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Pesquisa de percepção do público sobre ciência marca abertura da SNCT 2015


21/10/2015

Por Philippe Matta (VPEIC/Fiocruz)

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Foi iniciada na última segunda-feira (19/10), a participação da Fiocruz na12ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Realizada no auditório do Museu da Vida, a conferência de abertura contou com uma palestra oferecida pelo vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, na presença do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, da vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Lima, do diretor da Casa de Oswaldo cruz (COC/Fiocruz), Paulo Elian e da secretária geral da SBPC, Claudia Levy. 

Em sua fala, o físico Ildeu de Castro apresentou dados de sua enquete, realizada com o objetivo de entender a percepção pública sobre a ciência. Com os resultados - se lidos de maneira adequada, segundo ele – é possível desenvolver um programa de política pública mais adequado às necessidades e realidades do país. “Acho que estamos vivendo um momento difícil e devemos desenvolver estratégias para lidar com isso. No Brasil, temos uma opinião muito ‘rasteira’, que desqualifica as pessoas, como se a população não tivesse capacidade de opinar ou compreender assuntos mais complexos. Mas quando vemos os resultados dessa enquete, vemos que, apesar da educação precária e das dificuldades que o povo enfrenta, o coletivo brasileiro tem uma consciência muito madura sobre o que é Ciência e Tecnologia, sua importância e quais são as áreas importantes para que o país tenha uma política pública”, explicou.

A pesquisa apresentada por Ildeu foi realizada em um âmbito nacional e finalizada este ano. Foram ouvidas aproximadamente 2 mil pessoas em todo o Brasil e os resultados foram comparados às amostras realizadas em 2006 e 2010, já apresentando determinadas mudanças no comportamento e tendências da população. “Nossos alunos, em sua grande maioria, possuem um aparelhinho em seus bolsos que está conectado com o mundo inteiro. As escolas têm ignorado isso, e a utilização desse recurso é feito de uma maneira muito rudimentar. Temos que perceber o imenso potencial que está por trás dessas novas tecnologias e saber utilizá-las a nosso favor”, comentou Ildeu.

Mesa de abertura 

Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a conferência foi uma oportunidade para relembrar a história da Fundação e a construção da imagem da instituição junto ao Castelo Mourisco, destacando a importância deste trabalho para a pesquisa científica e sua devida divulgação. “Até por sua posição geográfica, as pessoas viam a instituição de longe, e notava-se a imponência que o castelo representava, o que foi fundamental para consolidar o peso de uma nova ciência brasileira. Porém, ao mesmo tempo, a Fiocruz era vista com um certo distanciamento. À sua maneira, nossos pioneiros tentaram fazer um movimento de aproximação com a população, por meio de textos, exposições gráficas e novas tecnologias. Mas a primeira vez que o castelo foi visitado pela população, foi na década de 1970. Até então, o castelo, inaugurado em 1900, era acessível apenas para convidados e funcionários", comentou Gadelha.

Segundo ele, esse distanciamento se deu em toda a esfera da saúde e constituiu uma conferência de ciência e tecnologia no âmbito da saúde, proporcionando pela primeira vez a participação da população em geral. "Uma das questões mais difíceis para aqueles que trabalham nessa área é como fazer com que, de fato, a população possa compreender todo o processo de produção científica e também transferir o conhecimento em ações como cidadãos, esclareceu. "A Fiocruz se institucionalizou de forma a auxiliar nesse ideal de uma informação acessível, por meio da criação de instituições como o Museu da Vida, pós-graduações na área, entre diversas outras iniciativas espalhadas por todos os campi. Hoje temos a possibilidade, com esses exemplos, de contribuir no avanço deste objetivo. Devemos alertar a população sobre as questões da política e da necessidade de manter a C&T como algo central para um desenvolvimento integral de um cidadão. Devemos fazer ciência para a defesa da vida”.

A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade, destacou o lançamento da 8ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), a importância da comunicação científica e o papel de âncora da Casa de Oswaldo Cruz. Para Nísia, eventos como a SNCT, instituições como museus e centros de ensino tem uma função muito importante para o desenvolvimento da Base Comum de Ensino. “A adesão das unidades tem sido muito boa, com muitas propostas. Muita coisa boa vai acontecer, coisas que seguem, na minha opinião, a linha do Prêmio José Reis. Não só aqui no Rio, mas em todo o Brasil. Todos trabalhamos juntos para que tenhamos esse resultado", disse."Para nós, na Fiocruz, é um momento importante pois temos a 8ª edição da OBSMA. Um dos eixos que colocamos no Prêmio José Reis foi a relação com a educação formal, com as escolas e como uma instituição como a Fiocruz pode contribuir. A Olimpíada se destaca nesse quesito, pois é algo de criativo que recolhemos dos professores e estudantes do país e isso é muito gratificante”.

O diretor da COC/Fiocruz, Paulo Elian, destacou a importância desta edição da SNCT no contexto em que se insere, em relação ao Prêmio José Reis e o recebimento do acervo e biblioteca José Reis, trazido para a instituição como uma doação da família. “As ciências como um todo e a Fiocruz, por ter essa presença e atuação em diversas áreas - como as Ciências da Saúde, a Biomédica, Ciências Humanas, Saúde Coletiva, entre outras - tem uma grande responsabilidade de desenvolver uma boa relação com o público. Estaremos sempre nessa luta, de uma ação política para defesa desta área que consideramos importante para o desenvolvimento do país; para um projeto de nação em que a ciência ocupa um lugar muito singular. É uma grande satisfação participar da Semana e estar aqui ajudando nesse trabalho de divulgação científica”, declarou.

Em sua fala, a secretária geral da SBPC, Claudia Levy, parabenizou a organização da Semana e destacou a parceria da SBPC com o Ministério da Ciência e Tecnologia e comentou sobre o “jeitinho brasileiro” aplicado à Ciência. “Até pouco tempo atrás, a ciência no Brasil contava com pouquíssimos recursos. Tivemos uma mudança nesse cenário nos últimos 15, 20 anos. Agora nossa capacidade de adaptação está sendo colocada novamente sob teste, porém não acredito em um retrocesso. O famoso ‘jeito brasileiro’ de fazer ciência fez muito sucesso lá fora justamente pela nossa capacidade de resolver problemas de maneira criativa por conta das dificuldades que encontramos ao desenvolver nosso trabalho", comentou. "A divulgação científica se associa muito a esse espírito empreendedor e inventivo do cientista brasileiro. Essa vontade de se relacionar com o público vem muito da nossa cultura e acredito que a SNCT veio para ficar. O fato de ser feita anualmente cria uma força, diferente das ações individuais”.

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia continua e a Fiocruz tem umaprogramação completa que se estende até o dia 23 de outubro. Consulte a agenda com todas as atividades e fique por dentro de tudo que acontecerá na 12ª edição da SNCT.

Leia também na página da Agência Fiocruz de Notícias.

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