar depende da integração entre laboratórios dos diferentes países. Com o objetivo de aprimorar a atuação conjunta para monitoramento e controle destas doenças, pesquisadores da América Latina e do Caribe se reuniram de 15 a 17 de novembro, no Rio de Janeiro, para a 13ª reunião da Rede Regional de Subtipificação Molecular para Vigilância de Doenças Transmitidas por Alimentos – conhecida como Pulse Net América Latina e Caribe. Sediado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o encontro foi organizado em cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) e o Instituto Nacional de Enfermidades Infecciosas (Inei), da Argentina. Foi a primeira vez que a reunião anual da Pulse Net América Latina e Caribe foi realizada no Brasil.
Organizadora do evento, a pesquisadora Dália dos Prazeres Rodrigues, chefe do Laboratório de Enterobactérias, que atua como referência nacional em enteroinfecções bacterianas junto ao Ministério da Saúde, ressaltou a participação de representantes de todos os países das Américas do Sul e Central na reunião. “Ao detectar uma bactéria causadora de infecção alimentar, precisamos caracterizar a linhagem genética e consultar o banco de dados internacional para identificar a sua origem, o que permite orientar as ações de controle. A padronização de metodologias de análise e a cooperação entre laboratórios são fundamentais nesse processo”, afirmou a bacteriologista.
Além da troca de informações entre os países participantes, o encontro teve como foco a padronização do método de sequenciamento genético que deve passar a ser utilizado pela rede no futuro como modelo para análise dos microrganismos causadores de infecção alimentar. De acordo com Dália, a técnica já é adotada por alguns laboratórios e pode trazer avanços para a vigilância. “As mesmas espécies de bactérias enteropatogênicas, como Salmonela spp., Vibrio cholerae, Escherichia coli, ocorrem em diversos países. Portanto, para conhecer a origem de um microrganismo, utilizamos a técnica chamada de eletroforese em gel de campo pulsante, que identifica as diferentes linhagens de bactérias de uma mesma espécie. Esse método não permite, porém, observar diferenças muito pequenas entre patógenos de uma mesma linhagem, que podem ser detectadas pelo sequenciamento do genoma completo”, explicou a pesquisadora.