13/06/2017
Fonte: ICC/Fiocruz
Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) é o destaque de capa da edição de junho da revista científica Molecular Microbiology. A pesquisa investigou o Trypanosoma cruzi, parasita causador da doença de Chagas, que apresenta em seu ciclo de vida quatro formas evolutivas que infectam desde o inseto vetor da doença (o barbeiro) até o hospedeiro mamífero. O estudo teve como foco a investigação de uma dessas formas, chamada de epimastigota, presente no tubo digestivo do barbeiro. Os resultados evidenciaram que, nesta fase, o parasita possui característica biológicas nunca antes evidenciadas e colocam em xeque um paradigma centenário de que formas epimastigotas não são capazes de infectar o ser humano.
“A pesquisa mostrou que, diferentemente do que se acreditava há mais de um século, epimastigotas recém diferenciados destacam-se por suas características relacionadas à infectividade ao hospedeiro mamífero, tanto em cultivos celulares in vitro quanto em modelo animal in vivo, à resistência ao sistema imune inato do hospedeiro mamífero e à expressão de diferentes fatores de virulência em comparação com as demais formas do ciclo de vida do parasita” , explica Rafael Kessler, pesquisador do Laboratório de Genômica Funcional do ICC. “O estabelecimento e otimização de protocolos de epimastigogenese, tanto in vitro como in vivo, possibilita o estudo de peculiaridades do ciclo de vida de T. cruzi nunca antes vislumbradas, e foi passo crucial para a descoberta do estágio infectivo epimastigota recém diferenciado (rdEpi)”, explica Kessler, primeiro autor do artigo publicado na Molecular Microbiology. A descoberta, segundo o pesquisador, pode contribuir para entender por que a infecção por T. cruzi pela via oral – por meio da ingestão de alimentos contendo insetos barbeiros (triturados durante o preparo de sucos) –, apresenta, geralmente, uma fase aguda mais intensa. A pesquisa também mostrou, de forma inédita, as outras formas de evolução são capazes de diferenciar as características da forma epimastigota.
O trabalho, desenvolvido em um período de seis anos, resultou no estabelecimento de uma nova linha de pesquisa, com ênfase na investigação da interação parasita-hospedeiro. Os próximos passos incluem a investigação da infectividade do rdEpi por via oral e os alvos celulares de preferência do parasito no hospedeiro mamífero.
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