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Radar Saúde Favela lança edição sobre presenças indígenas em centros urbanos


06/06/2024

Nathalia Mendonça (Coordenação de Cooperação Social)

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Está disponível para download a 27ª edição do Radar Saúde Favela, informativo editorado pela Coordenação de Cooperação Social. O número destaca a temática das presenças indígenas e afro-indígenas nos centros urbanos e apresenta ao público três entrevistas com duas mulheres indígenas e um homem afro-indígena. Os depoimentos abordam a memória, ancestralidade, cultura, racismo e sobrevivência dos povos em diversos contextos. Além disso, a nova edição publicou o documento produzido no encontro de indígenas em centros urbanos de Rondônia. Acesse aqui a nova edição do Radar Saúde Favela.

A seção Debates apresenta a entrevista com Adriana Fernandes Carajá, mulher indígena do povo Karirí-Sapuyá, nordestina, mestre em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência e doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGAN/UFMG). Ela, que também é pajé, raizeira e benzedeira, aborda os desafios do acolhimento de alguns indígenas e lideranças que estão nas aldeias em relação aos que estão em retomada.  

As retomadas caracterizam um processo de retorno aos saberes, cultura e terras que foram tiradas desses povos através de práticas, políticas de acesso aos territórios e à cultura, aos ritos e à ancestralidade. A entrevistada também comenta sobre o autorreconhecimento, a autodeclaração e a instauração de bancas de heteroidentificação para aferir a condição racial. “Geralmente esses debates políticos têm como pano de fundo a negação ao outro, a tentativa de apagamento e ou a imposição de teses em que indígena jamais foram chamados a construir, nem como protagonistas ou mesmo coadjuvantes, a invisibilização tomou contornos colonizadores desde a vinda de estrangeiros para as américas e pós 1500 no Brasil que foi invadido e saqueado”, afirma Adriana. O texto também apresenta o crescimento do movimento indígena no Brasil e o processo de mobilização que deu origem à criação da Rede Nacional de Articulação dos Indígenas em Contextos Urbanos (Reniu).  

Em Memória, seção dedicada ao passado de favelas e periferias, a nova edição do Radar Saúde Favela traz a visão de Márcia Mura, mulher guerreira do Rio Iruri, atual Rio Madeira, na Amazônia. Márcia é Coordenadora do Coletivo Mura, que atua com famílias em contextos urbanos, ribeirinhos e extrativistas no Rio Madeira. O coletivo está interligado às lutas dos povos que vivem em contextos demarcados e reivindicados, e em contextos urbanos, em Manaus e em todo o Amazonas e Rondônia.  

A entrevista apresenta o debate sobre os indígenas vivendo em contexto urbano na região do Rio Madeira, a memória indígena familiar, a invisibilização da cultura e conhecimento, o etnocídio e violação de direitos dos rios, matas e seres que habitam esses espaços. O relato de Márcia reforça também a necessidade de políticas públicas voltadas aos indígenas que se encontram na cidade e em outros contextos, ribeirinhos e extrativistas.  

Nesta edição, a seção Ensaios também apresenta a entrevista com Gilberto Oliveira, conhecido artisticamente como Margem do Rio, farmacêutico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e residente do 2º ano do Programa Multiprofissional de Residência em Saúde da Família na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Gilberto é amazonense, homem afro-indígena, fotógrafo e artista visual. Seu relato traz um panorama sobre os processos de autodeclaração das identidades indígenas e negras, cada vez mais presentes nos centros urbanos.  

A seção também apresenta a curadoria de imagens, fotografadas por Gilberto Oliveira, que retratam a resistência indígena e a luta pela demarcação territorial na manifestação contra o Projeto de Lei 490, que restringiu a demarcação de terras indígenas àquelas que comprovarem ocupação datada de 5 de outubro de 1988.  

Encerrando a 27ª edição, a seção O que tá pegando apresenta o Manifesto da I Conferência Indígena de Contexto Urbano, Ribeirinho e Extrativista de Rondônia, realizado em março de 2023, em Guajará Mirim, município do estado de Rondônia. A declaração divulgada repudia a postura do Estado de Rondônia por não cumprir a legislação da educação escolar indígena específica e diferenciada, com garantia do que está presente nos documentos oficiais. Além disso, o manifesto repudia práticas etnocidas que impactam os processos culturais nas escolas em âmbitos urbano, ribeirinho e extrativista. 

Próximo lançamento: podcast Radar Saúde apresenta entrevista com Moara Tupinambá 

O podcast Radar Saúde Favela tem a proposta de ser um instrumento de comunicação e legitimação das demandas das favelas por direitos. Em seu próximo episódio, recebe a artista indígena Moara Tupinambá que discute sua relação com a arte, lugar de origem, ancestralidade, trajetória e a presença indígena na cena artística contemporânea.  

Sobre o projeto  

O Radar Saúde Favela tem foco em produzir e difundir informa­ções sobre a situação de saúde e da sua de­terminação social em favelas e periferias de centros urbanos, lançando luz sobre as diversas dimensões de precariedade que afetam de forma diferenciada as popula­ções que habitam em territórios socioam­bientalmente vulnerabilizados. Artigos de opinião, podcast, vídeos e a própria edição da revista (desde agosto de 2020) são alguns dos formatos publicados pelo projeto. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a saúde em seus territórios a qualquer momento para o e-mail: radarsaudefavela@fiocruz.br.  

 

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