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Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente realizou bate-papo com cientistas


03/09/2020

Simone Kabarite

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A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) realizou, no dia 1° de setembro, um debate on-line sobre gênero e ciência. A live foi a oportunidade para conhecer histórias de pesquisadoras e divulgar a primeira edição do prêmio Menina Hoje, Cientista Amanhã, voltado para projetos desenvolvidos por professoras e estudantes do gênero feminino, que passa a ser permanente dentro da Obsma. As inscrições para a 10 Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente estão abertas até o dia 13 de dezembro (veja como participar).

O bate-papo foi conduzido pela jornalista da Olimpíada Valentina Leite, teve mediação da pesquisadora Rita Bacuri (coordenadora da regional Norte da Obsma) e participação de convidadas especiais que dividiram suas experiências e projetos no segmento da ciência: a neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e indicada ao Nature Research Award de 2019, Natalia Mota, e a colunista do MIT Technology Review Brasil e podcaster do Ogunhê, Nina da Hora. Para falar sobre a cientista Bertha Lutz, homenageada da primeira edição do prêmio, a Obsma recebeu a bióloga, historiadora da ciência e pesquisadora titular da Fiocruz, Magali Romero Sá.

Na abertura, Rita Bacuri afirmou que o prêmio tem o objetivo de impulsionar a participação de alunas da educação básica e ser a porta de entrada para o mundo científico. “É como se imaginássemos um rio, onde a menina está em uma margem e a Berta Lutz em outra. O prêmio é a ponte que leva essa aluna ao outro lado, como cientista”, revelou.

Magali Romero falou sobre a trajetória pioneira da cientista Bertha Luz, nascida em 1894, filha do conceituado pesquisador suiço Adolph Lutz. Segundo ela, sua mãe, Amy Fowler, era considerada uma mulher avançada para a época, e teve uma forte influência na vida de Bertha, que despertou para a luta pela emancipação feminina ainda quando estudava história natural na Europa. De volta ao Brasil, Bertha passou a ocupar espaços, que antes eram exclusivos aos homens.

Bertha atuava como pesquisadora e, paralelamente, participava de congressos internacionais como representante do país, levando a voz da mulher do Brasil para fora. Foi deputada federal e uma das líderes da campanha pelo voto feminino. “Ela atuava nas duas áreas, era muito combativa e firme nos seus propósitos. Lutou pela educação, pelos direitos das mulheres. Ela foi a responsável, por exemplo, pelo Colégio Pedro II começar a aceitar meninas”, contou.

O desejo de ser cientista surgiu desde muita pequena para Natalia Mota. “Na verdade, as cientistas criam algo e contam as histórias tentando chegar perto da verdade. E isso já me fascinava muito. Quando entrei na faculdade de medicina, logo procurei o laboratório. Eu me sentia em um parque de diversões. Com o tempo, fui percebendo que tinha outra forma de contribuir, sem ser com o cuidado tradicional da profissão de médica".

“Ciência é pra quem tem curiosidade”

A neurocientista conta que fez uso de muitas ferramentas tecnológicas nas pesquisas. “Atualmente, a gente tem muita informação produtiva pra utilizar com a sensação de que está brincando, que é como eu ainda me sinto hoje”, afirmou. Sobre o conselho para jovens interessadas em ingressar na carreira, Natalia destacou: “Persistência, teimosia no sentido mais positivo da palavra. Às vezes pode parecer que você está sozinha, mas não está. Chame para uma conversa alguém que já passou por isso. Eu mesma sou super disponível. Ciência é pra quem tem curiosidade e vontade”.   

A estudante Nina da Hora contou como começou a usar as redes sociais para fazer divulgação científica e se aproximar de jovens mulheres interessadas no assunto. Tornar os temas sobre ciência da computação, curso realizado por ela na PUC, mais acessíveis, foi um dos motivos que a impulsionou a criar conteúdos científicos para a internet. Além disso, segundo ela, há um grande desconhecimento sobre o que é realizado no Brasil, bem como sobre pesquisadores negros e os vários campos de trabalho que a ciência abrange. “Quando falava que queria fazer robô, minha mãe e a minha avó não entendiam bem do que se tratava. Foi, então, que comecei a ampliar a divulgação também para os idosos”, contou.

O podcast Ogunhê foi criado por Nina para divulgar histórias de cientistas negros, pouco conhecidas pelo grande público. “Muitos professores de história vêm entrando em contato para perguntar se podem usar o material para aulas durante a pandemia. Se esse projeto puder ser disseminado para outras jovens mulheres negras que estão em dúvida por não se sentirem representadas na área, eu vou ficar muito feliz. É importante que a geração que está vindo tenha referências”, contou.

Para fechar a live, a Vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC), Cristiani Vieira Machado, falou sobre a importância das estratégias de apoio para jovens ingressarem no mundo científico e como a Olimpíada cumpre esse papel. “É muito emocionante ver jovens de todo o país apresentando seus projetos e suas reflexões durante a Olimpíada”, destacou.

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