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8ª ConfOA: Workshops detalham princípios FAIR e repositórios abertos nacionais 


11/10/2017

Por Claudio Oliveira e Marcelo Garcia - Portal Fiocruz

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Encerrando a programação da 8ª Conferência Luso-Brasileira de Acesso Aberto (ConfOA), na sexta-feira (6/10) foram realizados dois workshops que contaram com a presença de profissionais de diversas instituições. O primeiro Workshop, Gestão de Dados de Pesquisa: os princípios FAIR e as estratégias institucionais, teve como participantes Barend Mons, da iniciativa FAIR Data, e Pedro Príncipe, da Universidade do Minho, com o objetivo detalhar os princípios FAIR e debater a implementação deles nas instituições brasileiras. O outro, realizado por Tainá Assis (Ibict), José Carvalho e Raquel Truta (Universidade do Minho), apresentou exemplos de plataformas de compartilhamento de informações em acesso aberto adotadas por instituições brasileiras. 

Barend Mons, que já havia participado da abertura do evento, voltou a defender a necessidade de uma boa administração de dados de pesquisa para o desenvolvimento da ciência aberta. O holandês é um dos responsáveis em promover a GO Fair, iniciativa europeia que tem como base uma gestão de dados de pesquisa amparada em quatro princípios: Encontrabilidade, Acessibilidade, Interoperabilidade e Re-usabilidade (FAIR, na sigla em inglês). 

Os princípios FAIR visam desenvolver a capacidade de lidar com enorme quantidade de dados de pesquisa, desde sua coleta, anotação e arquivamento até sua administração e preservação a longo prazo, para que sejam potencialmente encontrados e reutilizados no futuro. “Os princípios visam criar uma base comum: cada país e instituição pode escolher as ferramentas e sistemas que adotará, desde que estes preservem os princípios FAIR”, explica o pesquisador. “É preciso começar a produzir dados pensando nas máquinas, para que eles possam ser encontrados, acessados, combinados e reutilizados de qualquer lugar do mundo.” 

Para operacionalizar dados de diferentes fontes também é preciso que estas sejam capazes de dialogar. “Para lidar com big data em saúde não precisamos de supercomputadores ou de enormes bancos com todos os dados brutos, mas de bases interoperacionalizáveis e onde sequências de programação (workflows), muito mais leves para circular na rede, possam recuperar os dados brutos”, explicou o holandês. “Independentemente dos sistemas empregados, é preciso definir metadados e unidades semânticas (o indivíduo, o gene, dependendo do tipo de pesquisa) únicas, persistentes e facilmente discerníveis pela máquina”

O pesquisador destacou, ainda, estamos apenas no início do processo de construção de um ambiente científico baseado nos princípios FAIR - e frisou a importância de países como o Brasil nessa discussão. “Acredito que a Open science é o caminho para diminuir a diferença na concentração de conhecimento”, avaliou. “Ainda estamos definindo conjuntamente o mínimo necessário para que tais princípios sejam adotados internacionalmente e o Brasil está em ótima posição para se tornar uma das lideranças desse processo.”

Cauda longa

O português Pedro Príncipe, por sua vez, abordou a necessidade de adotar estratégias institucionais de estímulo aos princípios FAIR e destacou outro aspecto da big data: a chamada ‘cauda longa’, formada pela enormidade de projetos de pesquisa financiados por agências e instituições sem políticas adequadas de preservação de dados, que acabam se perdendo. Em busca de soluções para o problema, o pesquisador sugeriu a produção de diagnósticos para uma melhor compreensão da forma como cada instituição lida com dados científicos e reforçou a importância de expandir e fortalecer este papel institucional, com a criação de políticas e estruturas de governança para gestão dos dados de investigação em suas diversas dimensões. 

O português também destacou a importância de sensibilizar não apenas as direções das instituições, mas também dos órgãos de fomento brasileiros para a importância do tema. Porém, reforçou que isso deve acontecer de forma concomitante a outras iniciativas dos próprios pesquisadores, como estudos piloto e o estabelecimento de fóruns de discussão contínua. “É preciso, por exemplo, considerar a necessidade de retreinar profissionais para que eles aprendam a adotar os princípios FAIR”, sugeriu. “O importante é que essa não é uma escalada solitária, devemos nos ajudar a superar os desafios para criarmos um ambiente mais aberto para todos.”

Gestão de repositórios integrados

Com o mesmo intuito de promover o acesso aberto e a ciência aberta, Tainá Assis (Ibict), José Carvalho e Raquel Truta (Universidade do Minho), realizaram o workshop Gestão de Repositórios Integrados , que apresentou as plataformas utilizadas para o compartilhamento de informações em acesso aberto por estas instituições. 

O Diretório de Políticas Editoriais das Revistas Científicas Brasileiras (Diadorim) e o Portal OASISBR foram apresentados por Tainá, que listou alguns pontos considerados essenciais para o desenvolvimento destas plataformas. Segundo Assis, as instituições precisam ter uma política interna que estimule o pesquisador a depositar seus artigos e pesquisas nos repositórios. “Para o sucesso do repositório, é imprescindível o apoio das altas instâncias da direção. É preciso ser uma prática institucional, com pesquisadores sensibilizados, que deem importância para a prática do acesso aberto”. 

Em seguida, José Carvalho deu dicas para a boa utilização do DSPACE, um software de código fonte aberto que fornece facilidades para o gerenciamento de acervo digital. Carvalho reforçou a importância da utilização de versões atualizadas do software, assim como a atualização do layout gráfico. “O sistema é simples, o pesquisador pode inserir, administrar e expor sem muito trabalho. Somente é preciso atenção no momento de cadastro. As regras básicas devem ser seguidas corretamente para que seja possível termos uma pesquisa avançada disponível na plataforma, da mesma forma, as metatags precisam ser preenchidas para que o conteúdo possa ser encontrado pelos mecanismos de busca”.

A análise das estatísticas de uso do DSPACE foi outra recomendação feita por Carvalho, que apresentou o mecanismo próprio criado pela Universidade do Minho. “O sistema se destaca por incluir indicadores de performance do repositório e algoritmos de limpeza de robots”.

Interoperabilidade

A necessidade de termos um sistema com capacidade para se comunicar com outros foi outro ponto destacado. Da mesma forma, Carvalho indicou a integração do repositório com redes sociais, plataformas de currículos como o Curriculum DeGóis e outros repositórios. “Se tivermos normas e protocolos comuns, será fácil o entendimento mútuo entre os sistemas. Por exemplo, sabemos que devemos parar no sinal vermelho porque esta é uma norma global”.
Para facilitar este tipo de serviço, a Universidade do Minho utiliza um validador capaz de verificar erros durante o registro. “Sempre que um erro é encontrado, a ferramenta envia um e-mail para o autor informando o problema. Temos que valorizar e utilizar este tipo de ferramenta, pois ela garante a qualidade dos metadados e o acesso a informação”, concluiu Raquel Truta

Links:

- OASISBR: http://oasisbr.ibict.br/vufind/
- Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia: http://www.ibict.br/ 
- Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal: https://www.rcaap.pt 
- Diretório de Políticas Editoriais das Revistas Científicas Brasileiras: http://diadorim.ibict.br/ 
- Sobre o DSPACE: http://www.ibict.br/pesquisa-desenvolvimento-tecnologico-e-inovacao/Sist...  
- Go FAIR Initiative: https://www.dtls.nl/fair-data/go-fair/ 

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