07/10/2015
Danielle Monteiro (CCS/Fiocruz) e Comunicação do Consulado Britânico
O presidente da comissão Antimicrobial Resistence (AMR), Jim O’Neill, e a conselheira chefe do Governo Britânico para assuntos de saúde, Sally Davies, reuniram-se com gestores e pesquisadores da Fundação (5/10) para apresentar estudos que alertam para os problemas relacionados à resistência antimicrobiana. O objetivo da visita ao Brasil é alertar autoridades, empresas farmacêuticas e produtores do setor agrícola-pecuário sobre os riscos associados ao aparecimento, à propagação e à contenção da resistência aos medicamentos, além de conhecer o que é feito no país em termos de pesquisa e de políticas públicas para enfrentar o problema.
Durante o encontro, os participantes discutiram uma possível parceria entre a Fiocruz e a AMR para o desenvolvimento de ações em pesquisa e formação de recursos humanos que visem à redução da resistência a antimicrobianos. “Isso implica pesquisas para a criação de ferramentas para o diagnóstico rápido de infecções por patógenos resistentes, ações de controle do uso indiscriminado do solo e vigilância de patógenos resistentes em esgoto”, explicou o coordenador adjunto de pós-graduação da Fiocruz e coordenador do encontro, Milton Moraes. Segundo ele, a Fundação vai organizar um grupo para discutir a interlocução com a AMR.
Também conhecido por ter criado em 2001 o termo BRIC para denominar as economias emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, O’Neill coordena a pesquisa encomendada pelo governo britânico para apurar o custo humano e financeiro dos riscos de infecções resistentes a medicamentos. De acordo com o primeiro relatório publicado em dezembro de 2014, caso não sejam tomadas medidas, essas infecções, até 2050, poderão matar pelo menos 10 milhões de pessoas anualmente, ao custo de 100 trilhões de dólares. Até 2016, o especialista e sua equipe recomendarão um pacote de ações para enfrentar a ameaça crescente da resistência antimicrobiana. “Acredito que o Brasil possa desempenhar um papel global de liderança ao incluir a resistência antimicrobiana como tópico relevante de discussão em reuniões do G20 e na Assembleia Geral da ONU. Quero conhecer lideranças nacionais para entender como o país pode colaborar no desenvolvimento de novas drogas e métodos de diagnóstico”, afirmou.
Sally Davies comparou o emergente tema da resistência antimicrobiana às mudanças climáticas. “Isso nos afetará antes mesmo das mudanças climáticas, se não fizermos algo a respeito. As infecções resistentes a medicamentos são um problema global que pedem uma solução global”, comentou Davies, que lidera o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido e também é membro do Conselho-Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Atualmente as infecções de superbactérias, associadas a doenças como a tuberculose, matam cerca de 700 mil pessoas por ano ao redor do mundo, ao passo que cânceres matam 8,2 milhões. De acordo com as projeções do estudo de O’Neill, as mortes anuais relacionadas a casos de doenças resistentes a antibióticos poderão chegar em 2050 a 4,7 milhões na Ásia, 4,1 na África e 392 mil na América Latina.
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