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InfoGripe alerta para outras SRAGs em crianças além da Covid-19


28/10/2021

Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)

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O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz divulgado nesta quinta-feira (28/10) alerta para o reaparecimento de outros vírus respiratórios que vem causando Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças de 0 a 9 anos, como é o caso do Bocavírus e das Parainfluenza 3 e 4. Esses se somam aos casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e de Rinovírus, que reapareceram e já vem sendo registrados desde o começo de 2021. A análise verificou que nessa faixa etária houve aumento significativo de registros de VSR, com valores semanais superiores aos observados para Sars-CoV-2 (Covid-19). O VSR é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas.

De 0 a 9 anos, foi observada uma estabilização de casos semanais de SRAG em valores entre 1.000 e 1.200, próximos ao que se registrou no pico de julho de 2020 (1.282 casos na Semana Epidemiológica 29). Nas demais faixas etárias, o patamar atual representa os menores valores desde o início da pandemia no país. A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 42, período de 17 de setembro a 23 de outubro. Tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 25 de outubro.

“O número de casos de SRAG segue abaixo dos picos de março e maio deste ano, porém mantendo valores superiores aos de 2020. Houve apenas um leve aumento nas últimas semanas em alguns locais, mas se mantendo dentro da média recente. O importante é destacar essa volta de outros vírus respiratórios gerando SRAG”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. 

Entre a população adulta (20 anos ou mais), observa-se um predomínio praticamente absoluto de detecção de Sars-CoV-2 (Covid-19) entre os casos de SRAG. No que se refere à crianças e adolescentes, o predomínio de SRAG se mantém na faixa de 10 a 19 anos, porém com maior presença de casos positivos para o Rinovírus. 

Segundo Gomes, a análise dos casos entre crianças de 0 a 9 anos por estado indica que o reaparecimento de outros vírus respiratórios é mais presente na região Centro-Sul do país. Já no estado de São Paulo houve aumento de casos positivos para Bocavírus, Parainfluenza 3 e Parainfluenza 4 nessas faixa etária. No momento, o número de casos semanais positivos para cada um desses vírus se assemelham aos de Sars-CoV-2, porém ainda se encontram abaixo dos casos de VSR.

Em São Paulo chama a atenção o aumento de casos em crianças de 0 a 9 anos positivos para Bocavírus, Parainfluenza 3 e Parainfluenza 4 durante os meses de agosto e setembro. A média de casos positivos por semana para cada um desses vírus - que se encontra entre 15 a 20 casos - já se aproxima do registrado para Sars-CoV-2. No entanto, ainda é inferior à média semanal de registros positivos para VSR: cerca de 35 casos no mesmo período. 

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina também se observa ligeiro aumento no número de casos positivos para Parainfluenza 3 no mês de setembro entre crianças, aproximando-se ao número de casos semanais positivos para Sars-CoV-2. No Rio Grande do Sul, entretanto, os casos de VSR continuam sendo mais prevalentes nessa faixa etária. “Quanto ao Bocavírus em crianças, além do aumento em São Paulo, verifica-se presença no Amazonas, porém em situação estável em volume similar ao que se observa para Rinovírus, VSR e Sars-CoV-2”, destaca Gomes.

Nos estados, o sinal de aumento de SRAG na faixa de 0 aos 9 anos nas últimas semanas foi constatado essencialmente no Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, Sergipe e Rio de Janeiro. “No estado fluminense tal aumento não se reflete na tendência dos casos em geral por conta da manutenção de queda nas demais faixas etárias. No Rio Grande do Sul, em particular, observa-se um crescimento muito expressivo de casos em crianças ocorridos e digitados na SE 42, sem atraso de digitação (tempo entre semana de primeiros sintomas e inserção do caso no Sivep-Gripe, que pode levar pelo menos 2 semanas), gerando um aumento de casos desproporcional. Tal situação é particular apenas da macrorregião de saúde Norte do estado e pode estar associada a eventual inconsistência no registro, pois é bastante atípica”, ressaltou Gomes.

Virus Sincicial Respiratório 

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é mais preocupante em bebês prematuros, cardiopatas ou com problemas crônicos no pulmão. Em crianças de até dois anos, é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante seu período de maior incidência. Crianças com menos de cinco anos têm maior risco de desenvolver formas graves. Cerca de 10 a 15% dos casos em bebês menores de dois anos necessitam de internação hospitalar, às vezes, na UTI.

SRAG no país

Em nível nacional, há indícios de estabilidade de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de crescimento leve na tendência curto prazo (últimas quatro semanas). No entanto, segundo Gomes, por se tratar de crescimento leve é ainda compatível com cenário de estabilidade. “No entanto, aponta necessidade de cautela e acompanhamento adequado do impacto das medidas de flexibilização em decorrência da interrupção na tendência de queda”.

SRAG nos estados

Apenas dez das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a SE 42: Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e Sergipe. No entanto, na maioria desses estados o cenário de crescimento recente é compatível com oscilação em torno de um valor estável. 

Nos demais estados, 15 apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo - Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Seis UFs sinalizam crescimento apenas na tendência de curto prazo. São elas Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Santa Catarina, porém todas com situação compatível com oscilação em torno de valor estável.

Já Amapá, Espírito Santo, Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e Sergipe têm sinal forte de crescimento (prob. > 95%) na tendência de longo prazo. Alagoas, Ceará e Piauí apresentam indícios de crescimento moderado (prob. > 75%) também na tendência de longo prazo. Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Santa Catarina têm crescimento apenas na tendência de curto prazo e compatível com cenário de leve oscilação. 

SRAG nas capitais 

Na presente atualização, observa-se que oito das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a SE 42: Boa Vista (RR), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Maceió (AL), Natal (RN), Salvador (BA), Teresina (PI) e Vitória (ES). "No entanto, assim como destacado para os estados, a análise da evolução temporal por faixa etária sugere tratar-se apenas de crescimento leve compatível com oscilação ao redor de patamar estável”, afirma Gomes. 

Em nove capitais observa-se sinal de queda na tendência de longo prazo: plano piloto de Brasília e arredores (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Além disso, quatro capitais apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas): plano piloto de Brasília e arredores (DF), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Recife (PE). Porém, os dados sugerem apenas tratar-se de leve crescimento associado à possível oscilação.

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