30/01/2018
Fonte: IOC/Fiocruz
No enfrentamento de uma situação desafiadora de saúde pública, como o recente aumento de casos de febre amarela no país, um trabalho técnico de retaguarda se torna ainda mais relevante: o diagnóstico laboratorial de casos suspeitos, por meio de técnicas especializadas. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua na rotina de identificação de casos desde a década de 1990, por meio do Laboratório de Flavivírus.
A confirmação laboratorial dos casos é fundamental não apenas para orientar o tratamento da doença, mas também para a vigilância da circulação do vírus e a adoção de medidas de controle através da vacinação. Esse processo inclui o esclarecimento de casos humanos e de ocorrências da infecção entre macacos: como o ciclo silvestre do vírus envolve primatas, é fundamental obter respostas sobre as chamadas epizootias (a ocorrência de casos entre animais).
Referência regional para febre amarela junto ao Ministério da Saúde, o Instituto realiza o diagnóstico de amostras provenientes dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Desde 2017, o Laboratório de Flavivírus também analisa, por designação do Ministério da Saúde, amostras do Ceará e do Rio Grande do Norte. “O laboratório tem uma trajetória de mais de duas décadas na investigação de situações relacionadas à febre amarela no país. Estamos, mais uma vez, atuando na rápida resposta técnica a uma demanda da saúde pública brasileira”, destaca a virologista Ana Maria Bispo de Filippis, chefe do Laboratório de Flavivírus.
Técnicas disponíveis
Quando uma amostra chega ao laboratório, diferentes metodologias podem ser adotadas para confirmar se o caso é de febre amarela. O método escolhido depende do momento da doença em que as amostras são coletadas. De acordo com o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, para diagnóstico de casos agudos da febre amarela, até 10 dias após o início dos sintomas, é usada a técnica de PCR em tempo real para a detecção do material genético do vírus a partir de fluidos e tecidos (tanto amostras de tecido frescas quanto amostras de tecido embebidas em blocos de parafina para conservação). O laboratório foi o primeiro no Brasil a utilizar métodos moleculares como o PCR no diagnóstico de febre amarela, no ano 2000 – até então, o método de diagnóstico utilizado no país para confirmação de casos agudos ou óbitos era limitado à técnica de isolamento viral, que tem procedimentos mais demorados.
Outra metodologia adotada para o diagnóstico são os testes sorológicos, que identificam a presença de anticorpos contra o vírus produzidos pelo organismo do paciente em resposta à infecção. Os testes sorológicos não são indicados para o diagnóstico da fase aguda da doença, mas apenas a partir do sexto dia após o início dos sintomas ou mesmo após o final dos sintomas. A análise permite dizer se o indivíduo foi infectado anteriormente pelo vírus. No caso de amostras de animais, tendo em vista o risco da presença de outros patógenos, o protocolo de análise exige o processamento em laboratório de nível de biossegurança 3.
Nos casos de óbito de humanos ou macacos, o diagnóstico pode adotar ainda testes de histopalogia e imunohistoquímica, que usam amostras de tecidos acondicionadas em uma substância chamada formalina. Nessa situação, as amostras são analisadas pelo Serviço de Anatomia Patológica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
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