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Número de pesquisadores caiu à metade, em 1974


18/05/2015

Keila Maia

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Em 1970, sob gestão de José Guilherme Lacôrte, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) viraria Fundação Oswaldo Cruz, englobando a Escola Nacional de Saúde Pública, o Instituto de Produção de Medicamentos, o Instituto Fernandes Figueira, o Instituto de Endemias Rurais, o Instituto Evandro Chagas e o Instituto de Leprologia. Mas os anos que se seguiram à cassação dos pesquisadores trouxeram muitas dificuldades, devido aos baixos salários e à falta de profissionais.

“Antigos funcionários do IOC tiveram que optar pelo regime de CLT. Muitos não concordaram e foram transferidos para outras instituições, como o Instituto Nacional do Câncer. Na década de 1960, o IOC contava com aproximadamente 140 pesquisadores; em 1974, esse número caiu para 70”, afirma a cientista política Wanda Hamilton, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).

Segundo ela, a situação da Fiocruz só começaria a melhorar após 1976, com a nomeação do economista Vinícius Fonseca para a presidência da Fundação. O entomologista José Jurberg concorda: “Nesse tempo, apresentávamos projetos de entomologia e éramos autorizados a contratar pessoas e a comprar o que fosse necessário. Foi assim que o departamento foi refeito”, conta.

De fato, a contratação de pesquisadores foi uma das prioridades. O especialista em doenças tropicais Carlos Morel e o sanitarista Sérgio Arouca, por exemplo, chegaram ao instituto através de um concurso realizado na gestão dele. Em entrevista às pesquisadoras da COC Wanda Hamilton e Nara Azevedo, em 1986, após a anistia e reintegração, Vinícius da Fonseca relatou que, na época, mesmo aprovados, os dois cientistas haviam sido vetados pelo Serviço Nacional de Informação (SNI) por antecedentes políticos. “Um dos méritos do Dr. Vinícius foi contrariar os direcionamentos do SNI, sempre que considerasse que as contratações valiam a pena”, destaca Wanda. Morel e Arouca, anos depois, seriam eleitos presidente da Fiocruz.

Reintegração dos cassados

Vinícius da Fonseca ficou na presidência da Fiocruz até 1979. Foi nessa época que começaram os primeiros movimentos reivindicando a volta dos pesquisadores cassados, bem às vésperas da sanção da Lei da Anistia. Levariam, entretanto, mais alguns anos para que acontecesse a reintegração, concretizada na gestão de Sérgio Arouca.

“Lembro-me que o Arouca era candidato a presidente da Fundação e, em um evento público anterior às eleições, levantei a mão e perguntei, se eleito, qual seria a posição dele em relação aos cassados. Ele disse: ‘Vou admiti-los no dia seguinte’. Dito e feito: assim que assumiu a presidência, ele me procurou e pediu que eu fizesse contato com cada um deles”, conta José Jurberg.

Todos os cientistas cassados aceitaram voltar, exceto Herman Lent, que estava comprometido com outro trabalho. Ao retornarem, alguns deles sugeriram nomes de especialistas que considerava importantes para o desenvolvimento das pesquisas que iriam realizar. Sérgio Arouca autorizou todas as contratações.

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'Antigos funcionários do IOC tiveram que optar pelo regime de CLT. Muitos não concordaram e foram transferidos para outras instituições' (Wanda Hamilton, cientista política da COC/Fiocruz)

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