08/03/2017
Por: Fabíola Tavares (Fiocruz Pernambuco)
Passado mais de um ano de epidemia de bebês nascidos com microcefalia e outras doenças congênitas causadas pela zika, ainda há muitas perguntas a serem respondidas para que se possa explicar a relação entre o vírus zika e a síndrome congênita que ele provoca e sobre futuro dessas crianças. Na busca por esclarecimentos, o Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (Merg), formado por pesquisadores da Fiocruz Pernambuco, universidades Federal e estadual de Pernambuco e outras instituições, estão convocando mães que tiveram manchas avermelhadas pelo corpo durante a gestação e seus filhos, inclusive aqueles que nasceram aparentemente saudáveis, a participarem de um estudo. O objetivo da pesquisa é identificar se essas crianças desenvolveram tardiamente ou virão a desenvolver agravos relacionados à síndrome congênita do zika. Para isso, os bebês são submetidos a exames clínicos para detecção de sintomas, como calcificação no crânio, problemas visuais ou auditivos.
O primeiro contato com essas mães é feito por meio do número de telefone fornecido por ela quando procurou uma unidade de saúde com manchas pelo corpo. Aceitando participar, elas são entrevistadas, em seus domicílios, dando informações sobre histórico da gravidez, uso de medicação, de bebidas alcoólicas e condições socioeconômicas e têm sangue coletado para confirmar se tiveram ou não zika. Já as crianças são encaminhadas para consulta com pediatra para fazer ultrassom e terem sangue coletado. Tudo com hora marcada. Também são agendadas consultas com neurologista, otorrino e oftalmologista. As crianças que entrarem no estudo serão acompanhadas por quatro anos.
De fevereiro de 2016 a fevereiro deste ano, cerca de 600 mães/gestantes foram contatadas para fazer parte da pesquisa. No entanto, apenas metade dos bebês nascidos dessas mulheres foram examinados pelas equipes multidisciplinares de saúde. A microcefalia é o agravo mais grave entre bebês nascidos de mães que tiveram zika na gestação, mas não é o único problema de saúde apresentado por essas crianças. Há registros de casos de epilepsia, deficiências auditivas e visuais, e atraso no desenvolvimento psicomotor, entre outras questões.
“Há crianças que nascem aparentemente normais mas não se sabe se elas vão apresentar algum problema no futuro. Trazer as crianças para serem vistas por especialistas que estão na pesquisa permitirá uma intervenção mais precoce, caso seja detectado algum sintoma antes não percebido. Além disso, gera conhecimento que será importante para orientação das futuras grávidas”, destaca o coordenador da pesquisa, o professor da UPE Ricardo Ximenes (foto), que faz parte do Merg.
O alvo da pesquisa tem sido as mães notificadas pela Secretaria Estadual de Saúde, porém mulheres que apresentaram manchas vermelhas na gestação, mas não procuraram ajuda médica nesse período, e seus filhos também podem participar do estudo. Para isso, é preciso entrar em contato com a equipe da pesquisa pelos números (81) 2123.7846 e 9.9750.0158.
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