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Participantes do Curso de Elaboração de Projetos Sociocomunitários estruturam propostas


13/11/2015

Fonte: Coordenadoria de Cooperação Social da Fiocruz

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Soluções ambientais para a comunidade de Asa Branca, em Jacarepaguá, estratégias de integração de projetos sociais de cultura e educação no Morro da Providência, e oficinas para ensinar a arte da contação de histórias para crianças – O que a Fiocruz tem a ver com isso? Essas são três entre as cinco propostas em formulação pelos participantes do Curso de Elaboração de Projetos Sociocomunitários.

O curso, que tem carga horária de 144 horas, é oferecido desde agosto gratuitamente pela Fundação, sendo coordenado pela Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência. Este ano, o projeto traz um enfoque mais definitivo sobre a importância da etapa de diagnóstico para elaboração de projetos territorializados e sobre o papel dos movimentos e atores sociais locais nesse processo. O curso será encerrado no dia 10/12 com um evento alusivo ao dia Internacional de Direitos Humanos.

Gabriel Simões, analista de gestão da Diretoria de Planejamento Estratégico (Diplan), que ministrou a disciplina, avalia que a falta de participação popular, e a ausência de uma leitura atenta das realidades locais são os principais motivos pela ineficiência de projetos sociais. “Muitos gestores chegam com o projeto pronto nas comunidades, sem envolver a população, as lideranças, e, assim, diminuem-se as chances de que essas ações e benefícios tenham continuidade pelos moradores após o término de sua vigência”, elucidou Gabriel.

Conheça um pouco mais sobre o projeto, seus resultados e perspectivas através de depoimentos concedidos por lideranças comunitárias:  
 

 
Sandro da Silva Santos
, de 42 anos, eletrotécnico de formação, é morador e membro no Quilombo Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e atua como secretário na associação local. No grupo de trabalho do curso, ele apoia a construção de um projeto de capacitação socioambiental em Jacarepaguá e tem planos de, mais para frente, beneficiar a sua comunidade de origem.

Segundo ele, os serviços de gestão de água, luz, gás, e telefonia são todos feitos pelo próprio quilombo, e não conta com suporte de políticas públicas. “O poder público chega com os serviços só até um determinado ponto. Dali para dentro, são os próprios moradores que fazem reparos na parte elétrica, manutenção de estradas, entre outras coisas”, explicou.

“Já estou pensando em como construir um projeto para implantação de fossas sépticas ecológicas para o saneamento da comunidade com parcerias locais. Para isso, além das metodologias aprendidas no curso, podemos contar com a orientação dos arquitetos quilombolas, técnicos parceiros e apoio dos moradores”, disse. 
 

 
Roberto Gomes dos Santos
, 49, é um dos coordenadores do Quilombo da Gamboa, no bairro homônimo da Região Portuária da cidade do Rio de Janeiro. Ex-morador da ocupação sem-teto Quilombo das Guerreiras, ocupada em 2006, e despejada em 2013, ele também atua em parceria com atores sociais do Morro da Providência.

“Em 2010 conheci o pessoal do Grupo de Educação Popular Morro da Providência, que dava apoio ao Quilombo das Guerreiras, e tocava esse projeto que envolvia desde alfabetização de crianças até o pré-vestibular comunitário com o dinheiro do próprio bolso”, narrou Roberto, que também é licenciado em Educação no Campo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Sensibilizado pelo que identificou como uma ausência do sentimento de pertencimento dos moradores em relação às suas próprias comunidades, ele pretende ganhar conhecimento para concorrer a editais na área de cultura. “Minha ideia é montar um projeto de cultura para o Morro da Providência que integre o que já existe: a iniciativa do turismo cultural, o trabalho do Grupo de Educação Popular e o grupo de capoeira que temos lá”.
 

 
Jorge Wilson Mathias Gomes
, 56, é morador de Vila Turismo, em Manguinhos. Foi bancário por 17 anos, já trabalhou como aderecista na Beija-Flor, Mangueira, e outras escolas, e hoje é ator na Companhia Manguinhos em Cena. No curso, ele estreitou uma parceria com o dramaturgo Geraldo de Andrade, também de Manguinhos, e fundador do Grupo de Teatro Carlos Chagas.

“Nós estamos construindo um projeto para ensinar contação de histórias para crianças em Manguinhos. Acreditamos que essa também é uma forma de estimular um maior envolvimento com a leitura e o desenvolvimento do pensamento nessa fase da vida”, defendeu Jorge.

Felipe José Zoehler Brum tem 56 anos e atua há 20 na Cidade de Deus, boa parte deles, estimulando e desenvolvendo ações e parcerias para realização de projetos de economia solidária na comunidade. Trabalhou como Agente de Desenvolvimento de Economia Solidária no Banco Comunitário da Cidade de Deus, na Rede de Socioeconomia Solidária da Zona Oeste, e ajudou a criar o Fórum Municipal de Economia Solidária do Rio de Janeiro.

O projeto em construção no curso, junto com Carlos Alberto Costa Bezerra e Sandro da Silva, porém, não versa sobre os temas da economia, mas da ecologia. A ideia deles é formar um curso de capacitação de agentes socioambientais na comunidade de Asa Branca. “Serão 30 agentes fazendo um trabalho de conscientização na comunidade sobre descarte de resíduos sólidos, óleo de cozinha, reciclagem, coleta seletiva, e tudo o mais”, explicou Felipe.

Carlos Alberto, que atua em Asa Branca há 30 anos, espera que a iniciativa ajude a reduzir os níveis de poluição no Canal do Pavuninha. “Queremos que os agentes possam atuar em qualquer território, tendo uma visão ampla da preservação ambiental, mas enfocando nas demandas locais, disse.

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