19/09/2023
Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) participou da segunda edição do Mutirão PopRuaJud, promovido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região para levar direitos a pessoas em situação de rua. O evento ocorreu na área externa da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, no Centro da cidade, de 12 a 14 de setembro. Aproximadamente 60 órgãos e entidades integraram a mobilização, com oferta de serviços de saúde, acesso à justiça, emissão de documentos, inclusão produtiva e assistência social, entre outros.
Diagnóstico para hepatites B e C, sífilis e hanseníase foi oferecido no evento (foto: Gutemberg Brito)
Cerca de 30 profissionais do IOC/Fiocruz participaram do mutirão, incluindo equipes do Ambulatório e do Laboratório de Hepatites Virais, do Ambulatório Souza Araújo, especializado em hanseníase, e da Assessoria de Promoção da Saúde e Cooperação Social. Em três dias, cerca de 250 pessoas foram atendidas e realizados 750 testes rápidos para infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).
Profissionais do Ambulatório e do Laboratório de Hepatites Virais, do Ambulatório Souza Araújo e da Assessoria de Promoção da Saúde e Cooperação Social, ligada à Vice-Diretoria de Desenvolvimento Institucional e Gestão do IOC, participaram da mobilização (foto: Gutemberg Brito)
“Não poderíamos deixar de estar aqui, exercendo nossa vocação, que é lutar pela saúde pública e por um SUS [Sistema Único de Saúde] amplo. A saúde é um direito de todos”, afirmou a diretora adjunta do IOC/Fiocruz, Wania Santiago, responsável pela vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão.
“Nós [da Justiça Federal] organizamos o mutirão, mas ele só funciona porque temos muitas parcerias. O judiciário só vai ser efetivo no momento em que as pessoas que mais precisarem tiverem seus direitos garantidos. O objetivo desse evento é promover o acesso à cidadania”, declarou a juíza federal, Ana Carolina Vieira de Carvalho, coordenadora do PopRuaJud.
Atendimento especializado
Durante a atividade foram ofertados testes rápidos para diagnóstico de sífilis e hepatites B e C e avaliação clínica para diagnóstico de hanseníase e outras doenças dermatológicas.
Cerca de 750 testes rápidos, feitos com a coleta de gotas de sangue, foram aplicados (foto: Gutemberg Brito)
Para garantir a privacidade dos pacientes, o resultado dos exames de IST’s foi entregue em consulta individual numa sala no interior da catedral. No mesmo local, foi oferecido o tratamento imediato da sífilis, feito com antibiótico. Também foi realizada coleta de sangue nos casos positivos para hepatite B ou C, uma vez que o resultado do teste rápido deve ser confirmado por avaliação laboratorial para início da terapia.
Para entrega dos resultados finais e oferta de tratamento adequado, foi estabelecida parceria com o programa Consultório na Rua, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, que atende pessoas em situação de rua com equipes multiprofissionais e facilita o acesso dessa população às unidades de saúde.
Médicos orientaram pacientes em consulta individual (foto: Gutemberg Brito)
A médica e pesquisadora Lia Lewis, chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC/Fiocruz, ressaltou a importância do mutirão para facilitar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento das hepatites e da sífilis. “As pessoas em situação de rua não possuem acesso fácil a esses exames. Foi muito oportuno estarmos aqui. O tratamento da sífilis e das hepatites está disponível gratuitamente no SUS. Promover o acesso dessa população à saúde é o principal”, afirmou Lia.
A auxiliar de gestão do Ambulatório Souza Araújo, Cristiane Domingues, ressaltou a oportunidade para diagnosticar uma doença silenciosa, que pode causar sérias sequelas aos pacientes. “Tivemos uma grande demanda de atendimentos e identificamos casos suspeitos de hanseníase. Essa busca ativa é importante porque as manchas típicas da doença podem passar desapercebidas. É uma doença muito silenciosa e o diagnóstico precoce é fundamental para evitar quadros graves”, disse Cristiane.
Enfermeira e médica realizaram avaliação clínica para diagnosticar hanseníase (foto: Gutemberg Brito)
Pessoas atendidas pelas equipes do IOC/Fiocruz avaliaram positivamente a oferta dos serviços no mutirão. “A população de rua, em vulnerabilidade, não tem condição de pagar um médico e, muitas vezes, o médico não vai atender na rua”, disse Karen Cristina da Silva, que, além de procurar serviços de saúde, levou seus cachorros para vacinação no evento.
“Achei muito bom ter esses testes aqui”, comentou Eduardo Ourives, de 43 anos.