15/02/2017
Fonte: Fiocruz Pernambuco
Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco desenvolveram uma nova vacina contra a febre amarela. Baseada no RNA do vírus, ela foi testada em camundongos e os resultados alcançaram 100% de proteção, mesmo índice alcançado pela vacina convencional hoje ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as vantagens desse novo imunizante, está a possibilidade de ser ofertada para os grupos de risco da vacina de vírus atenuado (crianças, gestantes, idosos, imunodeprimidos e pessoas com alergia a proteínas do ovo) além da capacidade de produção em larga escala.
A maior cobertura da vacina de DNA pode constituir um benefício a mais para a população em época de surto da doença, como ocorre agora no Brasil, onde já foram registrados 1.170 casos suspeitos em seis estados, tendo sido confirmadas mortes em três deles. Outra vantagem é que a nova vacina é mais segura. “A segurança está no fato da imunização ser feita sem a presença do vírus vivo, mesmo que enfraquecido, o que torna nula a chance de ocorrer reações adversas e provocar óbito, pelo fato do DNA ser considerado uma molécula inerte no nosso organismo”, afirma Rafael Dhalia, que desenvolveu o imunizante, já patenteado em todo o mundo, junto com o seu colega médico Ernesto Marques. Ambos são pesquisadores do Departamento de Virologia e Terapia Experimental (Lavite) da Fiocruz Pernambuco.
Dhalia, que é doutor em Biologia Molecular, também destacou como benefício da vacina de DNA, o fato de ela poder ser produzida em larga escala, em grandes fermentadores, com cultura de bactérias. Já a vacina convencional utiliza uma tecnologia de meados da década de 1930, na qual são usados ovos fecundados para o cultivo dos vírus usados no imunizante, o que pode ser considerado um limitante em relação a capacidade de escalonamento da produção.
Antes de chegar ao mercado, a vacina criada na Fiocruz PE precisa ser testada em humanos para se assegurar de sua segurança e eficácia. “Nessa etapa de testes a pessoa toma a vacina de DNA e depois de um tempo recebe a vacina convencional. Se após essa segunda aplicação o vírus vacinal não se multiplicar no organismo, isso significa dizer que a vacina de DNA é capaz de neutralizar a infecção causada pelo vírus da febre amarela. Testes de avaliação de anticorpos neutralizantes, e desafios com cepas não letais da febre amarela, também devem fazer parte desses testes.
Nos ensaios pré-clínicos feito com cem camundongos de duas espécies, 80 receberam a vacina de DNA e 20 não. Após injetar o vírus da febre amarela em todos eles, só sobreviveram os que foram imunizados, o que revela a mesma eficiência da vacina convencional nesses animais. Os resultados desse teste estão relatados no artigo Uma vacina de DNA contra o vírus da febre amarela: desenvolvimento e avaliação, publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases. Nesse momento a Fiocruz contratou a empresa de conhecimento a inovação, a Wylinka, que está prospectando possíveis parceiros comerciais para os testes clínicos e produção em larga escala dessa nova vacina.
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