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Fundação participa de fóruns da ONU e do Vaticano, debatendo desafios da saúde

Foto da comitiva da Fiocruz na ONU

17/06/2016

Por: Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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Reconhecida internacionalmente por sua destacada atuação como instituição de pesquisa biomédica, a Fiocruz tem recebido cada vez mais convites para participar de fóruns que reúnem especialistas de todo o mundo para debater e pensar em soluções para os problemas de saúde. Em maio, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Jorge Bermudez, participou de um painel de alto nível convocado pelo cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz do Vaticano, em nome do papa Francisco, para discutir o papel de organizações religiosas e do setor privado no preenchimento das lacunas que existem no teste e tratamento do HIV em crianças com o vírus. A reunião foi organizada pelo Vaticano, pela Caritas Internacional e pela Unaids. Bermudez, que também foi convidado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, para integrar o Painel das Nações Unidas de Alto Nível sobre o Acesso a Medicamentos, participou de reuniões em Nova York, Londres e Johanesburgo, que têm como objetivo buscar novas formas de tratamento que beneficiem as populações mais vulneráveis pelo desenvolvimento de vacinas, medicamentos, diagnósticos e outras inovações. Ao final desse processo, o grupo enviará, em julho, um relatório com sugestões a Ban Ki-moon.

“As reuniões da ONU foram bastante democráticas, com a participação, além dos especialistas, de ONGs e ativistas, com transmissões ao vivo. Recebemos, a partir de uma chamada internacional, propostas e contribuições de governos, empresas, instituições de pesquisa, organizações sem fins lucrativos, instituições acadêmicas, juristas e grupos de pacientes, que agora estão sendo analisadas pelo grupo de 16 especialistas montado pelo secretário-geral da ONU”, conta Bermudez. “O centro da questão será a discussão sobre propriedade intelectual como barreira ao acesso e como superar as resistências, que ainda são fortes. A tecnologia tem que chegar às pessoas, com um enfoque que assegure a saúde como direito humano fundamental. Mas sou otimista”, afirma o vice-presidente.

Direitos humanos

Bermudez diz que é fundamental abrir a “caixa-preta” da indústria, já que o acesso à saúde e aos produtos do setor é um problema universal. “Precisamos garantir o acesso a todas as pessoas, em todos os países”, observa ele, que ficou emocionado com os relatos dramáticos que ouviu, nas reuniões promovidas pelo painel da ONU, de portadores de enfermidades e militantes de ONGs que atuam na área. “É preciso que essas questões passem a ser encaradas também pela ótica dos direitos humanos. Um novo sistema, que não encare a propriedade intelectual de medicamentos como qualquer outro produto, precisa ser debatido e implantado. A mesma indignação que, no passado, levou à luta contra a escravidão e ao apartheid e, hoje, à mutilação genital feminina, para dar apenas um exemplo atual, precisa ser canalizada para enfrentar esse problema: o baixo acesso de milhões aos produtos de saúde”, comenta Bermudez.

Ele acrescenta que este não é um problema apenas de países pobres que convivem com doenças negligenciadas, mas de populações negligenciadas, que se encontram também nos países ricos. “Nesse caso juntamos os cidadãos pobres das nações desenvolvidas e também a imensa legião de refugiados, cerca de 50 milhões, que estão longe de seus países natais”. O vice-presidente lembra ainda de doenças como hipertensão, diabetes e câncer, cujas taxas de incidência aumentam em todo o mundo, e da doença do sono, enfermidade africana que tem tratamento altamente tóxico. “Todas essas questões precisam ser resolvidas e com a urgência que milhões de desassistidos necessitam”.

Em Roma, Bermudez participou do fórum convocado pelo Vaticano com cerca de 50 outros especialistas, que foram exortados a encontrar novas possibilidades que permitam às crianças com HIV um maior acesso aos tratamentos e aos diagnósticos que salvam vidas. A reunião teve como texto-base a encíclica Laudato si, na qual o papa Francisco critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. “A encíclica também aborda a questão da propriedade intelectual. Em breve haverá uma nova reunião e ao final será entregue um documento ao papa”, diz Bermudez, que ficou hospedado na Casa Santa Marta, onde reside Francisco.

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