O ano de 2020 começou diferente, com uma série de restrições em todo o mundo por conta do novo coronavírus (Sars-Cov2, causador da Covid-19). Com a pandemia instaurada e novidades frequentes, a doença logo tomou conta dos noticiários, que trazem a cobertura diária de suas complexidades para o público. Designada referência para a Organização Mundial da Saúde (OMS) em Covid-19 nas Américas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem atuando em várias frentes, sendo um dos principais centros de produção de conhecimentos sobre a doença, e desenvolvendo estratégias integradas com o Ministério da Saúde (MS) para a promoção da saúde e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Unidade de atenção, ensino e pesquisa, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), através do seu Núcleo de Comunicação, trabalha com o objetivo de transmitir informações seguras e de qualidade sobre a Covid-19, como pela produção de materiais informativos [1] sobre amamentação, gestantes, doadores de sangue, crianças com condições crônicas e microcefalia, entre outros. “Os materiais gráficos são facilitadores, pois funcionam como um complemento visual e viabilizam uma comunicação efetiva a leigos e especialistas”, explica a designer do IFF/Fiocruz, Fernanda Canalonga.
Esses materiais, junto de muitos outros, estão disponíveis no Portal Fiocruz [3]
A busca de informações confiáveis se faz necessária, ainda mais neste momento de tensão, portanto, o Núcleo de Comunicação do Instituto vem fazendo entrevistas com os profissionais de saúde do IFF/Fiocruz [4], em que orientações sobre saúde mental e alimentação, por exemplo, são compartilhadas para reforçar as medidas de prevenção. Nesse contexto, conteúdos audiovisuais [5] também vêm sendo produzidos para frisar as recomendações, valorizar os trabalhadores, principalmente os que estão na linha de frente, e deixar uma mensagem de esperança para a sociedade. Para ampliar o acesso à informação a respeito do novo coronavírus, além de reiterar a comunicação como fundamental para o direito à saúde, os vídeos contam com a tradução na Língua Brasileira de Sinais (libras), com apoio do Projeto Empregabilidade Social da Pessoa Surda e do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz.
A relação direta com os profissionais é essencial, por isso, a responsável pela comunicação interna do Núcleo de Comunicação do Instituto, Suely Amarante, comenta sobre a importância de as ações serem exercidas de forma transparente e eficiente, utilizando ferramentas para atingir e integrar os trabalhadores do IFF/Fiocruz. “Preocupado com a saúde dos seus trabalhadores e com a propagação da doença, o Instituto intensificou a comunicação interna. Além dos veículos já existentes, foi criada uma nova ferramenta chamada Informe IFF a fim de manter o público interno totalmente envolvido com os acontecimentos. A Direção também tem realizado encontros semanais com os trabalhadores e enviado regularmente comunicados com o objetivo de esclarecer as mudanças acerca do atual cenário. Essa iniciativa agrega segurança, transparência e o caminho que está sendo traçado pelo IFF/Fiocruz frente à pandemia”.
Grande aliado na disseminação de conhecimento para a organização dos serviços e melhoria da prática clínica, o Portal de Boas Práticas do IFF/Fiocruz [6] vem recebendo um aumento significativo nos acessos e caminha para a marca de um milhão de visitantes. A partir do impacto da pandemia, além da sistematização de conteúdo para facilitar o acesso ao conhecimento neste período de grande volume de informações, o Portal priorizou também a realização de encontros on-line com especialistas - alguns com quase 2.000 participantes - voltados especificamente à orientação dos serviços de saúde para a prevenção e controle da Covid-19. “Além de ser um potencial instrumento reconhecido por profissionais e gestores do Ministério da Saúde (MS), instituições acadêmicas, secretarias municipais e estaduais e profissionais da saúde, ele exerce função estratégica de disseminação de conhecimento em âmbito nacional, levando as melhores evidências de uma forma sistematizada”, enfatiza a coordenadora de ações nacionais e de cooperação do IFF/Fiocruz e uma das coordenadoras do projeto, Maria Auxiliadora Gomes.
Referência na assistência, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, o Instituto tem como atribuição assessorar o Ministério da Saúde em âmbito nacional na tarefa de desenvolver, coordenar e avaliar as ações integradas, direcionadas à área da saúde da mulher, da criança e do adolescente. Sendo assim, os veículos de imprensa entram em contato diariamente com a unidade para abordar a temática da Covid-19. “A pandemia reivindicou a informação como um dos ativos mais necessários, e isso se reflete no trabalho das assessorias de imprensa da Fiocruz. Com um aumento considerável nas solicitações de informações e de especialistas qualificados como porta-vozes [7], estamos nos adaptando aos novos desafios, como o trabalho remoto – por exemplo. Agora usamos a opção de que nossas fontes gravem seus próprios vídeos respondendo às perguntas da mídia ou concedam entrevistas on-line. Tudo isso requer uma boa comunicação da assessoria com as fontes que, além de seu compromisso com a saúde dos usuários, também estão comprometidos em manter a população informada”, conta a assessora de imprensa do IFF/Fiocruz, Mayra Malavé Malavé.
O combate às fake news e a força das redes sociais
Conforme declarado pela OMS [8], "o surto de Covid-19 e a resposta a ele têm sido acompanhados por uma enorme infodemia: um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus”. Portanto, reforçam que “o acesso às informações certas no tempo certo e no formato certo é essencial!”.
Neste momento em que circulam muitas notícias falsas (fake news), a Fiocruz, ciente de seu papel estratégico na atual conjuntura de enfrentamento da Covid-19 e tendo como base as experiências anteriores do surto da febre amarela e a epidemia de zika vírus, promoveu em fevereiro, antes da OMS decretar pandemia mundial, uma oficina sobre o novo coronavírus para jornalistas de diversos veículos de comunicação. Segundo levantamento realizado, devido a Fundação estar sempre na mídia, por meio de matérias sobre estudos e iniciativas e entrevistas com pesquisadores, os porta-vozes nestes tempos de crise, a presença da Fiocruz na imprensa saltou 448% em março, alavancada pela cobertura do coronavírus.
Com a finalidade de incentivar a prática de informações corretas, o Eu Fiscalizo tem um papel crucial. Lançado em fevereiro, o aplicativo é fruto de um projeto de pós-doutoramento da pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Claudia Galhardi, supervisionado pela pesquisadora Cecília Minayo, e possibilita que usuários notifiquem conteúdos impróprios em veículos de comunicação, mídias sociais e WhatsApp, exercendo, assim, sua cidadania e o direito à comunicação e entretenimento de qualidade. Em recente estudo, as pesquisadoras analisaram denúncias e notícias falsas sobre o novo coronavírus no Brasil, recebidas pelo aplicativo entre 17 de março e 10 de abril, e os dados revelam que as mídias sociais mais utilizadas para disseminação foram o Instagram (10,5%), o Facebook (15,8%) e 73,7% circularam pelo WhatsApp, sendo que, nesse último, 71,4% das mensagens citam a Fiocruz como fonte de textos, com medidas de proteção e combate à doença.
Muito engajada nas redes sociais, com atualizações frequentes a respeito da Covid-19 e forte interação com o público, a Fiocruz vem ganhando uma legião de seguidores (dados coletados em 8/6/2020): no Instagram [9], eram 62 mil em março, passando para 164 mil em junho; no Twitter [10], foi de 14 mil para 72 mil; mas o boom mesmo aconteceu no Facebook [11], em que passou de 146 mil para 852 mil seguidores. Um vídeo sobre a importância da higienização das mãos [12] – uma das recomendações do Ministério da Saúde no combate ao coronavírus –, idealizado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do IFF/Fiocruz e produzido pelo Núcleo de Comunicação do Instituto, teve mais de 284 mil visualizações no Facebook da Fundação, que lançou há algumas semanas o Agência Fiocruz de Notícias (AFN) Acessibilidade. Os vídeos semanais reúnem as principais notícias traduzidas para as libras, com áudio e legendas em português, e são publicados nas redes sociais e no canal da Fiocruz no YouTube.
Seguindo o mesmo ritmo, as redes sociais do IFF/Fiocruz, iniciadas em fevereiro de 2019, também vêm crescendo diariamente, com um público bastante engajado. As mídias fazem parte do projeto intitulado "Da dor à ação: explorando narrativas para construção de uma comunicação em aplicativos e redes", da pesquisadora da Fiocruz Claudia Jurberg, que realiza o trabalho com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj [13]) e em parceria com o Núcleo de Comunicação do Instituto. Com um trabalho 100% orgânico, o Facebook do IFF/Fiocruz [14] passou de 1.850 seguidores, em março, para 2.400, em junho. O Instagram [15]já passou de 3.300 seguidores, tendo publicações com alcance entre 1.500 e 2.000 pessoas, como a que alerta para a importância do isolamento social - tema do primeiro CoronaFatos, podcast semanal do Canal Saúde, outra iniciativa da Fiocruz para difundir informação de qualidade no enfrentamento da pandemia.
Sobre a importância do trabalho que vem sendo realizado, a coordenadora de Comunicação Social da Fiocruz, Elisa Andries, ressalta. “A Fiocruz está na mídia de maneira expressiva. Nas redes sociais, por exemplo, alguns posts publicados no Facebook chegaram a alcançar 15 milhões de pessoas. A população confia na Fiocruz e neste momento é importante produzir materiais informativos para que a população saiba como se proteger da doença, além de mostrar o trabalho que vem sendo desenvolvido na instituição para o combate à pandemia, que vai desde a produção de testes PCR até a realização de pesquisas, como o Solidarity, da OMS, que tem o objetivo de gerar evidências científicas para o tratamento da Covid-19, e a construção de um complexo hospitalar em menos de dois meses para doentes graves”.
Já o diretor do IFF/Fiocruz, Fábio Russomano, completa. "A comunicação é uma importante ferramenta de disseminação de informações para usuários e trabalhadores. A manutenção de canais permanentes de diálogo dá transparência e permite o envolvimento de todos nas respostas aos desafios impostos no enfrentamento da pandemia pela Covid-19".