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Fiocruz realiza cursos com Opas e CDC


14/12/2017

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)

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O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realizou dois cursos internacionais em novembro e dezembro, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) e com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC/EUA). Entre os dias 6 e 10 de novembro, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC/Fiocruz recebeu cerca de 25 especialistas das Américas, incluindo Bolívia, Costa Rica, Guatemala, Haiti e República Dominicana, para um curso sobre diagnóstico molecular do vírus influenza. Já nos dias 4 a 8 de dezembro aconteceu um curso sobre o sequenciamento do vírus da dengue. A iniciativa foi o primeiro passo para o estabelecimento de uma vigilância integrada para a identificação de genótipos do vírus dengue que circulam no continente americano. A capacitação reuniu cerca de 20 pesquisadores de 11 países, como Argentina, Cuba, Guatemala e Costa Rica, no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

O curso de diagnóstico laboratorial do vírus influenza teve o objetivo de capacitar profissionais para a identificação de tipos e subtipos de vírus influenza em circulação, estabelecendo relações com os padrões regionais e mundiais. A ação faz parte da rotina de vigilância do vírus, que inclui o monitoramento de cepas com potencial pandêmico e serve de instrumento para a formulação anual da vacina que será disponibilizada para a população. “O curso promoveu uma atualização sobre o panorama da influenza no mundo, com destaque para a situação atual dos diferentes países das Américas. Além da troca de informações, discutimos os protocolos da metodologia de diagnóstico molecular e realizamos, na prática, todo esse processo em laboratório”, destacou Fernando Motta, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo, que integra a rede de vigilância da OMS e atua como referência nacional junto ao Ministério da Saúde.

Já no curso de sequenciamento do vírus da dengue as atividades práticas foram acompanhadas por especialistas do CDC e coordenadas por pesquisadores do IOC/Fiocruz, do Chile e do México. “O treinamento permite que esses três países possam ajudar outros no suporte técnico de influenza, tanto para a realização de testes de detecção e diagnóstico do vírus, como nas ações de vigilância. O que fizemos ao longo do curso foi ‘treinar os treinadores’ a partir dos protocolos preconizados pelo CDC”, explicou Stephen Lindstrom, chefe da equipe de Desenvolvimento de Diagnóstico do Departamento de Virologia, Vigilância e Diagnóstico do CDC. “Os profissionais dos centros nacionais de influenza saem do treinamento com maior proficiência para a realização dos procedimentos de rotina de diagnóstico. O monitoramento do vírus influenza acontece por meio de um trabalho conjunto, o que ressalta a importância de treinamentos que fortalecem a rede”, complementou Juliana Leite, consultora internacional especialista em laboratórios da Opas.

Capacitação reuniu cerca de 20 pesquisadores de 11 países das Américas para discutir a diversidade genética do vírus dengue (foto: Divulgação)

 

Diante do desafio de conhecer a diversidade genética do vírus da dengue na região das Américas, os pesquisadores se dedicaram a uma extensa revisão da atual circulação de genótipos e linhagens do vírus no continente. A circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus dengue aumenta o risco do surgimento de casos mais graves da doença, o que reforça a necessidade de melhorias na vigilância epidemiológica. “A participação de pesquisadores de diferentes partes das Américas enriqueceu as discussões. Demos um passo importante para a estruturação de um estudo prospectivo da epidemiologia molecular do vírus na região”, destacou Ana Bispo, chefe do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz e coordenadora das atividades.

Por meio de atividades práticas realizadas no Laboratório do IOC, os participantes foram treinados a executar o sequenciamento genômico e a análise filogenética dos vírus dengue, utilizando protocolo desenvolvido pelo CDC de Porto Rico. A ideia é que os países que fazem parte da Rede de Laboratórios de Diagnóstico de Arbovírus (Relda), coordenada pela Opas, passem a adotar o protocolo.

O Laboratório de Flavivírus foi pioneiro no isolamento de genótipos do vírus dengue desde a década de 1980. Em 2011, a equipe foi responsável pela identificação do vírus dengue tipo 4 (DENV-4) em amostras de pacientes do Estado do Rio de Janeiro – a primeira detecção desse sorotipo na Região Sudeste do país. Os casos foram confirmados pelas técnicas de sorologia e de diagnóstico molecular (RT-PCR), além do sequenciamento parcial do genoma viral.

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